40. Me perdoa? 📚

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Pego a mochila, com a ideia de sair logo de casa, não querendo encontrar com a minha mãe agora. Escutei ela dizendo que ia ficar em casa hoje e só ia voltar para aquele maldito plantão, amanhã de noite. Não quero encontrar com a minha mãe agora, para não ter que tocar no assunto da nossa discussão de ontem. Mal dormi essa noite, o que não está sendo novidade para mim, por conta daquele babaca do meu professor e agora pela minha mãe.

Minha vida tinha que piorar mais ainda.

Deixei meu quarto em silêncio, descendo as escadas do mesmo jeito, pensando que minha mãe poderia estar no quarto ainda, talvez brava comigo. Ou indignada pela filha horrível que tem, que se deita com o próprio professor. Não quero me lembrar agora da discussão de ontem. Ia me aproximando da porta para sair, quando escuto uma voz e eu paro.

— Filha... — minha mãe me chama, com uma voz calma e percebo que tem levemente um tom de arrependimento.

— Tô atrasada. — voltei a andar, não olhando para trás para saber onde estava, pegando no trinco da porta para abrir e ir para a escola.

— Filha, por favor, vamos conversar direito. — pediu, sentindo que se aproximava de mim por trás. Parei na porta, virando o rosto para trás. — Desculpa por ontem. Não queria ter falado aquelas coisas. Você... Aquilo me pegou muito desprevenida. Muito mesmo. Nem sonhava com uma coisa daquela.

— É, mas aconteceu e estou arrependida. Preciso ir agora. — tentei de novo seguir meu caminho, mas ela me chamou de novo.

— Filha, vamos conversar. Não quero que fique nada mal entre a gente. Só por favor, me explica tudo isso. Não consegui dormir essa noite por causa dessa história toda.

Suspirando, tendo a esperança de ter uma conversa um pouco melhor do que a de ontem, relaxo os ombros e decido aceitar seu pedido. Entro em casa de novo e fecho a porta. Minha mãe indica o sofá para nos sentarmos e fomos para a sala, com ela se sentando ao meu lado.

— Como isso tudo aconteceu? — perguntou calmamente, me impressionando como agia diferente em comparação de ontem. — Me conte tudo, desde o começo.

— Vai brigar comigo e me xingar? — quero garantir.

— Não vou, filha. Prometo. Só... Quero entender toda essa história. Sei que não estive muito presente com você nesses últimos tempos, mas prometo não brigar com você, só quero entender tudo isso e principalmente, como deu início. — ela parecia ser compreensiva ao falar e mostrava que ia ser assim, durante a história toda que eu ia contar. — Será que pode me contar? — se ajeitou no sofá, remexendo e ajustando sua posição sentada. Abaixei a cabeça, decidindo contar, aproveitando a oportunidade de estar sendo calma — até certo momento — e compreensiva.

— Começou quando meu professor me beijou na casa dele, depois que terminamos os estudos. — comecei a contar, não tendo coragem de encarar seus olhos e sim, fiquei mexendo os dedos, nervosa e tensa.

Ele que te beijou? — afirmo, devagar, sem tirar a atenção dos meus dedos. — Seu professor de química te beijou? — afirmo pela segunda vez. — Ah, meu Deus... — fez uma expressão incrédula, raciocinando o começo da história. — E depois?

— Ele se desculpou e eu saí correndo do apartamento dele, morrendo de vergonha e no dia seguinte, veio me pedir para esquecer o que aconteceu e para agir como se nada daquilo tivesse acontecido, mas aquele beijo mexeu comigo.

— Mexeu de que jeito? — falou apreensiva, acho que pensando na possibilidade de eu ter me apaixonado no primeiro beijo.

— Não sei explicar, mas mexeu de um jeito estranho, porque era meu professor que eu tinha beijado e não uma pessoa qualquer. — minha mãe assente com a cabeça, se aliviando com a sua ideia não válida, de eu ter me apaixonado.

𝐌𝐄𝐔 𝐐𝐔𝐄𝐑𝐈𝐃𝐎 𝐏𝐑𝐎𝐅𝐄𝐒𝐒𝐎𝐑 𝐁𝐀𝐁𝐀𝐂𝐀Onde as histórias ganham vida. Descobre agora