Capítulo 52

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Depois de quase seis dias enfiado naquele hospital, preso naquela cama, eles me mandaram para casa com uma lista de coisas que eu deveria fazer, de como deveria me comportar nesses primeiros dias em casa.

Pro inferno que eu ia me importar com isso, não tava nem ai pra tudo que aqueles médicos falaram, só queria estar em paz dentro da minha casa com minha família.

- Anda, quem disse que você pode ficar deitado assim, do jeito que você quer? - aparentemente eu não tinha vontade própria, não importava o que eu queria, Camila estava determinada a me fazer seguir as ordens do médico.

- Você é um amor sabia? - dei meu melhor sorriso, querendo vencê-la, mas a ursinha só semicerrou os olhos e enfiou outro travesseiro em baixo do meu tronco, me deixando na posição que o médico mandou.

- Não adianta sorrir pra mim, não vai conseguir me comprar com isso. Vamos seguir certinho tudo o que o doutor falou. - segurei os braços dela e a puxei para a cama comigo. - Miguel! Está querendo se matar?

- Sei de formas mais prazerosas que você pode me matar. - enfiei os dedos nos cachos dela, puxando seu rosto para perto do meu até que nossos lábios se encontrassem.

- Miguel, você não pode... - a calei com um beijo, enfiando minha língua a procura da sua com possessão. Eu senti falta dela, senti falta daquela boquinha, mesmo que tenha ido me ver todos os dias no hospital. - Vai acabar se machucando.

- Só vai me machucar se me fizer implorar por um beijo. - segurei sua nuca com firmeza impedindo que ela fosse a qualquer outro lugar.

- Deixa de besteira, eu te beijei no hospital.

- Não estou falando de um beijinho de pena, quero um beijo de verdade, com tesão. - mordi seu lábio inferior e ela arfou, segurando minhas mãos. - Um beijo de verdade.

Tomei sua boca me sentindo faminto, meu ombro reclamava com um pouco de dor, mas meu desejo por ela era maior, queria me afundar dentro dela até esquecer o mundo a nossa volta, até que estivéssemos suados e exaustos.

- Miguel, não... não podemos... - ela tentou falar enquanto não parava de beijá-la.

Camila gemeu enquanto nossas bocas se devoravam com pura fome, não poder ficar sozinho com ela naquele hospital dificultava muito minha vida, e levando em conta os dias que ficamos longe eu agora tinha uma ereção dolorida, desesperada para entrar nela.

- Podemos sim! Porra eu estou maluco precisando de você! - coloquei meu braço bom em torno da sua cintura e a puxei para meu colo.

Meu peito reclamou com os movimentos, mas eu quase podia sentir seu calor contra a minha ereção.

- Meu Deus, vocês não perdem tempo! - Vitor gritou entrando no quarto e Camila aproveitou meu momento de distração e correu do meu colo. - Vamos tentar não mandá-lo para o hospital hoje de novo.

- Seu irmão é impossível. - ela falou sorrindo pra mim, mas antes que ela pudesse falar mais alguma coisa o choro de Juninho chegou até nós. - Eu vou ver o que ele tem.

- Ele continua tendo pesadelos?

- Na verdade estão piorando, depois de tudo o que aconteceu eu achei melhor levar ele a um psicólogo, então eu levei ele no começo da semana, lá no hospital mesmo, acho que tudo o que aconteceu foi muito pra cabecinha dele. - Camila explicou antes de correr pra fora do quarto.

A verdade é que fazia muito tempo que Juninho vinha tendo esses pesadelos, tanto que eu nem me lembrava mais quando começou, não sei o que poderia ter causado isso pra começo de conversa, mas agora sobravam motivos.

- Como estão as coisas por aqui? Me coloca a par de tudo. - perguntei me virando para Vitor.

Ficar trancafiado naquele lugar também me tirava a noção da vida aqui fora, Vitor não tinha me contado nada nos últimos dias e quando eu dizia que queria saber de tudo, incluía também saber como estavam as coisas no morro.

Minha curiosidade em saber se Bruno já tinha tomado o poder, se todos aceitaram tranquilos e como os que eram nossos aliados estavam agora, se já tinham conseguido um lugar seguro.

Também tinha pedido pra Vitinho contratar uma empresa e instalar câmeras e alarmes nas duas casa, nem fodendo iria deixar minha família desprotegida de novo, ainda mais agora que havia mais uma criança na lista.

- Ouvi de algumas pessoas do morro que Bruno está lutando para ser aceito, as amigas de Bianca disseram que estão especulando no morro se você morreu ou só fugiu. Mas seja qual for a resposta, pra eles é como se estivessem sozinhos contra aquele filho da puta.

- Então o desgraçado conseguiu mesmo o que queria quando nos mandou sair rápido de lá. - sacudi a cabeça ainda inconformado em como fui um idiota por todos esses anos. - Ainda não consigo entender o porque aquele desgraçado me pegou sozinho se disse que papai devia dois filhos a ele.

- Nem me fale, eu não consigo deixar de pensar nisso, no que ele deve estar planejando, em qual será o próximo passo do desgraçado. Tem sido até difícil dormir em paz, mesmo com toda essa parafernália de segurança.

Era bom saber que eu não era o único com aqueles pensamentos, não estava paranoico, Bruno estava armando alguma coisa para mexer com a nossa família. Mas sem uma pista ou uma ideia do que poderia ser, não tinha como fazer nada, só podíamos nos proteger e fazer o melhor para termos uma vida normal.

- Juninho e Camila são as nossas prioridades. - avisei caso nós dois ainda não estivéssemos na mesma página. - Não podemos deixar que nada aconteça a eles.

Depois daquela conversa tensa conversamos o resto da manhã sobre o bebê, nossa ursinha tinha marcado já uma consulta com a ginecologista e eu estava ansioso para saber como o bebê estava. Assim como os planos de montar o quarto dele ali na casa, dona Nalva já tinha repetido o quanto queria paparicar o bebê, e ela não era a única, a criança ia ser tão mimada quanto Juninho.

De tarde eu consegui um passeio no quintal enquanto todos estavam ali, Camila brincava com o pequeno e eu não conseguia evitar de pensar que logo seria com o nosso filho também.

Quando o sol começou a esquentar muito Camila deu um banho em Juninho e o colocou na cama, logo todos os outros tinham sumido se ocupando em alguma coisa.

- Que tal um banho? - Camila perguntou se apoiando na cadeira que eu estava sentado.

- Se a enfermeira for entrar comigo no chuveiro. - agarrei a cintura dela, puxando seu corpo para o meu colo, louco para tomar um banho com ela.

- Você não pode fazer esforço, lembre-se. - ela me ajudou a levantar antes de entrarmos.

- Se for boazinha eu não vou precisar fazer esforço. - mordisquei sua orelha e segurei sua bunda com firmeza enquanto atravessávamos o corredor.

Mas ela parou em frente a porta de Juninho dando uma olhada nele, abri mais um pouco a porta quando vi ele se mexendo rapidamente na cama, sacudindo como se estivesse tendo um sonho ruim.

Me afastei de Camila entrando mais no quarto cheio de brinquedos por todo o lugar e me aproximei da cama devagar. Sempre soube dos pesadelos quando ele acordava falando ou pelo choro, nunca tinha chegado antes disso.

- Juninho? - ela colocou uma mão em seus cabelos, acariciando e tentando fazê-lo acordar. - Meu amor acorda.

Ele começou a chorar balbuciando coisas que eu não entendia, segurei os braços dele e dei uma leve sacudida, querendo que ele acordasse de uma vez.

- Miguel... Miguel... - arregalei os olhos olhando para Camila que agora parecia tão interessada no sonho quanto eu. - Não Buno... não...

- Bruno? Ele está com medo do desgraçado? E chorando por mim? - ele não tinha visto Bruno atirando em mim, só tinha chegado quando eu já estava sangrando. - O que aquele pedaço de merda fez com meu irmão?

Os Chefes do MorroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora