Capítulo 37 - Miguel

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Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo, Camila me falava o que tinha acontecido ontem, como ela tinha acabado com todos aqueles machucados e meu sangue fervia. Raiva líquida corria em minhas veias, raiva por ela ter mentido, por não ter confiado em mim, não ter confiado que eu podia manter ela segura.

— Tem ideia do que eu devia ter feito por terem tocado em você? Quanto mais te machucado daquele jeito! — não queria gritar, mas já estava gritando há muito tempo. — Porra Camila, que ideia inventar aquela mentira. Achou que tava protegendo quem deixando eles a solta?

— Eu já disse, eles juraram que matariam o Juninho...

— Eles não matariam ele, só falaram isso pra assustar você! Os dois deveriam estar com uma faca cravada na cabeça a essa hora, jogados no rio pra servir de exemplo pra qualquer outro.

Os olhos dela se arregalaram, indo da revolta para o espanto. Depois do que tinha visto o que eu falasse era o de menos, não tinha como não ficar assustada depois de toda essa merda que estava acontecendo aqui.

— Claro! Mas quando apontaram uma arma pra mim e pro Juninho também foi só pra me assustar? Vai dizer que não tinham a intensão de nos matar se Bruno não tivesse aparecido?

Travei no lugar com aquelas palavras. Arma apontada pra ela? E pro Juninho? Eu já matar alguém, com toda certeza ia acabar com aqueles desgraçados aos pouquinhos, arrancar as tripas deles.

— Como Bruno não me contou? Eu vou quebrar a cara dele por isso, ele não devia ter escondido isso de mim! — soquei a mesa com mais raiva, parece que eu tava cercado de gente escondendo coisas de mim.

— Provavelmente estava querendo evitar que começasse uma guerra. Nenhum de nós sabia que isso ia acontecer. — os ombros encolhidos me mostravam que ela estava arrependida, ou só triste.

Mas não tínhamos tempo pra isso, Vitinho estava desaparecido e eu precisava descobrir quem era o filho da puta que estava por trás de tudo isso, quem tinha capturado o meu irmão e estava matando meus homens que não se venderam. Precisava encontrá-lo so assim já salvar Vitor.

— Vou falar com Bruno, quero vocês duas trancadas dentro dessa casa. — me virei pra sair, mas Camila esticou a mão me parando.

A expressão dela me quebrava, dava pra ver que tudo o que a ursinha não queria era ficar longe de mim. Se pudesse eu a seguraria e a levaria pro quarto, ia finalmente cumprir a ameaça de amarrá-la na cama e foder gostoso, acabando com nossa raiva e frustração. Mas eu precisava me afastar dela, respirar um pouco e o mais importante, encontrar os dois desgraçados que colocaram a mão nela.

— Não podemos ficar aqui sozinhas e sem proteção, precisamos de uma arma pelo menos. — foi Bianca que falou interrompendo nosso contato.

— Sabe atirar pelo menos? — pra mim não era um problema dar uma arma carregada na mão delas, desde que elas soubessem se defender com elas.

— Meu irmão me ensinou, me dá a arma que não deixo ninguém entrar aqui. — ela garantiu estendendo a mão, surpreendendo não só eu, como Camila também.

Peguei uma arma das que eu mantinha guardada dentro de casa e entreguei pra ela. Bianca destravou engatando a bala, me mostrando que sabia o que fazer. Ao menos aquilo não era mentira.

— Se alguma coisa aparecer me falem, liguem pra mim. E chega de mentir pra mim! — rosnei a última parte para as duas. Só de lembrar da mentira idiota que elas inventaram meu sangue fervia, duas malucas juntas dava nisso.

Já tinha dado ordens de encontrarem Zé ou Galeto e me trazer com vida, ia arrancar deles a verdade na base da faca. Estava no portão quando Camila passou por mim parando na minha frente.

— Não fica com raiva de mim. — a garota jogou as mãos em volta do meu pescoço e plantou um selinho na minha boca. — Juro que não menti por mal.

Envolvi as mãos em sua cintura e puxei seu corpo contra o meu, se nada daquilo estivesse acontecendo eu queria tá com ela naquela cama e esquecer da merda desse mundo.

— Não sei o que é maior agora, raiva de tu não ter confiado em mim ou medo do que ia acontecer contigo se Bianca não tivesse chegado.

Grudei nossas bocas, deslizando a língua sobre a dela e apertando a bunda gostosa, tomando cuidado pra não apertar as costas machucada. Era quase um beijo de despedida, não sabia o que poderia acontecer comigo nesse tempo que ficasse longe.

— Estou perdoada então?

— Vai tá logo logo, entra logo em casa e tranca essa porta. — dei um tapa na bunda dela, mandando ela pra dentro de casa.

— Volta pra mim. — ela gritou antes de fechar a porta. — Inteiro viu!

Sorri sabendo que ali acabava minha paz. Olhei para os homens que tavam ali prontos pra ação, detestava ter que sujar minhas mãos desde jeito, mas Ia fazer o que fosse necessário pra trazer Vitinho de volta.

— Encontraram o Zé na favela aqui do lado patrão. Já tão trazendo ele pra cá.

— Finalmente, quero botar as mãos naquele infeliz, manda levar lá pro barracão.

Segui com eles pro antigo barracão, um lugar caindo os pedaços e que usávamos pra fazer esse tipo de coisa, passar corretivo, torturar, apagar alguém. O chão de barro ajudava a camuflar o sangue e o lugar sendo longe de tudo deixava que a gente fizesse a pessoa gritar muito, sem incomodar ninguém.

Tava ordenando que fossem atrás das pessoas que moram perto da rua onde tava o celular do Vitinho, com sorte alguém tinha visto alguma coisa.

— Tira a mão porra, desencosta! — ouvi a voz do merdinha que eu tava louco pra por as mãos.

— Entra aí muleque e cala a boca.

Com um chute jogaram o corpo dele pra dentro do galpão e ele tropeçou quase caiu de cara no chão. Assim que viu o rosto ficou ainda mais branco, os olhos arregalados de medo, ele devia ter imaginado que não seria bom ser pego depois do que fez.

— Feliz em me ver, Zé? — puxei uma cadeira de plástico colocando na frente dele. — Senta aqui, vamo bater um papo.

— Nem precisa começar, já sei que a vadia abriu a boca...

Meu punho voou na cara dele, acertei o rosto do garoto com tanta força que a cabeça dele foi jogada pra trás e quando voltou pro lugar o nariz escorria sangue.

— Tem que lavar sua boca pra falar da minha mulher seu merda! — acertei outro soco, ouvindo ele gemer com a dor quando meu punho acertou no nariz quebrado. — Soube que gostou de bater nela, mas tenho que te dizer, não vai se comparar ao tanto que eu vou gostar de te quebrar aos poucos.

Segurei na nuca dele com uma força ferrenha e o joguei contra a cadeira, tava na hora de começar o interrogatório.

Os Chefes do MorroWhere stories live. Discover now