95.

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Pierre

Sabe quando tu acorda com uma puta ressaca moral e sente que fez/falou merda? Então, é isso que tô sentindo agora que acordei e tô há meia hora olhando pro teto com vergonha de sair do quarto.

Depois da nossa discussão ontem eu saí puto de casa sem olhar pra trás e parti pro baile, e se arrependimento matasse eu nem tava aqui pra contar história.

Bebi igual um filho da puta e nem sei como cheguei em casa e como vim parar na cama.

Levanto rapidão e vou pro banheiro tomar uma ducha gelada e fazer minhas higienes, coloco apenas uma bermuda e um chinelo e saio do quarto pra procurar a Anna.

Desço as escadas e na sala ela não tá, nem na cozinha, na lavanderia e em nenhum canto, subo novamente e viro a esquerda no corredor e vejo que a porta do futuro quarto do Theo tá aberta.

Encosto no batente da porta e fico observando a Anna por vários minutos, ela tá sentada no chão dobrando as milhares de roupinhas do nosso filho, sorrio e entro no cômodo me sentando ao seu lado.

Pierre: Bom dia. — Beijo sua bochecha e ela sorri fraco sem olhar pra mim. — Perdão por ontem, tô com a sensação de que falei alguma parada pra tu e nem sei como cheguei em casa e fui deitar na cama contigo.

Anna: Você falou umas besteiras mas eu relevei por você estar caindo de bêbado. — Ela fala baixo e respira fundo terminando de dobrar as roupinhas. — Tu pegou no sono lá no sofá mesmo e eu subi pro quarto, pouco depois tu foi pra lá e deitou comigo.

Pierre: O que eu te falei? — Ela nega com a cabeça e eu insisto, pegando em seu rosto e fazendo-a olhar pra mim. — Fala pra mim, princesa.

Anna: Tu disse que eu era chata pra caralho e que eu precisava mesmo ir pra terapia mudar isso. — A voz dela falha e algumas lágrimas caem pelo seu rosto, sinto uma raiva descomunal pelo o que eu falei. Cuzão. — Eu marquei ontem mesmo pelo aplicativo uma sessão, a Íris vai vir me buscar pra me levar.

Pierre: Me perdoa Anna, eu tava com muita merda na cabeça e acabei falando essa besteira pra tu. — Passo a mão na nuca nervoso. — Não quero que tu se sinta pressionada a ir por minha causa não, vai quando tu se sentir à vontade.

Anna: Não, quanto antes eu for melhor eu fico...Eu quero estar bem pra quando nosso filho já estiver aqui com a gente. — Ela seca as lágrimas e suspira pesadamente. — E me desculpa pela briga de ontem, eu fiquei muito feliz por você sair do crime pra poder dar uma vida de sossego pra nossa família. Mas eu senti como se estivesse tirando isso de você, tirando de você uma coisa que você sempre quis.

Pierre: As coisas mudaram no exato segundo em que você entrou na minha vida, não vou ser escroto ao ponto de mentir pra tu e dizer que nossa vida vai melhorar e vamos viver no sossego total porque não, mas prometo que vamos ter mais paz do que caos. — Coloco uma mecha de cabelo atrás de sua orelha. — Tu e o Theo são minha prioridade agora, e se eu precisar perder todo esse meu poder eu perco sem pensar duas vezes.

Anna: Eu te amo, eu te amo tanto. — Ela me abraça e senta no meu colo com uma perna de cada lado. — Não gosto que a gente brigue, dói meu coração.

Pierre: Dói o meu também princesa, tu me desarma todo. — Dou risada e ela sorri beliscando minha barriga. — Tava demorando tu me beliscar.

Anna: Vou ensinar o Theo a fazer isso também, ai tu vai ver.

Pierre: E eu vou ensinar ele a ser cachorrão igual o pai e pegar as menininha no bailão. — Ela me dá um tapa dolorido no braço e eu dou risada. — Teu tapa dói, porra.

Anna: Vai ensinar ele a ser um gentleman. — Franzo a testa.

Pierre: Que porra é essa maluca? — Ela põe a cabeça pra trás e gargalha. — Tá falando outra língua agora?

Anna: Quer dizer cavalheiro, temos que ensinar ele a ser assim.

Pierre: Pô, vai nem poder ser bandido? — Ela nega com a cabeça e eu finjo estar chateado. — Porra.

Anna: Quero saber disso não, se Deus permitir ele vai ser um homem sério e com uma carreira que não envolva sexo, drogas e rock n' roll.

Vermelho Fogo [M] Where stories live. Discover now