98.

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Pierre

Chegou o dia da reunião com o comando, tô ligado que não vai ser nada fácil mas vou fazer de tudo pra sair dessa porra, se precisar ter que rever a porra do vídeo que tá nos meus piores pesadelos eu vejo sem k.o.

Ainda tô na cama com a Anna e dou um dez antes de levantar e ir fazer minhas coisas, ainda é 5:30 da manhã e marcamos às 6:30 até porque quanto mais cedo começar mais cedo vai terminar.

Tiro o braço com cuidado de trás da nuca dela e ela resmunga algo que não entendo e vejo quando a camisola levanta e deixa amostra todo seu barrigão, sorrio com a cena e me abaixo pra poder dar vários beijos ali.

Pierre: Bom dia molecão. — Falo em um sussurro pra Anna não acordar e sinto a ondulação se formar bem onde tô com os lábios, sorrio e acaricio aquela região com a mão e dou mais um beijo. — Papai te ama pô, cuida da tua mãe até eu voltar. — Levanto a cabeça e acaricio o rosto da minha mulher que dorme como um anjo.

Pego uma roupa no guarda roupa, uma bermuda de moletom preta e uma camisa da lacoste da merma cor, vou pro banheiro e tomo um banho quente pra caralho pra dar uma relaxada.

Saio do box e me seco rapidão, escovo meus dentes, passo um desodorante, perfume, visto minha roupa, coloco meus cordão de ouro, relógio e dou uma ajeitada no cabelo.

Entro no quarto de novo pra colocar meu tênis e pego o celular vendo que já são 6:00, escrevo uma mensagem pra Anna pra ela ler quando acordar e saio do quarto fechando a porta com cuidado.

Desço as escadas e vou até a cozinha só pra tomar um café preto e logo saio em direção a garagem pra pegar minha moto e partir pra casa do cara, Preto já avisou que tá a caminho de lá e vai me esperar lá na frente.

O irmão do Jorge mora na pista e ele faz reuniões sempre no escritório dele, então é lá mermo que marcamos.

15 minutos e já cheguei no local indicado, estaciono a moto e vejo o Preto me esperando na calçada, desço guardando a chave no bolso e cumprimento ele com um toque de mão.

Pierre: Vamo terminar com essa porra logo. — Ele da uma risada e concorda com a cabeça. — Terminar pra mim, porque pra tu só vai começar chefe.

Preto: Vem com esse papo de chefe não porra, logo tu? — Dou risada e toco a campainha da casa, a pessoa pergunta quem é e me identifico.

O portão é destravado e entramos em passos rápidos até dentro da casa, chegando lá uma senhora que provavelmente é a empregada nos leva até o escritório e eu bato na porta informando que estou ali.

Zeus: Pode entrar. — Abro a porta do escritório e na merma hora bato o olho com o Zeus, ele sorri de lado do jeitão dele e eu permaneço sério na minha postura. — Pode sentar aí Pierre, e tu também Preto.

Enquanto adentro o cômodo começo a ver que mais gente tá por ali, mais ou menos uns 10 cara pra cada lado armado até a boca, mas não me intimido até porque também tô com a minha glock no cós da calça.

Pierre: Bom dia. — Falo seco e alto e em bom tom pra geral ali ouvir mas só foco meu olhar no homem corpulento a minha frente, me sento na poltrona em frente a ele e vejo o Preto se sentando ao meu lado.

Zeus: Tu cresceu, Pierre. — Ele cruza os braços no peito me olhando sem desviar. — Não só de corpo mas como de mente também, consquistou muita parada dahora.

Pierre: Tô ligado, mas meu papo aqui é outro. — Ele franze a testa me observando e eu endireito mais minha postura colocando as mãos em cima da mesa de vidro. — Seguinte: Tô renunciando meu cargo de dono lá no Vidigal pra poder focar 100% na minha mulher e no meu filho, e antes que perguntem eu já tenho uma pessoa de confiança pra colocar no meu lugar que é o Matheus. — Aponto pro homem ao meu lado. — Que coloquei como meu sub chefe.

Zeus: Pera aê. — Ele passa a mão na barba e me dá uma risada seca, nesse momento eu vejo que não vai ser fácil eu tirar essa porra das minhas costas. — Tu não pode simplesmente chegar aqui do nada e falar que vai pular fora do barco pra cuidar de mulher.

Pierre: Mulher e meu filho, tem duas pessoas envolvidas nisso. — Falo grosso já perdendo minha paciência. — Creio que podemos fazer essa parada acontecer sem dificuldade, teu irmão me considerava pra porra e tu sabe muito bem disso, não sou qualquer um não. — Passo a mão na minha glock e volto a falar. — Pode parece pouco pra vocês, mas é a única coisa que eu falo: Tô saindo por bem ou por mal, mas vou cuidar da minha família.

Zeus: Tu já chegou aqui com tudo armado, porra. — Ele levanta a voz pra mim e eu dou uma risada seca sem humor nem um. — Nois nem conhece teu parceiro direito pra tu já jogar ele pra ser chefe da favela, qual foi?

Pierre: Não conhece o caralho, o maluco é o meu melhor atirador porra, salvou a vida da minha mulher uma vez. — Aumento mais a voz e percebo a movimentação dos homens dele ao meu lado, mas não me intimido. — Faz nem uma semana que voltei de São Paulo com a minha mulher, ela tá com a gravidez de risco depois da merda que aconteceu lá com o desgraçado do pai dela que resolveu aparecer.

Zeus: Que história é essa?

Pierre: Não ficou sabendo? — Ele nega com a cabeça e eu respiro fundo. — Mandei ela pra São Paulo por conta da ameaça que ela e meu filho receberam com um corpo jogado na quebrada com um bilhete costurado no tórax. — Passo a mão no rosto estressado por ter que voltar nesse assunto. — Resumindo: Bateram no meu carro quando eu tava indo atrás do cuzão, entraram no prédio que ela tava lá em SP, ela conseguiu fugir mas perdeu muito sangue por conta do nervoso, pegaram ela de dentro do jatinho e levaram pra um galpão abandonado, ela foi espancada, humilhada, deixaram ela nua e pendurada igual um bicho, e ainda por cima o cara tentou queimar ela viva.

Sinto minha garganta seca pelo tanto que falei e meu coração dispara só de imaginar a cena na minha cabeça de novo.

Zeus: Não é possível. — Ele da uma risada sem humor e olha para os caras dele. — Não é possível que vocês não ficaram sabendo disso e não me falaram.

Pierre: Se saindo da minha boca tu ainda tá com o pé atrás, então eu te mostro a porra do vídeo que o filho da puta do Antônio me mandou. — Pego o celular e desbloqueio colocando o vídeo pra rodar, jogo o aparelho na direção dele que pega e observa o conteúdo em choque puro. — Foi isso que me fez renunciar e perder toda a regalia, é pouco pra tu? Não quero mais ver minha mulher na linha de frente por minha causa, ela quase morreu, meu filho quase morreu e se isso acontecesse eu não estaria aqui pra contar história, pois com certeza me mataria com um tiro no meio da testa.

Pego o celular de volta e me levanto indo em direção a porta.

Zeus: Pierre.

Pierre: Eu já falei, nem que eu tenha que sair fugido do Rio de Janeiro! Eu renuncio essa porra, quer vocês queiram ou não. — Falo entredentes olhando pra ele de novo. — É minha família em jogo, não é só eu.

Zeus: Pierre, tá aceito tua renúncia. — Percebo que tava segurando o ar quando ele começa a se esvaziar dos meus pulmões. — Eu não tinha a mínima ideia de que tua mulher tinha passado por tudo isso, e papo reto? Ela é tão forte quanto você, e teu filho também. Amanhã mermo o Matheus pode anunciar que é o novo chefe do Vidigal, e pode contar com a minha ajuda e dos meus homens pra proteger tua esposa.

Pierre: Valeu aê, Zeus, de verdade. — Ele se aproxima de mim e pega na minha mão, dando leves batidas.

Zeus: É lindo de ver como tu defende tua família, torço mermo pra que tu e eles sejam muito felizes. — Ele sorri e eu balanço a cabeça em positivo. — Saúde pra tua cria.

Pierre: É nois. — Viro as costas e saio sem falar mais nada, desço as escadas com pressa e vou até a moto sem acreditar que agora eu tô realmente livre disso tudo.

Sei que não é 100% até porque muita gente me conhece, mas só de não estar mais na linha de frente e poder conseguir tirar a Anna e o Theo disso tudo me dá um alívio do caralho no peito.

Vermelho Fogo [M] Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang