Perfeita.

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Maria conversava distraídamente com Serena em um tom alto, pois uma estava na cozinha e outra no quarto deitada, aproveitavam que todos estavam fora de casa.

— Por que você desapareceu? — A moça gadgé se referia ao sumiço repentino de Serena depois do término das duas.

— Eu precisei ficar em casa, minhas saídas começaram a chamar atenção... E eu fui crescendo, muitos homens começaram a me reparar e era bastante perigoso andar sozinha. — Respondeu distraída.

— Ah, não seja modesta, Serena. Você consegue fazer qualquer pessoa comer na palma da sua mão, além de saber se defender. Não é uma criança e eu sei muito bem disso, você também. — Foi sincera, rindo ironicamente da resposta que havia recebido... Era mais fácil enganar outra pessoa.

— Tudo bem... — Suspirou cansadamente. — Eu achei que fosse saudável que nós nos afastassemos, eu não queria partir seu coração... E tudo o que eu queria no centro, eu já havia conseguido colocar na minha casa, então não via motivos para continuar ali. — Foi sincera.

— Hum... Você também não queria se apaixonar por mim. — Maria tentava levar tudo em um bom humor. — Mas nem adiantou, você partiu meu coração do mesmo jeito me deixando sozinha. — Ela gargalhou contagiando a morena que havia ficado feliz que ela comentasse tudo em diversão.

— Ah, não me leve a mal, Maria, você é uma moça encantadora. — Serena tentou amenizar a situação.

— Eu sei que sou. — A moça gadgé seu de ombros.

— Mas é que era tudo novo pra mim, eu definitivamente não estava pronta para viver um romance. — Comentou em naturalidade.

— Enfim, sobre a casa... — Várias informações acertavam sua mente. Serena vivia falando que tinha uma casa sozinha e aquela conversa não convencia Maria, até porque era difícil até a moça andar sozinha quem dirá ter uma casa somente para si, mas agora havia se certificado de que era verdade. — Eu via você falando com outros homens, como você conseguiu as coisas para a casa sem dinheiro algum? — Franziu o cenho depois que a digeriu a informação.

— Eu tenho meus modos. — Serena respondeu sorrindo. — Isso não quer dizer que eu me orgulhe do que já fiz, mas não anula de qualquer jeito.

— Você tem os seus olhos e o seu corpo. — Corrigiu. — É um conjunto completo, infelizmente os homens só se importam com isso.

— Não me diga que você não se importa com isso. Sei que gosta deles. — A morena instigou brincando. Era novidade que falassem do assunto com tanta maturidade e naturalidade ainda que ele doesse em uma das duas partes.

— É óbvio que me importo, são muito bonitos para não serem contemplados. — Foi sincera, sempre era. — Diga-me, como conheceu o seu amor... Como se apaixonou por ela? — Suspirou pesadamente ao puxar o assunto.

— Ela era nova no vilarejo, havia mudado justamente para se casar... Me atraí por Flora assim que meus olhos esbarraram nela. Só que as orbes azuis dela pousaram primeiro em mim e eu peguei ela exatamente no momento em que me encarava de baixo para cima. — Serena terminava de dobrar suas roupas no quarto enquanto falava.

— Não me diga. — Disse encostando-se no balcão de madeira, estava se divertindo com as informações.

— Você sabe que sou atrevida, escrevi uma carta e coloquei embaixo da porta da minha nova vizinha. O sorriso dela ao indentificar que  era pra ela me ganhou por inteiro, então nós viramos amigas. — A morena saiu do quarto para ver as reações da amiga, encostou-se na parede, longe de Maria. — Tinha dúvidas se havia recebido mesmo aquele olhar da primeira vez, então resolvi provocá-la e dancei para ela, até recebê-lo de novo.

Cartas para Flora - Lésbico. (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now