Tudo o que eu preciso.

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Um mês havia se passado desde a conversa de Serena com Flora sobre gravidez, a morena tinha que admitir, acalmar sua mulher naquele dia havia sido o mais difícil de todos, ainda passar confiança e precisar listar pontos positivos daquela situação era complicado. Entendia a dor e também a sentia, claro que não na mesma intensidade, mas sabia que ela tentava expulsar toda a confusão interna por meio do choro, naquele momento abraçou a sua esposa e se permitiu externalizar tudo o que doía, até seus olhos ficarem inchados.

A pedido da ruiva, combinaram que não contariam a ninguém, nem mesmo para o pai da criança até se certificarem se ela realmente estava em uma gestação, até que sua barriga crescesse mais. E não deu outra saída, não tinha mais como esconder aquela informação, não tinha mais como negar, não havia mais para onde fugir.

O casal de mulheres conversaram seriamente outra vez, onde Flora quem precisou acalmar os ânimos no novo diálogo já que Serena era quem estava totalmente insegura, era a chegada de uma nova vida, e como não era sua filha em sangue, como não estava gerando aquele bebê, tinha medo do que podia acontecer. Não sabia das regras, não sabia até que parte da criação daquela criança participaria, não sabia como seria apresentada, não sabia se faria parte daquele processo de verdade.

Limites foram estabelecidos e chegaram a conclusão de que Flora contaria a notícia apenas para o marido, ela também deixou de forma clara que Serena tinha total liberdade ali, sobre ela e sobre seu bebê, já que as duas estavam casadas de verdade e a morena era a pessoa que mais confiava na vida e a única a quem dividiria verdadeiramente um filho.

A reação de Ezequiel ao receber a notícia foi estrondosa, pulando de cabeça em um poço de coisas ridículas como gritar e assustar a mulher grávida, beirando o repugnante de tão falso que foi. Agarrou Flora em seus braços e beijou a barriga pálida de todas as formas, a ponto de ela começar a enjoar e depois da carícia se benzeu para espantar qualquer energia que o homem havia deixado ali, evitaria ao máximo que ele a tocasse.

A alegria foi momentânea, fez até a ruiva iludir-se de que ele seria prestativo por pelo menos nove meses, como mandava a tradição, assim que a mulher engravidava quem tomava os comandos e os cuidados da casa era o marido justamente para que ela não se esforçasse. Enganou-se profundamente, quando ele chegava do trabalho dava um beijo na barriga e um selinho na mulher para fingir que se importava, até perguntava como havia sido o dia, mas quando Flora pedia ajuda por alguma dor ou para fazer algum movimento, ignorava totalmente sendo o belo imprestável que sempre foi. 

Quem estava fazendo o papel de prestativa era Serena, do jeito que podia, escondido da sua mãe. Lavava, passava e cozinhava para sua esposa, e apenas para ela, não iria se comportar nunca como uma serviçal de Ezequiel... Alimentava Flora até ela sentir-se satisfeita, a morena quem provia os alimentos, lavava as roupas da ruiva com seus próprios produtos de limpeza, e o homem... O homem que desse seu jeito, já que não fazia absolutamente nada pela mulher grávida, Serena não iria fazer absolutamente nada por ele.

— Serena Kalitch! — Kassandra falou entrando no quarto da morena, onde ela estava conversando com Maria sobre seu casamento. — Olá. Bom dia, Maria. — Notou a presença da mulher e foi educada por alguns segundos. — Por que não me disse que Flora está grávida? — Cruzou seus braços indignada.

— Flora está grávida? — Maria disse em sobresalto, lançando um olhar fuzilante para Serena, com raiva porque ela não havia contado.

— E como a senhora sabe disso? — A morena questionou.

— E tem como não notar aquela barriga? Eu logo vi ela toda diferente. — Cruzou os braços.

— Não fui eu, eu juro. — Serena tentou apelar para o humor e ainda viu a expressão da amiga vacilar querendo rir, mas sua mãe continuava séria.

Cartas para Flora - Lésbico. (CONCLUÍDO)Där berättelser lever. Upptäck nu