Capítulo 56 - Vitor

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Nós saímos de madrugada bem cedo, antes que o sol raiasse ou Camila e Juninho acordasse. Era melhor assim ou seria bem pior a despedida, a noite de ontem foi regada a sexo e risadas, mesmo com toda a merda que descobrimos conseguimos trazer um clima divertido.
Mas hoje era a hora de encarar a verdade, não tinha mais para onde correr, precisávamos encontrar aquele desgraçado e acabar com a vida dele.

— É uma longa viagem. Porque não descansa um pouco? — questionei Miguel que não saía do celular enquanto eu dirigia.

— Não conseguiria dormir nem se estivesse morrendo de sono, minha cabeça está cheia. — ele tirou os olhos do celular e me olhou por um momento. — Vai dizer que você não está assim?

Suspirei sabendo que estava do mesmo jeito, não conseguia parar de pensar no meu irmãozinho, em Camila e pior, no nosso bebê.
Estava começando a me questionar o quanto seríamos péssimos pais se deixamos aquilo acontecer com Juninho bem de baixo do nosso nariz.

— Acha que vamos ser bons pais? Não protegemos Juninho, deixamos isso acontecer dentro da nossa casa, como vamos proteger mais uma criança?

Miguel jogou o celular nas pernas e levou a mão ao ombro machucado, pressionando o curativo que cobria o machucado.

— Eu não sei mais de nada, achei que estava fazendo um bom trabalho com Juninho, pensei que tava criando ele melhor do que nosso pai nos criou, mas papai nunca deixou isso acontecer com a gente. — Miguel coçou a cabeça fazendo uma careta de dor, eu devia mandar ele parar, mas sabia que era um jeito dele lidar com a raiva que sentia de si mesmo.

— Fiquei pensando ontem a noite foi mesmo uma boa a gente se envolver com Camila, trazer a garota pra essa merda toda...

— Tá querendo dar pra trás porra? Quer desistir dela agora? — ele perguntou me interrompendo.

— Não, não! Só... Ela já sofreu tanto e mesmo assim continuou do nosso lado, não pensou duas vezes antes de correr pro hospital quando soube de você, apoiou a gente nessa merda agora. — Suspirei pensando em tudo de maluco que aconteceu desde que ela entrou na nossa vida. — A gente não merece ela cara!

— Disso eu não tenho dúvida, Camila é boa de mais para nós dois. Eu só espero que que ela não desista de nós quando se der conta do quão maravilhosa é.

Ele tinha razão, não sei como minha vida ficaria sem Camila. A nossa ursinha entrou fundo no nosso coração nos deixando totalmente dependentes dela, eu não me via indo a lugar nenhum sem ela ou nosso filho, eram parte de nós agora.

— Porra já pensou que pode ser uma menina? Já pensou nisso? — não sei porque, mas vinha pensando nisso sempre que olhava para o rosto da nossa ursinha, não conseguia evitar de imaginar uma garota com o rosto dela. — Vai ser o dobro de problema na nossa cabeça, um monte de marmanjo atrás.

— Sério que vai querer me fazer pensar nisso? Justo em quantos caras pode chegar junto da nossa filha? — Miguel soltou uma risada nervosa e eu não estava muito melhor. — É bom termos um terreno grande, podemos precisar disso no futuro pra enterrar todos os caras.

Gargalhei com aquela ideia, mas tinha que concordar que teríamos que dar um jeito em cada muleque que chegasse perto da nossa bebê.

Fomos o resto do caminho conversando sobre isso, Miguel não conseguia dormir e nem dirigir, então foi uma bela distração. Mas quando chegamos a dez minutos do morro o clima leve mudou.

Os homens que trabalhavam ao nosso lado por anos estavam nos esperando para subirmos junto, a emboscada tinha sido armada pelos chefes, Bruno estava se sentindo seguro e confiante já que ninguém tocou no assunto por lá ou fez cara feia, para todos os efeitos tudo continuava na perfeita paz, ele ainda comandava o morro do jeito que queria. Mas isso estava prestes a acabar.

Os Chefes do MorroWhere stories live. Discover now