Cartas para Flora - Lésbico. (CONCLUÍDO)

Apenas amigas, não é?

"Olá! Eu também vi você!

Em resposta a sua carta, sim, vamos quebrar paradigmas, Serena.

Eu quem acabei me perdendo em seus olhos, são bonitos e brilhantes, quase amarelos como mel ou ouro. Hipnotizantes.

Adorei o nosso encontro, você acertou em cheio no chá, adoro Cidreira... Me acalma facilmente. É uma pena que tive que ir embora logo, quase não deu tempo de me despedir de você.

Não é preciso me tratar com aquela cordialidade toda, sei que nossa comunidade é conhecida por isso, mas me trate como uma amiga. Somos amigas agora, não é?

Meus pais irão sair durante essa tarde, te convido para tomar um chá comigo novamente, dessa vez em minha casa.

Te esperarei ansiosamente quando o sol começar a se pôr.

Um abraço!

- Flora."

A ruiva aproveitou que podia sair por um momento sozinha e resolveu devolver a carta para a morena que morava ao seu lado. Ainda que fosse apenas entregar o papel, se arrumou por inteiro e na hora de espirrar o perfume em seu corpo, também espirrou ele na folha, queria devolvê-lo cheiroso da mesma forma em que o dela veio. Pois, havia passado horas tentando identificar qual era a fragrância usada, mas nada vinha em sua mente, era um cheiro específico que iria descobrir do quê.

Escondiam o fato de estarem trocando cartas porque não era correto, era suspeito. O que duas moças queriam trocando papéis as escondidas?

Flora colocou o envelope em sua cesta e esperou seus pais saírem de casa, então partiu para a casa de Serena, onde bateu três vezes e empurrou a carta por baixo da madeira, seguiu seu caminho andando como se não tivesse feito nada. Ela costumava ser extremamente medrosa, não fazia nada que fosse infligir as regras que seus pais impunham, inclusive, uma delas era para que a mulher não lesse cartas sem mostrá-las para eles antes, era obrigatório.

A ruiva sabia que o que estava fazendo era errado, mas gostava da sensação, gostava da adrenalina de precisar fazer isso de forma escondida, em segredo, e também não via tanta maldade em trocar cartas com uma amiga.

Afinal, eram somente amigas, não é?