Não ignore os sinais.

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Aviso de conteúdo sensível: Violência psicológica.

— Ezequiel? — Flora questionou terminando de servir o café da manhã sobre à mesa.

— Sim? — Ele questionou arrumando suas roupas e se sentando em uma cadeira, estava pronto para ir para o trabalho.

— Está tudo pronto, precisa que eu coloque para você? — Era uma conversa robótica, uma preocupação em atuação, estava fazendo como ele havia pedido.

— Não precisa. — Ele resolveu dar uma folga a ela, parecia estar de bom humor e não queria se estressar com as possíveis coisas que Flora iria fazer de errado, já que não tinha bola de cristal e não lia mentes, mesmo que ele quisesse que a moça tivesse esse poder só para não ter que dar ordens de como gostava do café, ou do pão, ou do bolo.

— Certo, tenha um bom apetite. — Disse um tanto nervosa e aliviada por não precisar servi-lo, a última vez havia sido um desastre.

— Obrigado, querida. Sirva-se também. — Ordenou, pegando uma xícara e colocando na frente dela. A ruiva não queria comer, não sentia nada quando estava perto dele, apenas tristeza e o medo constante de que ele pudesse fazer algo.

Flora queria que ele pelo menos tivesse a preocupação de saber que quando ela tomava café ficava agitada, ou de saber que ela odiava o gosto do leite e por isso não colocava, de saber que não tomava chá com açúcar. Queria que ele se importasse pelo menos um terço, mas ele não era cuidadoso como Serena, a morena sim prestava atenção aos detalhes e certamente iria servir a ruiva de acordo com os seus gostos... E isso não é algo grande demais, é preciso se importar com alguém que você tem um relacionamento, mas Ezequiel não tinha tanta humanidade assim.

— Serena me fez o convite para aprender a bordar junto a ela, dona Kassandra quem irá nos ensinar todos os dias durante a tarde. Você me permite? — Perguntou sentando-se junto ao seu marido e esperando a resposta, não iria levar tão a sério, faria mesmo se ele negasse. Ele não estaria em casa para comprovar.

Serviu a xícara com o café, apenas para não contrariá-lo e iria fingir tomá-lo até que ele fosse embora, depois o jogaria fora, mesmo que Ezequiel deixasse claro que odiava desperdício.

— Pode, contanto que esteja aqui para fazer o jantar. — Ele foi sério ainda que tentasse disfarçar forjando um tom de voz falsamente gentil. Flora sorriu forçadamente. — Não temos filhos por enquanto mesmo. — Despejou a responsabilidade sobre as costas da ruiva. — Não há nada que lhe prenda em casa.

— Seu jantar estará pronto antes mesmo do sol cair, não se preocupe. — Respondeu se limitando, ignorando totalmente o assunto sobre filhos. Pegou um pão, arracou um pedaço e mastigou ele com dificuldade.

— Acho bom. — Ele disse voltando a sua postura de superioridade que antigiu Flora com uma pontada forte de desconforto a ponto dela se remexer na cadeira segurando-se para não respondê-lo. — Apesar de eu não gostar muito da sua amizade com Serena Kalitch. — Revelou enquanto mastigava sem nem se importar se estava sendo mal educado.

— Por que não? — Flora se viu no direito de perguntar e fez uma nota mental para não falar muito sobre Serena, não podia arriscar de que Ezequiel um dia a proibisse de ver a sua amada.

— Ela é mais velha que você e ainda não se casou. — Disse como se fosse óbvio. — É um péssimo exemplo, não gosto que ande com más companhias. Não quero que ela coloque coisas erradas em sua cabeça. — Explicou enojado apenas em pensar na morena. — Uma gaja daquela já era para estar com filhos. — Declarou indignado. — Você irá me prover belos filhos, não é? — Questionou tocando em um ponto sensível para a ruiva.

Cartas para Flora - Lésbico. (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now