𝐌𝐄𝐔 𝐐𝐔𝐄𝐑𝐈𝐃𝐎 𝐏𝐑𝐎𝐅𝐄𝐒𝐒𝐎𝐑 𝐁𝐀𝐁𝐀𝐂𝐀

30. Sorvete 📚

Faz alguns dias que não vejo e nem tenho notícias sobre Victor. Para ser mais específica, fazem três dias, desde que terminou comigo e encerrou nosso acordo na sua sala. Não fui na nossa aula particular, nem na escola, no dia em que tenho sua aula. Então, estou há três dias sem ver ele, sem falar com ele, sem ter um pouco da sua companhia, nada. E para falar a verdade, pensei que sentiria muito mais falta, do que estou sentindo.

Não posso dizer que está sendo fácil esquecer tudo o que eu e meu professor de química tivemos, mas também não posso dizer que está sendo difícil. Minha raiva por ter terminado comigo na sua sala passou, agora a minha única vontade, é esquecer tudo o que aconteceu. Estou indo aos poucos, mas me esforçando para esquecer tudo o mais rápido possível e não me lembrar que tive a coragem de aceitar entrar em um acordo secreto e proibido com o meu professor babaca de química.

Estou agindo, como se nada tivesse acontecido mesmo, para estimular meu cérebro a agir e seguir com a minha vida, como se nada de tão louco e errado tenha acontecido nela.

Aliás, até andei conversando com Logan. Ele é um cara legal. Gostei de conversar com ele e isso vem me distraindo bastante, então estou agradecendo ele por estar fazendo isso. Carol também conversa comigo, mas ando interagindo mais com Logan. Durante as nossas conversas, descobri que ele joga basquete na escola. Nunca fui de gostar de esportes ou de me interessar, então nunca reparei em quem da nossa escola jogava nos times de esporte.

Me despedi de Logan, saindo da conversa, pensando na proposta que me fez, de marcarmos de fazer alguma coisa esses dias. Não sei ainda no que responder. Vou pensar. Bufando, me levanto da cama, indo atrás de uma roupa para me trocar, para ir na aula de hoje, com meu querido e excelentíssimo professor babaca. Não estou afim de vê-lo, mas agora estou pensando que mesmo que nosso acordo tenha se encerrado, ainda preciso das suas aulas para me comprometer na sua matéria e passar de ano. Maldita química. Maldito professor que ensina ela.

Tomo um banho rápido e me troco na mesma velocidade, para não me atrasar, já que perdi um pouco do horário, conversando com Logan. Minha mochila está pronta quando a pego e coloco no ombro, saindo do quarto e descendo as escadas. Por um milagre, minha mãe está em casa, descendo um pouco dos seus plantões e disse que íamos fazer alguma coisa juntas, quando eu voltasse da minha aula.

- Tô pronta. - aviso.

- Vamos então. - ela se levantou do sofá, pegando a chave do carro para me levar até o prédio do meu professor.

Durante o caminho, não trocamos muitas palavras, mas minha mãe decide puxar algum assunto, para não continuar com o clima um pouco ruim no carro.

- Você tá bem? - ela me pergunta.

- Tô. Por quê?

- Percebi que você tá meio quieta e pensativa. E você não é assim. Mal está falando comigo hoje e só ficou no quarto. - tiro a atenção dela, olhando para o caminho.

- Não é nada. É só a escola. Muita matéria. Sabe como é. - falei qualquer coisa, porque eu sei que ela não sabe de nada que anda acontecendo na minha vida. Por mais que eu nunca vá contar, parece não querer saber sobre o que eu ando fazendo.

- Tem certeza? Está um pouco estranha desde cedo.

- Não é nada. Relaxa. - forcei um sorriso, que deixou ela um pouco mais aliviada. Por mais que eu quero contar a ela sobre as coisas que andam acontecendo comigo e na minha vida, não posso e sei que ela não vai dar tanta importância assim, como dava antes.

Tudo isso, por conta do seu trabalho. Minha mãe está se afastando aos poucos de mim e eu já percebi isso. A única coisa que pergunta é sobre a escola e nada mais. Minha mãe não é mais a mesma, que gostava de querer saber de tudo que acontecia comigo, dentro e fora da escola, o que eu fazia, o que pretendia fazer. Ela não faz nada disso mais e nem notou que eu sinto falta da sua importância e preocupação comigo. Tudo bem, logo estarei com 19 anos, mas sinto falta da sua atenção comigo. É só nós duas e às vezes quero sua companhia. Mas agora, estou me acostumando a essa nova rotina.