Capítulo 39 - Miguel

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Ver meu irmão daquele jeito me irritou profundamente, era tudo culpa minha, se eu tivesse encontrado o filho da puta que estava roubando teria conseguido evitar isso. Agora Camila tinha apanhado na rua dos capangas dele e meu irmão foi torturado e cortado como... Nem sei com o que comparar o que fizeram com Vitinho.

Peguei a moto e pilotei a mil por hora indo direto para o galpão, se eles achavam que podiam fazer aquilo com meu irmão e pensar que tudo ficaria numa boa tavam enganados.

- Acorda esse filho da puta agora! - cheguei gritando ao ver Zé desmaiado na cadeira. - Ou ele fala agora ou morre aos poucos.

- O que? Onde? - ele acordou gritando assustado e demorou a perceber que estava amarrado na cadeira.

- Cansei de conversa seu merdinha. Ou conta o que sabe dos ataques, das mortes, ou vai morrer! - gritei com toda a frustração do meu ser.

- Vai pro inferno! - ele cuspiu no chão manchando meu tenis de sangue. - Tu e toda tua família vão cair! Foram três anos de reinado que você nunca mereceu seu fraco.

Acertei um soco forte, sentido os nós dos meus dedos reclamarem por recomeçar com aquilo de novo. Mas agora eu não ia me desgastar mais, tava cansado de socar e não conseguir nada, agora era a hora de soltar meu lado mais perverso, o lado obscuro que eu detestava, mas que era útil nesses momentos.

- Peguem o alicate. - Zé me olhou atento. - Se não quer falar com socos, vamos ver se sem partes do corpo abre a boca mais rápido.

Lucas me passou um alicate cego e enferrujado, do jeito que eu gostava para causar mais dor nesse trabalho.

- Ei cara, perai eu nem bati tanto naquela menina, calma aí...

- Tu bateu na minha mulher e seus amigos arrebentaram meu irmão, o cortaram e o fizeram de um maldito quadro de aviso. - me aproximei dele aos poucos e me abaixei na sua frente, encaixando o alicate no seu dedo mindinho. - Agora é a minha vez de mandar o recado.

- Espera, espera! - ele gritou se chacoalhando e eu fechei o alicate apertando com força e me divertindo com os gritos de dor dele

Em outra situação eu não aproveitaria tanto isso, mas depois do que fizeram com Vitinho eu queria ver o sangue de todos os traidores escorrendo pelas ruas desse morro, ia transformar esse lugar em um verdadeiro banho de sangue, para que aprendessem e ninguém nunca mais ousasse me trair.

Depois de bem preso, virei de um lado para o outro, cortando carne e osso, antes de puxar com força arrancando o dedo dele fora.

Ele gritou e chorou se debatendo na cadeira, o sangue jorrou cobrindo o chão de barro de um tom vermelho escuro. Era o que eu faria com todos os outros que mexeram com a minha família, os faria sangrar.

- Pronto pra falar idiota? - perguntei me erguendo e pensando em que outro lugar poderia arrancar um pedaço e machucá-lo sem que ele morresse.

- Eu falo! Eu falo! - Zé gritou ainda chorando e se sacudindo.

- E aí chefe, Camila tá ligando. - Lucas me interrompeu a ladainha do merdinha e eu não perdi tempo em pegar o celular da sua mão.

- O que aconteceu? - meu coração batia disparado só em pensar que algo de pior poderia acontecer com eles em casa, mas com a maré de azar eu não duvidaria.

- Vitor acordou, ele disse que tem os nomes das pessoas que o torturaram e quer você aqui! - ela cuspiu as palavras bem rápido.

- Tô indo! Manda meu irmão não se cansar, chego em cinco minutos! - avisei a ela já desligando. - É parece que não vou precisar mais de você, rato. E se não serve pra mim vai pro saco, dêem um jeito nele.

Eu nem tinha visto o que estava escrito no maldito bilhete pregado ao seu peito, fiquei tão transtornado com o estado dele que sai de casa sem focar no que era importante. Nem mesmo esperei o médico chegar pra cuidar dele.

- Ei, ei. Calma, eu posso te... posso te dar mais informações! Coisas... que ele... Que vitinho não viu, vai por mim!

Dei risada, mesmo sabendo que era verdade, eu ia precisar confirmar toda a história já que Vitinho chegou aqui tão mal que era bem possível que tivesse perdido algumas coisas.

- Quem tá por trás disso? E eu não vou perguntar de novo. - tirei a arma da minha cintura e destravei já engatilhando.

- Rubens, o policial do outro dia, foi ele que começou a mandar a gente tocar o terror matando os caras e marcando com o X.

Abriu a boca tão rápido depois de ficar sem um dedo apenas, filho da puta fraco. Rubens era um babaca completo, um policial corrupto que comandava uma milícia no morro há anos, como meus homens de confiança foram se curvar e aceitar trabalhar com aquele merda.

- E quem tava roubando a gente bem antes desse merda se meter aqui? - esse era o ponto chave de tudo isso.

- O Renato. - Renato? Não conhecia nenhum com esse nome, não tinha ninguém trabalhando comigo com esse nome.

- O único Renato que conheço tá morto, faz três anos já.

- Todo mundo pensou isso... Até ele brotar do nada e começar a mostrar as verdades na nossa cara.

- Tá me dizendo que o Renato, filho da dona Nalva, tá vivo? O irmão da Bianca? - ele concordou com a cabeça. - Eu vi ele morrer na minha frente depois de tomar um tiro por mim.

Não tinha como, Renato morreu no mesmo dia que meu pai e tantos outros. Ele se colocou na minha frente e tomou um tiro, logo Bruno aparece me tirando do meio do fogo cruzado e eu não vi mais nada.

Não fui eu a lidar com os corpos, então não sei o que pode ter acontecido depois dali, mas eu fui no seu enterro, chorei do lado de dona Nalva e Bianca, todos nós choramos as nossas perdas juntos, todos do morro.

- Tô falando cara, ele tá vivão e voltou determinado a pegar teu lugar. - ele continuou confirmando. - Afinal tu nunca mereceu comandar esse morro, só te deixaram lá porque gostavam do teu pai.

- E você adora puxar o saco de qualquer um, não é? - provoquei vendo sua cara ficar ainda mais vermelha de raiva e ele começasse a se debater.

- Tu é um merdinha que não faz nada direito, nunca mereceu nada disso!

- Vamos ver quem não merece nada aqui! - apertei o gatilho deixando que a bala se cravasse na testa do desgraçado e atirei mais uma. - Já que os mortos estão voltando a vida, mais uma pra garantir!

Ainda não acreditava que aquilo podia ser verdade, mas se alguém pessoa podia me confirmar o que aconteceu com ele era Bianca e dona Nalva... Porra, uma estava armada com Camila e meu irmão, enquanto a outra estava cuidando de Juninho.

Que inferno! Só podia torcer pra que ele tivesse mentindo sobre isso.

Os Chefes do MorroDär berättelser lever. Upptäck nu