39. Verdade 📚

7.9K 406 127
                                    

Na aula de química, não sento no meu lugar de costume, perto da mesa do professor e sim, na última carteira, da última fileira da sala. Fui uma das primeiras a entrar, para garantir o lugar, porque me recuso ficar perto daquele professor cretino. Retiro meu material em silêncio, com os alunos ainda entrando na sala e indo até seus lugares.

As pessoas chegam perto de mim e eu ajeito o capuz na cabeça, deixando meu rosto escondido de olhares curiosos. Meu material está todo colocado em cima da mesa, quando um menino chega perto de mim, mas eu não ergo a cabeça e olho para ele. Permaneço em silêncio e quieta.

— Ei, Bárbara? Aí é meu lugar. — ele reclama.

— Não é mais. — retruquei.

— Ah, qual é? Eu sempre sentei aí. — teimou.

— Mas hoje não vai sentar. — retruquei de novo.

— Por favor, vai. Senta em outro lugar.

— Senta você. — falei, pegando a caneta dentro do estojo, inventando que ia escrever algo e que não estava nem aí para ele.

— Professor. — o garoto que falava comigo chamou pelo professor. — Ela não quer sair do meu lugar.

— E?

— Eu quero sentar no meu lugar e ela não quer sair.

— Ela sentou primeiro aí, pelo o que posso ver. Tem vários outros lugares para você se sentar, então, deixe ela aí e vá se sentar. — Victor respondeu, nem se importando por esse menino estar implicando pelo seu antigo lugar na sala. Mas senti seu olhar sobre mim, por um bom tempo, mas ignorei.

— Mas, Sr. Collins! Eu sempre sentei aqui.

— Deixa ela quieta aí e vá se sentar em outro lugar. — começou a escrever na lousa. — Sente-se aqui na frente. — apontou para um lugar na fileira, onde não tinha ninguém sentado. — Você não é um bom aluno aí no fundo.

— Mas...

— Agora. — mandou, sendo duro e grosso e ele obedeceu, com todos tirando risada dele, por não conseguir o que queria e por ainda se sentar na frente.

Pelo menos aquele mentiroso me deixou ficar longe dele.

....

Encontrei com Carol no pátio, na hora do intervalo. Ela anda até mim, com seu lanche em mãos, enquanto eu como o meu em um banco, perto da quadra, um pouco isolada de todos. Não costumava ficar aqui, por conta do barulho dos meninos jogando na quadra, mas era o único lugar que eu tinha, longe de qualquer tipo de olhar curioso. Carol chega perto e sei que ela nota minha cara um pouco fechada e sem interesse para conversar sobre qualquer coisa que seja e se senta ao meu lado.

— Por que tá desse jeito? Você anda estranha e desanimada faz dias. — começou a falar. — Você faltou ontem e nem sequer me avisou. O que tá acontecendo? Você e professor gostosão brigaram? Ele te deu outro chute na bunda? — ela olhou pra mim, ficando um pouco brava ou irritada pelo meu professor ter me dado um suposto chute na bunda.

Na verdade, fui eu que dei um chute na bunda dele e espero que tenha sido forte e que tenha doído, igual os que deu em mim.

— Depois eu falo. — tento desviar o assunto.

— Mas envolve o professor gostosão? — não respondo.

— Depois eu falo. Vamos embora juntas, não é? — ela afirma, balançando a cabeça, curiosa. — Então. Chegando na sua casa eu falo.

— Se for de novo, outro chute na bunda que você tomou daquele professor, eu juro que vou na casa dele e quebro aquela carinha bonita. — ameaçou e eu senti vontade de rir com o que disse, mas não fiz.

𝐌𝐄𝐔 𝐐𝐔𝐄𝐑𝐈𝐃𝐎 𝐏𝐑𝐎𝐅𝐄𝐒𝐒𝐎𝐑 𝐁𝐀𝐁𝐀𝐂𝐀Where stories live. Discover now