Minha garota.

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Serena acordou cedo naquele dia, algo colocava seu coração em modo de desespero, talvez um pressentimento que fazia a moça ficar agitada, nervosa e preocupada, principalmente com a sua esposa.

À medida em que as horas iam passando, sua ansiedade aumentava em níveis extremos, a noite começava a cair e ela havia acabado de deixar Flora sozinha em casa com muita relutância.
Outra vez a ruiva não estava tão bem, novamente com dores de cabeça que agora já faziam parte da sua rotina e pioravam a cada dia que passava, com mais um bônus, uma dor imensa na barriga que foi capaz de colocar a morena em total alerta pois por suas contas mentais, a ruiva já estava em seu nono mês de gestação e ela sabia que mulheres tinham o bebê nesse nono mês.

Ofereceu tudo para a mulher, chegava a ser sufocante por causa de todo cuidado que tinha e só foi embora porque Ezequiel estava prestes a chegar, pelo menos era aquele horário em que ele costumava chegar todos os dias.
Deixou a casa com um aviso, para que Flora gritasse caso precisasse de ajuda, ameaçou até dormir na varanda para acudi-la caso a ruiva tivesse algo, mas depois da sua esposa lhe acalmar, aceitou ir para casa.

Porém isso não significava que Serena conseguiria dormir ou fazer outra coisa naquela noite, andava de um lado para o outro agitada e saía na porta de dois em dois minutos encarando a residência que ficava do outro lado, atentava seus ouvidos para procurar algum chamamento, mas nada acontecia.

A dançarina sabia que não ia ficar em paz sem checar a moça e implorou a mãe para que ela a deixasse sair, dessa vez disse com todas as letras que tinha um pressentimento e sabia que a matriarca era extremamente fiel a eles, então permitiu, avisando que iria dormir e que era para Serena chamar se houvesse algo...

Arrumaram uma desculpa, prepararam uma comida de última hora e mais chá da alfazema azul que Serena havia buscado dias antes outra vez no topo do monte, ele realmente havia tido efeito, não cessava as dores de cabeça da mulher grávida, mas diminuia a intensidade e era seu único salvamento. Visto que Ezequiel nunca se colocou disponível desde que foi apresentada essa nova solução, Serena quem se encarregava de ir de semana em semana colher mais.

Em passos longos e apressados a morena andou até a casa da esposa, quase corria, ao abrir a porta se deparou com o que seu coração avisava, uma Flora com bochechas extremamente coradas, o corpo inteiramente suado tanto que uma gotícula ameaçava pingar da ponta do seu nariz, a boca entreaberta inspirava e expirava com força, uma mão no balcão da cozinha apoiava ela e a outra estava em sua barriga provavelmente sinalizando onde havia algo de errado, os pés inchados e suas pernas tremiam, entre elas uma enorme poça de água no chão.

A morena soltou as coisas de qualquer jeito no sofá e correu até a mulher que gritou de dor, franzindo o cenho e fechando as pálpebras com força, ergueu a cabeça para cima e continuou sua respiração de forma agitada.

— Flora, meu Deus. — Se desesperou segurando a esposa por trás que rapidamente desmontou se apertando nela, apoiando a cabeça no ombro moreno e gritando outra vez. — Calma, eu cheguei. Você não está sozinha. — Falou sabendo em que ponto estava chegando, tudo sobre a gravidez da ruiva a asusstava e confessou para Serena que tinha com medo de ficar sozinha, acabar passando por tudo sozinha.

A morena prometeu que isso não iria acontecer.

Serena logo identificou, ou pelo menos imaginou que fosse, a ruiva estava entrando em trabalho de parto... E ela não fazia a mínima ideia do que fazer, ainda não tinham tido essa conversa, decidiu agir pela intuição e por todo o cuidado que tinha com a esposa.

— Cadê o Ezequiel? — Questionou tentando conter a raiva que tinha pelo homem.

— Era pra já ter chegado, mas até agora nada. — Respondeu com a maior dificuldade. — Não é culpa minha, não é? — Perguntou temerosa. — Eu disse pra ele que não me sentia bem hoje... Não é culpa minha se ele não está aqui, não é? — O medo de Ezequiel era maior que o medo de estar sozinha.

Cartas para Flora - Lésbico. (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now