Capítulo 63 - Camila

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Eu fiquei um bom tempo dentro do quarto depois que os dois saíram, minha mente não conseguia evitar pensar o pior, só conseguia lembrar de Vitinho machucado, cortado e sangrando, Miguel irado comigo me atacando, voltar para o meio do crime só poderia trazer essas coisas de volta para nossas vidas.

Me levantei querendo esquecer esses pensamentos e começar meu dia, abri as portas do closet procurando uma roupa e então meus olhos avistaram uma das malas no canto.

Queria fazer o que disse a eles, pegar as malas, nossos filhos e Juninho e sair da cidade, mas eu não podia, tinha que dar um voto de confiança de que eles fariam o certo, de que escolheriam o melhor para nossa família.

Tirei minha camisola e vi minha cicatriz onde tinha sido baleada, tinha se passado tanto tempo que as vezes parecia ter sido em outra vida, mas aquilo era mais um lembrete de como as coisas podiam ficar feias.

Miguel tinha mantido as armas guardadas por muito tempo, as deixando longe do alcance de qualquer pessoa, ele tinha colocado duas delas no cofre, mas eu sabia que ele as tinha pegado hoje de manhã antes de sair com Vitinho e a maldita bolsa com dinheiro.

— Ursinha! — Juninho gritou atrás de mim, me trazendo de volta a realidade. — Quero comer.

Eu sorri antes de colocar a legging e uma camiseta, estava frio, mas eu planejava ficar apenas dentro de casa com os pequenos não ia sair nem tão cedo, não enquanto essa situação não tivesse sido resolvida.

Foi só o tempo de colocar o café da manhã de Juninho, para que o choro dos outros invadisse a casa. Até mesmo acordar os dois faziam juntos.

— Oi meus amores, acordaram com a corda toda, não foi? — falei usando uma voz infantil, enquanto já pegava as fraudas para trocar. — A chuvinha da noite deixou vocês preguiçosos?

Plantei um beijo na cabecinha dos dois antes de trocar as fraudas e levá-los para a cozinha. Ouvi um barulho na porta que me deixou em alerta, eu estava com João Pedro nos braços amamentando enquanto a irmã estava na cadeira alta, batendo as mãozinhas no batente e gritando.

Me levantei rapidamente, coloquei meu menino na cadeirinha ao lado da irmã e me virei para pegar uma faca, a maior que tinha na casa., antes de ir até a sala.

Sabia que Tia Nalva tinha a chave e esse geralmente era o horário que ela chegava, mas de agora em diante eu ia me proteger como pudesse. O rosto dela apareceu no instante em que a porta se abriu e eu respirei aliviada, mas fui até ela, querendo dar uma olhada na rua.

— Filha? O que é isso na sua mão? — ela questionou atrás de mim, mas eu estava olhando para os dois lados da rua.

Estava tudo na paz de sempre, uma das vizinhas passou arrastando um carrinho de bebê e o senhor de sempre passou com seu cachorro. Eu acenei sorrindo para o senhorzinho, mas então meus olhos focaram em um homem que eu não conhecia, não era da vizinhança.

Com toda certeza eu teria notado um homem com tantas tatuagens, tomando os braços e até mesmo na lateral da cabeça.

— Tia, sabe quem é aquele homem? — perguntei e no mesmo instante ela estava ao meu lado na porta tentando ver o homem.

— Não, ele apareceu aqui hoje de manhã. Quando Bi saiu pra trabalhar ele estava ali na esquina, ela até ficou falando como o homem é um gostoso. — minha tia acenou com a mão e sorriu para o homem que balançou a cabeça em retorno e abriu um sorriso pra ela. — É, o homem é um gato mesmo.

Tia Nalva entrou ja falando com os meninos, mas eu fiquei com a pulga atrás da orelha, sabia que não podia atacar ninguém, só que não ia deixar algum estranho zanzando por ali sem fazer nada.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jul 27, 2023 ⏰

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