Sem mim.

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Aviso de conteúdo sensível: Linguagem explícita, violência física e psicológica.

Divirtam-se?

— Flora. — Ezequiel chamou pensativo observando a moça dobrando as roupas dele.

— Sim, querido? — Ela questionou olhando para o marido.

— Que fragrância enjoada é essa que está em suas roupas? — Perguntou enojado. A ruiva de automático gelou, ultimamente não estava usando perfume e o único cheiro que gostava de sentir era o de Serena.

— Ela está fazendo sucesso no vilarejo, achei que poderia gostar. — Mentiu descaradamente sem demonstrar o seu nervoso, ele então sorriu, gostava de ser agradado.

— Não gostei, pare de usá-la o quanto antes. — Ele se aproximou  e ela assentiu concordando, acatando a ordem.

Estava de bom humor, abraçou a mulher por trás roçando os pelos da sua barba na nuca dela, Flora se arrepiou, mas foi por causa de um calafrio ruim. Fechou seus olhos temendo a ele e controlou seus impulsos ao sentir aquela boca seca beijar sua pele, segurou-se para não impedi-lo, ou ser agressiva, ficou imóvel. Como não conseguia sentir nada pelo seu marido? Nada além de nojo. Ele colou mais os corpos começando a ficar mais bruto, ela revirou seus olhos prestes a reagir, queria ter a coragem de empurrá-lo para longe, mas sabia que se fizesse as coisas não ficariam boas para o seu lado.

— O que é isso? — Parou abruptamente o que fazia e puxou atrás a gola do vestido para baixo, o tecido enforcou Flora pela frente.

— O quê? — Questionou ela engolindo em seco e começando a tossir pela falta de ar. Serena havia deixado a marca de um arranhão, não foi intencional e a morena implorou por desculpas, felizmente não era tão marcado e a ruiva achou que passaria despercebido por Ezequiel, caso usasse vestidos de gola alta até que ele sarasse.

— Esse arranhão. — Seus olhos verdes encontraram os azuis através do espelho, ele gostava de ver a pele pálida começando a se avermelhar.

Ezequiel era extremamente instável e quando se tratava de Flora sua implicância ficava maior, tudo que ela fazia era motivo para raiva três vezes piorada, ficava cego.

— Eu... — Disse em dificuldade sentindo sua garganta doer. — Não consigo respirar. — Sua boca entreaberta tentava puxar ar, mas a quantidade de oxigênio que ia até os seus pulmões era mínima. O homem só ficou satisfeito quando viu o corpo começando a perder as forças e soltou, esperando uma resposta, vendo ela respirar ofegadamente. Ezequiel era naturalmente maldoso. — Eu estava fazendo faxina e entrei por baixo da nossa cama, tem uma madeira quebrada e ela me feriu. — Falou em desespero, sabendo que realmente havia a madeira.

O homem logo se abaixou para averiguar certificando-se de que era verdade o que sua esposa falava. Ela se sentou um tanto zonza em sua cama, sentindo ódio.

— Eu mesmo arrumarei quando chegar do trabalho. — Respondeu em seriedade ignorando totalmente o que havia feito. — Trate de passar um óleo nisso. — Ordenou.

Flora tirava as roupas do varal na frente de casa e outra vez era hora do marido sair para trabalhar, Serena aguardava sentada na porta de casa, olhando sua mulher de longe.
Naquele dia estava estressada com tudo, estava incontrolável, agitada, nervosa e não sabia o porquê, sua intuição gritava alto, berrava em seus ouvidos, mas Serena ignorava de todas as formas, não deveria fazer isso, sua mãe ordenou para que ela não fizesse isso, mas ela insistia no erro. Algo pedia para que ela entrasse, só que ela seguiu ali sentada.

Cartas para Flora - Lésbico. (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now