33. Reatar 📚

12.7K 496 444
                                    

Estou arrependida. Ainda tenho tempo de ir embora daqui, mas... Não sei porque não vou. Acho que quero arriscar o que me espera atrás dessa porta.

Aperto a campainha. Dou um passo para trás. Espero por ele, um pouco anciosa talvez. A porta se abre e eu levo um susto pequeno, perdida nos pensamentos. Ele me analisa e eu foco meus olhos em seu semblante, vendo que parece estar tranquilo e não irritado. Minha garganta seca por algum motivo.

- Entra. - ele diz, se afastando, depois de molhar os lábios com a língua.

Entro no seu apartamento, sem cumprimentá-lo, como costumo sempre fazer, apenas por educação, mas sinto envergonhada em fazer isso hoje, em aparecer aqui, depois de me beijar naquele banheiro da academia e depois de dizer que precisava falar comigo. Deixo minha mochila no sofá e me viro para ele, com uma expressão fechada, querendo saber logo o que quer conversar.

- Por qual assunto quer começar? - ele pergunta, parecendo estar sem jeito em estar falando comigo.

- Quero saber o que você queria falar comigo primeiro. - cruzei os braços, encarando ele. Não fazia nem ideia sobre o motivo de querer falar comigo e confesso que estava curiosa para saber o que é.

- Nem sei por onde começar. - ele diz, parecendo estar mesmo perdido e não sabendo o que ia dizer primeiro.

- Vai falar logo ou não? Se não eu pego minha mochila de volta e vou embora. - digo, apressando ele a dizer logo e vejo que dá certo.

- Olha... Eu te devo desculpas. - iniciou o assunto.

- Jura? Por quais coisas tanto? - sou irônica ao falar, não segurando a língua. Não me importava mais se era educada com ele mais, só por ser meu professor ou não.

- Por todas possíveis. Não sei quais são, mas todas as atitudes que tive com você, desde... A primeira vez que a gente se beijou. Sei que sou um completo babaca e venho sendo muito com você.

- Ah, você jura? Nunca percebi isso. - sou irônica de novo, me dando de desentendida.

- Estou sendo sincero. Te devo milhares de desculpas. E não precisa dizer, eu sei que sou um babaca.

- Que bom. Agora, pode ir direto ao assunto?

- Volta comigo. - ele diz, sem delongas e eu travo.

- O quê? - pergunto, soprando as palavras, quase sem ar.

Fico tão perplexa com o que diz, que meus pulmões se prendem, não deixando entrar ar e nem sair. Meu coração está acelerado também e não sei o motivo. Fico parada onde estou, vendo Victor dar um passo até mim, mantendo toda a sua postura nada rígida.

- O que disse?

- Volta comigo. Vamos voltar como antes. Reatar nosso acordo. - ele propõe, com voz suave, sem estar grossa e ela soa tão bem.

Ele parece tão... Ele mesmo. Do jeito que agia comigo, desde o primeiro momento do nosso acordo. Ele está agindo exatamente assim, deixando completamente de lado a sua postura de arrogante e rígido. Pisco e parece que Victor está mais perto de mim.

- Por favor. Vamos voltar como era antes.

- Por que? - solto a pergunta, ainda sem ar. Não consigo processar direito o que está acontecendo.

- Eu errei em acabar com nosso acordo. Tive um problema e ele encheu minha cabeça, que acabei terminando com você. Foi momento. Me arrependi de feito isso no dia seguinte.

- E por que não me procurou? - minha voz engrossa, que nem percebo como mudou tão rápido.

- Sabia que não ia adiantar. Vi que estava decidida a seguir sua vida, assim como pedi e vi que não ia aceitar em reatar tudo. Você estava brava comigo, acha que não percebi? - não respondo.

𝐌𝐄𝐔 𝐐𝐔𝐄𝐑𝐈𝐃𝐎 𝐏𝐑𝐎𝐅𝐄𝐒𝐒𝐎𝐑 𝐁𝐀𝐁𝐀𝐂𝐀Where stories live. Discover now