Capítulo 14 - Vitor

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Eu estava com uma puta dor de cabeça quando acordei, passei boa parte da tarde me revirando na cama, tentando dormir enquanto minha mente se negava a desligar, ficava voltando desde o momento em que finalmente tive aquela boca gostosa contra a minha, e o inferno de momento quando meu irmão me contou tudo.

Se tinha uma coisa que eu gostava de manter simplificada na minha vida era o quesito mulheres, todo o resto já era complicado, ter me formado no que meu pai queria só pra ajudar nas coisas ilegais, ajudar criminosos e ser um.

Eram várias coisas confusas e fodidas na minha vida, quem passava por minha cama tinha que ser o mais simples possível. Não queria ter que lidar com uma garota que surtava sem mais nem menos, também não queria ter relacionamentos, gostava da minha liberdade.

Mas em contrapartida tinha aquela garota com os lábios carnudos e doce, porra sim, ela tinha um gosto doce e o gemido que soltou quando enfiei a língua em sua boca me deixou duro como pedra.

Eu queria ter tido mais tempo para poder levá-la até meu quarto, tirar aquelas roupas e ver as curvas que ela escondia, queria ouvir mais seus gemidos e aquela boca deliciosa chamando meu nome.

Merda, meu irmão tinha que ter falado todas aquelas coisas? Eu não podia chegar perto dela agora sem dizer que não sabia, não era mais um desavisado.

Consegui dormir por algumas horas e quando acordei estava bem perto do baile começar, então levantei e troquei de roupa, se a noite passada não tinha servido para tirá-la da minha cabeça, essa ia ter que servir.

Camila estava no sofá ao lado de Juninho quando sai do quarto, o olhar dela em mim durou dois segundos, mas o celular dela parecia mais interessante.

- Neném não pode, é festa de gente grande. - respondi Juninho depois de dizer que queria sair comigo. - Que tal a gente comer junto? Tem comida pronta, ursinha?

Ela finalmente me olhou por tanto tempo, aposto que se morresse com o olhar eu estaria morto com o dela.

- Já fiz comida para a criança que eu sou paga pra cuidar e ele já jantou, senhor!

- Ai... essa doeu! - não era de surpreender depois do que ela ouviu, Miguel não falou nada baixo, mas o mínimo que eu podia fazer agora era me desculpar. - Escuta Camila, eu não queria que...

Falando no diabo, ele apareceu no mesmo instante. Miguel entrou ignorando a todos e atravessando o corredor com uma das garotas que ele costumava pegar, Dany era uma loira linda de corpão e trabalhava em uma casa de stripper no centro do Rio.

- Boa noite. - Dany cumprimentou a todos com um sorriso largo, mas Miguel nem deu tempo pra gente responder e já foi puxando ela.

- Vem gata, vou só tomar um banho e vamos.

Olhei diretamente para Camila e pude ver os olhos da ursinha brilhar com ainda mais raiva e algo a mais, parecia até... ciúmes? Camila estava com ciúmes de Miguel? Eu não podia acreditar naquilo.

- Se quiser vir pro baile hoje a noite, podemos dar um jeito e arrumar alguém pra ficar com o Juninho.

- Não, tenho coisas mais importantes pra fazer. - ela respondeu finalmente tirando os olhos do corredor e voltando para o celular.

O que diabos tinha ali de tão interessante que ela não queria perder nenhum segundo?

- Usinha, usinha! - da cozinha Juninho gritou por ela.

Eu tinha que agradecer ao pequeno por isso, já que a ursinha correu até ele deixando o celular ainda desbloqueado no sofá. Não perdi tempo e o peguei correndo os meus olhos pela tela, um site de empregos, sai e cliquei para ver todas as abas, várias paginas diferentes, algumas já mostrando vagas especificas para ela se candidatar.

Porra! Acho que toda a merda dessa tarde tinha feito ela tomar outro caminho e a culpa era toda minha e de Miguel.

- Sabia que mexer no celular dos outros é invasão de privacidade? - Camila apareceu me pegando de surpresa e puxou o aparelho das minhas mãos. - Você devia saber disso, senhor advogado.

Ok, ela estava com raiva, muita raiva mesmo de nós, mas não podia negar o quanto ficava sexy irritada daquele jeito, como se já não fosse uma tentação ambulante.

- Não é invasão se deixou ele aqui e desbloqueado.

- Dá próxima vez deixo seu irmão engasgar só para bloquear. - falou me fuzilando com os olhos mais uma vez. - Babaca. - ouvi ela sussurrar já entrando na cozinha.

Caramba, como eu gostaria de pegá-la com toda aquela raiva, se ela já parecia uma onça selvagem, imagine como seria quando quisesse matar alguém, porque era isso o que estava explicito em seus olhos.

Mas agora eu tinha que dar um jeito naquelas vagas de emprego e nos currículos que ela estava enviando, se eu queria ver aquela bunda linda passeando por ali precisava dar um jeito dela não conseguir emprego.

Esperei Miguel sair do quarto, já tinha um plano em mente e esperei que ele se despedisse do pequeno que estava indo pra a cama, o segui pra fora de casa e comecei a falar.

- Porque a garota ia querer ir embora?

- Você acha pouco tudo o que ela ouviu hoje? Foi só o primeiro dia e a nossa discussão deve ter ferrado com a cabeça dela.

- Ferrada já tá porra, já falei isso! - ele coçou a barba e ficou pensando por um instante, olhando a rua ainda cheia de vida. - Se ela quer ir ao posso fazer nada, não vou prender a mina em casa e proibir ela.

- Não precisa de nada disso, é só ela não arrumar um trabalho, enquanto Camila não arrumar outro emprego vai continuar com a gente.

Meu irmão precisava deixar de ser idiota e colocar o cérebro pra funcionar, não podíamos perder a ursinha, de jeito nenhum.

- E porque tu se importa tanto caralho? Já quer se agarrar com ela de novo, não é?

Gargalhei sabendo a raiva que deveria estar sentindo nesse momento por eu ter beijado ela, Miguel enchia a boca pra falar que ela não fazia seu tipo e não fazia mesmo, mas ainda sim ali tava ele, todo puto porque achava que eu queria ela de novo.

- Não vou negar que queria sim, a mina é uma gostosa e o beijo dela puta que pariu, me deixou viajando o dia todo. - ele trincou o maxilar com tanta força que quase podia ouvir os dentes rangendo. - Mas não é por isso, não vou encostar nela de novo depois de saber tudo, só não quero que Juninho tenha voltar pra dona Isabel.

Sabia que aquele era o ponto fraco dele, só existia uma coisa a cima do orgulho do meu irmão: o bem estar do Juninho. Miguel faria qualquer coisa pelo menino, desde passar fome até matar, dar um jeito da babá continuar com a gente não seria nada de mais pra ele.

- O que tu quer fazer?

- Rackear o e-mail dela, tudo que for sobre trabalho vamos saber assim que chegar e a gente apaga, ela nem vai saber sobre nenhuma entrevista.

Eu já tinha um amigo que faria isso, ele era bom em fazer todo esse tipo de trabalho de computação ilegal, eu não me importava de estar indo contra a lei, era um preço pequeno a se pagar para ter o que queria.

Miguel sacudiu a cabeça e coçou a nuca olhando mais para frente, onde Dany e Bruno esperavam a nossa conversinha acabar.

- Tá! Faz o que quiser, mas faz a merda direito, porque se ela descobrir vai odiar a gente mais ainda!

Os Chefes do MorroWhere stories live. Discover now