Aviso de conteúdo sensível.
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— Serena. — Sussurrou na porta depois de três batidas.
A morena havia pegado um pânico, estava encolhida em sua cama e tinha medo de qualquer pessoa, era uma resposta automática ao trauma que havia passado e nem tinha tanto tempo, nem sequer uma semana completa, ainda não era tempo da ferida cicatrizar.
Mexia no babado de um dos seus únicos vestidos e não respondeu, seguiu calada com seu coração acelerado, mesmo sabendo quem era.— Eu vou entrar. — Avisou antes de abrir a porta.
Toda vez que ia lá, Maya avisava antes de entrar para que Serena soubesse quem era, já que ela ainda não se levantava da cama. Era paciente e compreensiva, até Vera era cuidadosa, mesmo com seu jeito um tanto ignorante e sincero demais, haviam se dado bem.
— Serena? — Maria foi a primeira a entrar, correndo até o colchão que a amiga estava deitada e a abraçou com força segurando seu choro enquanto a morena já liberava os prantos sem culpa, era bom ver um rosto familiar depois de tudo, um rosto familiar de alguém que ainda estava ao seu lado e que não tinha vergonha ou culpa por isso.
— Que alívio ver você, Maria. — Confessou em um desabafo.
— Alívio? Alívio digo eu, Serena Kalitch. Que susto você me deu moça. — Resmugou. — Quando descobri o que aconteceu, entrei em desespero com medo de não vê-la nunca mais, só Deus sabe o quanto chorei. — A mulher negra pegou as mãos da amiga.
— Já se conheciam? — Vera questionou confusa.
— Serena era a cigana que eu tanto falei que era apaixonada. — Apressou-se em explicar. — Os olhos cor de mel, lembra? — O rosto das duas mulheres casadas se iluminaram em compressão.
Dava para ver que a morena era uma moça muito bonita, mesmo que agora sua pele estivesse descamando e ela estivesse machucada, era claramente encantadora como Maria fazia questão de citar milhões de vezes... Maya entendeu então, a dona do olhar persuasivo, o mesmo olhar que lhe lançou quando pediu ajuda.
— O que aconteceu? O que aconteceu com você? Com Flora? Com Kassandra? — Questionou, era impossível não enchê-la de perguntas diante dos fatos.
Centenas de dias me fizeram mais velho
Desde a última vez que vi seu lindo rosto
Milhares de mentiras me fizeram mais frio
E eu não acho que possa olhar para isso da mesma maneira
Mas toda a distância que nos separa
Ela desaparece agora, quando estou sonhando com seu rosto...
— Mama faleceu do nada, ela vinha com algumas dores no peito, depois disso Alessandro simplismente me abandonou porque me recusei a casar e ele disse que eu sabia me virar sem um marido, sem um homem, sem ninguém... Depois foi Flora. — Pressionou os lábios, assunto delicado demais, ferida aberta. — Flora e Esmeralda desapareceram. Me tiraram tudo o que eu tinha, Maria, tudo. — Rapidamente já deixou escapar seus soluços, a voz saia soprosa, descontrolada.
Era difícil ver a morena chorar daquele jeito e não se sentir no mínimo comovida, o casal de mulheres se sentaram na cama atentas a ouvir a história de Serena, já que até então a moça não havia contado pois estava sensível demais.
— Como assim desapareceram? — Se preocupou, Flora também era a sua amiga. — Me conte direito essa história. — Observou a morena que parecia mais magra.
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Cartas para Flora - Lésbico. (CONCLUÍDO)
Romance• Livro 2 da saga "Para Nos Eternizar". • Serena era uma cigana que encantava a todos com o seu poder de persuasão e seus olhos cor de mel. Sua beleza estonteante deixava qualquer homem completamente apaixonado, ofereciam dotes extremamente valiosos...