— Você precisa de mais alguma coisa? — Serena questionou.
Estavam na casa da ruiva já fazia algum tempo, a morena teve a total paciência de levá-la para casa de volta, onde tirou a roupa suja que ela vestia, rapidamente arranjou um óleo do mesmo que usou em seus hematomas, passou ele nas manchas da sua amada, pedindo permissão sempre e explicando o que fazia. Também vestiu ela, incluindo suas roupas íntimas e agora terminava de fechar os botões frontais do novo vestido limpo.
Você aperta minhas mãos duas vezes, três vezes
E acredite em mim, eu vou te amar sempre...
— De você. — Flora a olhou com olhos penosos, sua voz saiu trêmula, ela abraçou a cintura da morena com força. — Não vá embora agora, por favor. Não me deixe aqui sozinha. — Estava quase implorando.
Ficar sozinha era pedir para ficar com seus próprios pensamentos e não queria dar ouvidos a eles, eram cruéis demais e sabia que eles iriam maltratá-la repetindo infinitamente tudo o que aconteceu de madrugada.
Serena sabia que não conseguia negar nada, ainda mais com essa fala, depois de tudo o que aconteceu e em pensar que Flora já havia ficado sozinha por tempo demais com as sensações lhe corroendo, não conseguiria ir embora nem se quisesse.
— Me parte o coração vê-la assim. — Confessou a morena beijando o topo da cabeça da ruiva. — Gostaria de poder arrancar de ti toda dor que sente agora.
— Me sinto melhor com você aqui. — Assegurou Flora.
— Então ficarei, só por mais alguns minutos. — Foi carinhosa e resolveu ceder ao que já estava cedido... — Falando em ficar, me dei a liberdade de fazer alguma comida enquanto você terminava as suas coisas. Me desculpe se fui invasiva, mas acredito que não comeu nada e acredito que a janta precisava estar pronta há muito tempo. — Lembrou guiando a ruiva para a cozinha.
— Muito obrigada por isso, mas eu não sinto fome agora. — Disse em desânimo, não se importava com a morena mexendo nas coisas da sua casa, pois se pudesse essa casa também seria dela, ela nunca seria invasiva.
— Eu sei, mas não vou deixar que fique um dia inteiro sem comer, me perdoe. — Serena respondeu.
Havia feito canja também, pois assim como a da ruiva, a que ela fazia era ótima... Era exatamente o que precisava, algo fácil de comer e que fosse dar os nutrientes e a força necessária para Flora até que Serena chegasse no dia seguinte para forçá-la a comer novamente.
— Mas eu não quero. — Ela negou com a cabeça tentando comover Serena com seu melhor olhar.
— Não faça esse olhar pra mim, você precisa comer e eu não abrirei mão disso. — Serena começou a mexer em todas as gavetas procurando por uma louça e um talher.
Até que achou e então serviu o líquido quente, pegando também alguns pães e deixando eles disponíveis em cima da mesa, se afastou e cruzou os braços dando um olhar incisivo para Flora que bufou descontente vendo que não tinha para onde fugir e se sentou à mesa.
— Tá bem, eu irei comer. — A ruiva assegurou mexendo com a colher dentro da canja sem ânimo nenhum. Assim que o cheiro acertou suas narinas, seu estômago se animou e começou a tentar se comunicar, sentia a necessidade de alimento.
— Vamos. — Incentivou a morena observando a ruiva apanhar só um pouco do líquido com o talher. — Um pouquinho mais. — Ela não gostava de ser rígida, mas sabia que com a companheira era assim, até pensou em se oferecer para dar na boca como Flora fizera com ela outra vez, mas tinha certeza que ela não aceitaria.
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Cartas para Flora - Lésbico. (CONCLUÍDO)
Romance• Livro 2 da saga "Para Nos Eternizar". • Serena era uma cigana que encantava a todos com o seu poder de persuasão e seus olhos cor de mel. Sua beleza estonteante deixava qualquer homem completamente apaixonado, ofereciam dotes extremamente valiosos...