105.

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Anna

Dor, dor, dor, MUITA dor.

Confesso que nesse exato momento estou repensando no fato de ter outros filhos além do Theo, porque a dor que eu estou sentindo é descomunal.

Sinto outra pontada insuportável tomando conta do meu corpo e quase grito de felicidade quando vejo o enfermeiro entrando e dizendo que já podemos ir à sala de parto, ele arruma a cama onde estou e me leva para fora do quarto, e tenho uma surpresa maravilhosa quando vejo as pessoas que estão no corredor.

Rô, dona Jô, Íris, Preto e Lopes.

Anna: Vocês... — Faço um beicinho e choro ainda mais emocionada por eles estarem ali. — Não sabia que viriam já.

Rô: Jamais iríamos deixar pra vir só depois, estamos aqui pra te apoiar. — Ele se aproxima da cama e beija minha testa suada. — Bom parto meu amor, já deu tudo certo, eu te amo.

Íris: Amiga! Amo você, que Deus te acompanhe nesse parto e saiba que já deu tudo certo! — Recebo outro beijo na testa e sorrio.

Preto: Te amo melhor amiga, não vejo a hora de ver esse moleque. — Ele vem até mim e pega minha mão a beijando com carinho. — Deus tá com vocês.

Lopes: MINHA melhor amiga. — Dou risada em meio às lágrimas quando vejo ele empurrando o Preto com o quadril e vem até mim para beijar minha bochecha. — Tu é forte pra caralho, logo logo nois se vê de novo.

Anna: Obrigada mesmo gente, é muito importante para mim que vocês estejam aqui nesse momento. — Respiro fundo e olho para o Pierre que observa tudo com um sorriso no rosto. — Já já o Theozinho tá aqui pra vocês mimarem muito.

O enfermeiro avisa que agora precisamos ir e meu coração só falta sair pela boca quando finalmente chegamos a sala de parto.

É assustador, não vou mentir, tem bastante enfermeiros preparados e a sala já está toda arrumada.

Dra.Clarisse: Bom Anna, eu vou te dar uma pequena dose da anestesia, então peço que você tente relaxar o máximo que puder e não se mexa. — Eles me transferem para a mesa de cirurgia e a doutora me auxilia como devo ficar, me curvo e respiro fundo sentindo a picada da agulha nas costas. — Pronto, podem deitar ela.

Os enfermeiros me deitam e eu respiro fundo tentando não surtar, a todo momento o Pierre aperta minha mão de leve para lembrar que ele está aqui comigo.

Anna: Eu tô com medo. — Tremo o queixo e deixo mais lágrimas caírem pelo meu rosto, uma auxiliar vem até mim e coloca o oxigênio no meu nariz. — Não solta minha mão.

Pierre: Nunca soltei e nunca vou soltar. — Ele beija minha testa rapidamente e sorri com lágrimas nos olhos. — Tu é fortona e eu já te falei isso, nosso filho tá louco pra vir até nois.

Dra.Clarisse: Anna, quando você sentir a próxima contração eu quero que você faça o máximo de força que conseguir. — Ela está a minha frente e eu balanço a cabeça em positivo. — Você consegue.

Uma contração fortíssima vem até mim e eu faço o que ela pediu, faço uma força que nunca imaginei que conseguiria, sinto minha garganta secar com o grito que dou e deito a cabeça no travesseiro me sentindo completamente exausta.

Pierre: Bora Anna, tu consegue! — Ele me encoraja dizendo as palavras ao pé do meu ouvido e eu aperto a mão dele com força. — Pode quebrar minha mão se quiser.

Anna: AAAAAAAAAAAAAAAAAAH! — Grito a todos meus pulmões quando sinto outra arrebatada da contração e faço mais força do que a última vez, mas nada sai. — Eu não vou aguentar.

Dra.Clarisse: Claro que vai, eu já estou vendo os cabelinhos dele daqui! — Ela diz animada e com um sorriso na voz. — Próxima contração quero mais força ainda!

Pierre: Bora minha Estrella, Theozinho tá doido pra sair! — Ele beija o topo da minha cabeça e eu choro sôfrega. — Eu te amo, eu te amo. — Sussurra.

Anna: PIERREEEEEEEEEEEE! TA DOENDO MUITO. — Já perdi as contas de quantas contrações vieram, mas essa eu senti rasgar até a minha alma, minha garganta já deve estar completamente machucada pois sinto gosto de sangue. — Por favor, Theo...

Mais uma contração vem e eu faço uma força tão, mas tão grande que de imediato sinto um ardor insuportável mas em seguida o alívio, e quando estou preparada para perguntar ouço o chorinho do meu neném.

Meu Theo.

Dra.Clarisse: Mas olha só que meninão grande e cabeludo! — Levanto minha cabeça levemente para olhar e vejo meu pequenino nos braços da doutora e ouço o choro do Pierre. — Quer cortar o cordão umbilical, papai?

Pierre: E-eu p-posso? — Sorrio em meio às lágrimas e estímulo ele a ir. — Meu Deus, que loucura.

Vejo ele indo até nosso filho e cortar seu cordãozinho, a doutora enrola ele em uma manta do hospital e entrega o mesmo para o Pierre segurar.

Não sei como é possível uma pessoa chorar tanto e ainda ter lágrimas para permanecer chorando, pois quando vejo ele segurando nosso filho soluço um choro que vem lá do fundo do meu peito até a garganta.

Que cena linda, eu nunca estive tão feliz na minha vida inteira.

Pierre: Oi mamãe, cheguei. — A voz dele é completamente embargada e eu sorrio em meio às lágrimas quando ele coloca o Theo no meu colo, abraço o pequeno com cuidado e sinto o cheirinho dele. — Moleque é cabeludo pô, puxou você.

Anna: Oi filho, mamãe tá aqui. — Ele continua abrindo o berreiro e eu dou risada, beijando a pontinha de seu nariz. — Chorão da mamãe.

Pierre: Ô moleque, precisa chorar não pô. — Ele chega pertinho do rosto do Theo e sussurra baixinho. — Seus papais estão aqui agora, pra cuidar de tu...

Incrivelmente o Theo para de chorar para prestar atenção no que está ouvindo, sorrio emocionada com aquilo.

Anna: Conversar com ele na minha barriga deu certo, ele reconheceu sua voz... — Ele me dá um selinho nos lábios e sorri. — Eu te amo demais, amo tanto vocês dois.

Pierre: Eu amo muito mais, vocês são as coisas mais preciosas da minha vida. — Ele faz carinho no rosto do Theo com as pontas dos dedos e me dá outro beijo nos lábios. — Tô completão 100% agora, papo reto.

Eu também estou completa, agora com os dois homens da minha vida comigo.

Vermelho Fogo [M] Onde histórias criam vida. Descubra agora