Capítulo 31 - Camila

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Estava largada no sofá, me sentindo um tanto entediada já que Miguel e Vitor tinham saído, tudo o que eu sabia era que aconteceu um problema que precisavam resolver e eu estava ali sozinha agora sem nada pra fazer.

Minha imaginação voou para o momento que tivemos depois que eu tomei café, mesmo que eu tivesse insistido para que eles me fodessem os dois continuaram dizendo que eu estava dolorida de mais e que tínhamos o dia todo pela frente.

Só me restou deitar lá e deixar que eles me chupassem e tocassem antes que eu fizesse o mesmo com eles, recebendo cada gotinha do gozo deles no meu corpo. Mas foi nesse exato momento que o celular de Miguel ligou, conseguia até ouvir a gritaria do outro lado, só não compreendi o que era até os dois dizerem que precisavam ir.

Já tinha tomado um banho, arrumado a casa e almoçado, e nem sinal deles. Até que meu celular apitou chamando minha atenção coma mensagem de Bianca.

Bia: vem pra cá, sei que tá sozinha como eu.

Pensei por um minuto em como ela podia saber, mas a resposta brotou na minha cabeça: Rock. Ele provavelmente tinha sido chamado também, o que me dizia que a coisa era grande.

Tirei a camisa de Miguel, tinha se tornado minha peça favorita, coloquei um shorts e regata, conferi tudo e sai da casa. Era estranho sair no portão e não dar de cara com Bruno, ao menos podia curtir essa liberdade até segunda, que é quando ele volta.

Eu: estou descendo.

Mandei a mensagem pra ela já na rua, o sábado deixava tudo aquilo ali lotado, gente que não acabava mais andando pra lá e pra cá. Virei na rua da mercearia pronta pra descer e algumas meninas pararam de falar quando eu passei, olhei na direção delas e sorri, mas só duas sorriram de volta ou acenaram, as outras continuaram me olhando de forma séria.

O que eu tinha feito agora? Apressei meus passos, não sabendo se estavam me reconhecendo de ontem, a fofoca com certeza tinha rolado solta depois da cena dos dois irmãos Torres apontando armas pra outros caras sem mais nem menos.

Não duvidaria também que alguma delas tenham ficado com Vitor, já que ele era o pegador do morro, ou até mesmo elas estavam com ciúmes de Miguel.

Mas meus pensamentos se calaram quando virei em um beco dando de cara com aqueles dois garotos, os mesmos do meu primeiro dia aqui. Dei dois passos para trás, aproveitando que estavam de costas fumando, se tivesse sorte ia fugir do beco antes que eles me vissem.

- E ai vadia. - um falou se virando, se não me engano ele era o que chamavam de Galeto.

O amigo se virou com pressa, não fiquei ali para esperar e ver o que iam fazer, corri como no primeiro dia, como se minha vida dependesse disso. Eles tiveram a coragem de mostrar a arma pra mim na frente do Juninho, quem ia garantir o que iam fazer comigo sozinha e dessa vez não tinha Bruno seguindo meus passos para surpreendê-los.

Corri como louca, sentindo meu corpo reclamar depois de tantos dias na cama e agora fazendo toso aquele exercício. Mas quando olhei pra trás não vi nenhum sinal deles, não tinha sido seguida, ao menos isso. Respirei aliviada e olhei em volta tentando me localizar, por sorte tinha ido parar bem perto da casa da tia Nalva, era logo ali na esquina.

Sorri e peguei o celular pra mandar uma mensagem mandando Bianca abrir o portão, então alguém segurou meu braço com força, me puxando e antes que eu pudesse gritar senti uma arma ser pressionada contra minha cintura.

- Não foi tão rápida dessa vez sua vaca. - o tal de Zé apareceu a minha frente com outra arma e um sorriso largo na boca.

- O... o que vocês que... querem? - foi tudo o que consegui falar enquanto gaguejava tomada pelo medo.

- Eu quero mesmo é quebrar tua cara desde que me bateu aquele dia, sua vaca! - Galeto respondeu no meu pescoço. - Mas meu amigo aqui deu uma ideia melhor. Geral viu tu rebolando a bunda lá no baile ontem, tava doida querendo um cara pra apagar teu fogo.

Ele lambeu minha orelha e nojo me subiu a bile tampando minha garganta. Eu tinha que ser esperta, tentar sair dali sem fazer nada, a última coisa que queria agora era tomar outro tiro ou coisa pior.

- Agora tem! Vamo ver como ela se sai. - Zé segurou meu rosto me puxando e grudando a boca nojenta na minha.

Mordi o lábio dele com força, sentindo o gosto de sangue invadir minha boca, ele se afastou no mesmo segundo e acertou um tapa forte no meu rosto. Minha cabeça foi jogada para baixo com o impacto, mas o Galeto puxou meu cabelo com força me obrigando a levantar novamente.

- Vai se arrepender disso! - Zé deu um soco na minha barriga e meu corpo tombou para frente, o amigo dele finalmente me deixou cair no chão.

Meus joelhos bateram com força no asfalto do chão e com certeza ficariam machucados, mas aquele era meu menor problema ali, queria conseguir recuperar minha respiração e fugir rápido.

- E ai de tu se abrir o bico, não vai querer arrumar ainda mais dor de cabeça né? - a mão puxou meu cabelo com tanta força que senti lágrimas transbordando em meus olhos. - A gente sabe onde o mulequinho gosta de brincar, não vai querer ver o pequeno morto por sua culpa.

Como eles podiam ameaçar assim Juninho? Miguel era respeitado no morro, as pessoas gostavam dele. Porque esses dois fariam isso?

- Sabe que por sua culpa o chefe deu uma dura na gente. - Zé me chutou, empurrando meu corpo contra o chão.

- Tu fez a gente passar vergonha no morro todo aquele dia e agora vai aprender uma lição!

Me curvei tentado impedir que os golpes atingissem minha barriga, poderiam mexer até mesmo com minha cirurgia. E nesse exato momento quando achei que ia apanhar até morrer ouvi Bianca gritando.

- Que porra é essa aqui? Vocês perderam a cabeça? - ela continuou gritando, mas os dois já tinham sumido. - Estão ferrados por isso! Amiga, Camila fala comigo.

- Me tira daqui. - murmurei sem fôlego e ela me ajudou a levantar.

- Ai meu Deus, sua cara tá sangrando. Miguel vai matar aqueles idiotas, vão morrer por isso!

Eu não podia deixar ninguém saber, não se isso significava colocar Juninho em risco, não ia arriscar a vida dele por isso, precisaria dar um jeito nisso sozinha.

Deixei que Bianca me levasse pra casa, me apoiando nela e tratamos de limpar os machucados eu vi o real estado que eu estava, meu rosto estava não estava tão ruim, a bochecha com certeza ia ficar roxa pelo soco e o tapa, eu torcia para que meu olho não ficasse inchado ou seria bem difícil de esconder isso. A barriga estava dolorida, mas isso eu conseguia disfarçar.

Mas minhas costas estavam pior, Bianca me garantiu que as marcas estavam espalhadas, com certeza pelos chutes que deram.

- Passa maquiagem pra mim, quero cobrir isso.

- Ficou maluca? Não esconde nada não, vou agora ligar pro Miguel e mandar eles vim pra cá.

- Não pode Bianca, eles ameaçaram o Juninho, não posso deixar que eles matem ele. - falei e os olhos dela se arregalaram, ela me olhando como se eu fosse maluca.

- E você acha mesmo que Miguel e Vitor vão deixar isso acontecer? Se liga prima, eles vão morrer antes que você pisque. - eu acreditava que Bianca estivesse sendo sincera, ela só não sabia do que eu sabia. - Não cai na pilha deles não, todo mundo aqui é leal ao Miguel, do mesmo jeito que eram ao pai dele, fica tranquila.

- Eu também achava isso, mas não foi a primeira vez, no outro dia quando eu passei com Juninho na rua eles nem hesitaram em apontar uma arma, se Bruno não tivesse aparecido eu nem sei o que fariam.

- Porque não me contou isso? E como eles também não sabem?

- Não sei Bianca, juro que não sei, mas você tem que me prometer, tem que me prometer que não vai falar nada. - ela abriu a boca prestes a protestar. - Se eles não são fiéis ao Miguel, quem garante que também não tem outros? Alguém tem que tá bancando eles, não acha?

Ela parou pra pensar por um tempo, então suspirou se dando por vencida.

- Vai ter que ser bem convincente com aqueles dois, que história vai inventar pra esses machucados?

Os Chefes do MorroWhere stories live. Discover now