Capítulo 16 - Camila

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Não sei bem em que momento peguei no sono ao lado de Juninho, me deitei ali para fazer um cafuné até que ele dormisse, mas fiquei tão envolvida com as vagas de emprego que adormeci ali mesmo, com o celular em cima da minha barriga.

Acordei com algumas vozes e passos pela casa, com certeza os dois tinham chegado, mas não ia me arriscar a sair e dar de cara com nenhum deles, muito menos com a mulher linda que ele trouxe mais cedo.

Graças a Deus o barulho acabou bem rápido, eu me aconcheguei mais na cama junto com Juninho e tentei voltar a dormir, mas minha mente parecia bem acordada, era em torno de seis da manhã o que explicaria a falta de sono, eu costumava acordar bem cedo.

Desbloqueei meu celular e vi mensagens de Bianca, um monte delas mostrando o desespero dela.

Bia: primaaaaaa

Bia: Camila, responde sua vaca!

Bia: pelo menos lê mulher!

Bia: tá bom, mas fica avisada se qualquer um deles perguntar do trampo diz que arrumei sim, que vai trabalhar comigo na loja.

Bia: eu abri a boca e pra deixar eles com raiva inventei que você já tava contratada. Foi mal prima, mas adorei ver a cara deles de desespero que isso acontecesse.

Bia: quando lê me responde, sua vaca!

Meu Deus, que merda Bianca tinha feito? Agora eu definitivamente precisava de um emprego e o mais rápido possível, ou eles saberiam que ela estava mentido.

Levantei de pressa e cobri Juninho melhor antes de sair do quarto, respondi as mensagens dela indo para a cozinha e me sentando em uma cadeira.

A maioria das vagas que achei precisavam de experiência ou qualificações que eu não tinha, mas para todas as que eu me encaixava enviei o currículo, agora eu só podia torcer para que alguma delas me chamasse.

Me peguei pensando o que Bianca quis dizer com a cara de desespero deles.

— Acordada tão cedo? — a voz feminina me fez erguer a cabeça no mesmo instante.

Dany estava na minha frente, usando uma camisa larga que eu deduzi ser de Miguel, ela parecia ainda mais linda assim do que quando chegou aqui. Como podia se estava com os cabelos bagunçados e vestida com uma camisa masculina, isso eu não sabia.

— Perdi o sono. — falei seca, mesmo com o sorriso doce que ela e dava, eu não a não conhecia.

— É, eu também pode dizer assim. Sou Daniely, mas todo mundo me chama de Dany — a mulher se sentou a minha frente parecendo bem a vontade ali.

— Camila...

— Eu sei, ouvi muito de você. — franzi o cenho me perguntando onde ela podia ter ouvido falar de mim. — Conversei com sua prima ontem a noite depois do show que ela deu no camarote.

— A Bianca fez o que?

— Ela bateu de frente com Miguel e Vitor, falou que sabia de tudo o que aconteceu aqui e que você não ia trabalhar mais aqui. — minha prima era mesmo maluca, logo ela que disse que eu não podia bater de frente com eles. — Já sou sua fã, nunca vi Vitor ou Miguel se importando com uma mulher, qualquer garota que seja capaz de fazer aqueles dois demonstrar alguma coisa além de tesão é uma heroína.

Acho que ela era maluca, assim como Bianca. Não sabia da onde elas tinham essa ideia de que os dois se importavam, a única coisa que eles sabiam fazer era me ridicularizar.

— Não sei se vai ser tão legal quando descobrirem que eu não tenho outro trabalho.

— O que? Como assim?

— A Bianca mentiu, falou só pra provocar e agora eu preciso arrumar um trabalho até segunda.

Dany baixou a cabeça batendo as unhas enormes na mesa, ela parecia ser uma pessoa legal, ao invés de ficar com ciúmes de Miguel estava ali conversando comigo numa boa e rindo.

— E se você for trabalhar comigo na Rubi? — ela disse erguendo o rosto com um sorriso iluminando seu rosto. — Certeza que posso te arrumar um lugar lá, posso falar com meu chefe agora mesmo.

— Rubi? É uma loja? — perguntei e Dany gargalhou alto me dando um tapinha no braço me assustando, mais um pouco e ela acordaria a casa toda.

— Não bobinha, é uma boate de stripper. — arregalei os olhos e engoli em seco. — Mas fica tranquila, tá na sua cara de anjinho que não faz essas coisas, parece até virgem.

— Porque? — questionei nervosa, será que dava tão na cara assim minha inexperiência?

— Ai meu Deus, você é virgem mesmo! — ela levou as mãos a boca em um gesto bem dramático, se levantou dando a volta na mesa e me abraçou pelas costas. — Awnn você parece uma mascotezinha fofa. É isso, vou te pegar pra criar.

— O que? — era maluca, estava confirmado, e ainda mais que Bianca.

— Sabe, te ensinar as coisas da vida, como por exemplo botar aqueles dois no cabresto. — ela se curvou ficando com o rosto ao meu lado. — Tava na hora de alguém dar um jeito naqueles dois.

— Não sei do que você está falando...

— A qual é lindinha, os dois estão em uma corrida pra ver quem vai ficar com você e pelo que entendi é Vitinho que tá ganhando.

— Não, você entendeu tudo errado, não tem corrida nenhuma, Vitor e eu trocamos um beijo e Miguel não tá nem ai pra mim, ele disse que não faço o tipo dele. — falei toda a verdade tão rápido, não sei como, mas ela tinha um dom de fazer as pessoas abrirem a boca.

— E não faz mesmo o tipo dele, mas o homem me teve a noite toda a disposição e não transou comigo, Miguel não é descarado como o irmão, mas é um homem selvagem no quesito sexo e nem quando eu rebole no colo dele o amiguinho deu o ar da graça lá em baixo.

Sorri divertida, mas eu duvidava que aquilo tivesse alguma coisa a ver comigo, Vitor tinha transado com uma garota horas antes de me beijar e Miguel nem sequer quis me beijar.

— É mais fácil ele estar com um problema sério e não teve cabeça pra isso, do que ser por minha causa. — murmurei baixo, não querendo que ninguém além dela ouvisse.

— Deixa eu te contar uma coisa, — Dany se ajoelhou na minha frente. — Quando Miguel estiver com um problema a primeira coisa que ele vai querer fazer pra aliviar o estresse é transar. Guarda isso porque vai precisar lá na frente. — sacudi a cabeça em negação, mas ela ignorou. — Agora vamos ensaiar o que vai dizer sobre o trabalho...

— Eu não ser stripper!

— Não docinho, vou te colocar no bar ou na limpeza, mas eles não precisam saber disso, a única coisa que queremos é que eles se mordam de ciúmes.

— Queremos? — eu nunca tinha feito nada daquilo, e ainda não via sentido algum na fixação dela e de Bianca em dizer que eles me queriam.

— Claro que queremos, você tem muito a aprender garota. — ela segurou as minhas mãos sorrindo diabolicamente. — Vai dizer que o trabalho na loja não deu certo, mas que eu te arrumei um na Rubi e você começa hoje mesmo.

— Hoje? Sábado? — perguntei espantada, aquilo estava indo rápido de mais. — Porque vai me ajudar?

— É gata, hoje! E vou te ajudar porque há anos quero ver esses dois reis do morro caírem de quatro por uma mulher! — ela se ergueu sentando na cadeira do meu lado, tão tranquila como se tudo estivesse perfeito. — Já que peguei o numero da sua prima vou passar o meu endereço pra ela, de lá nós vamos para a boate hoje a noite.

— Mas eu ainda não falei com Miguel e tem o Juninho...

— Ele vai dar um jeito no Juninho, fica tranquila quanto a isso, foca em deixar seus homens com ciúmes!

— Eles não são meus homens. — aquilo era até estranho de se dizer em voz alta.

— Mas vão ser, confia na mamãe aqui!

Eu não sabia onde estava me metendo, mas algo nela me dizia que eu podia confiar, meus instintos não costumavam falhar. Só me restava esperar os dois acordar.

Os Chefes do MorroWhere stories live. Discover now