Capítulo 87 - Ciúmes

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Camila Cabello  |  Point of View





Eu estava acendendo os incensos do templo e senti uma calmaria enorme no meu peito. Nem precisei me virar para saber que Bia estava ali.

— Bom dia, princesa.

— Bom dia, papi.

— E sua mama?

— Foi buscar alguma coisa na padaria. Não tomamos café.

— Ela estava muito enjoada?

— Essa manhã não. Ela tomou o chá que a senhora fez. – Me sentei no tapete em frente ao pedestal e logo ela estava sentada ao meu lado. — Papi, a professora contou que os budistas procuram a iluminação. O que é isso?

— Iluminação... é quando a pessoa consegue controlar a própria mente de maneira tão plena que vira Buda.

— Você conseguiu?

— Não. – Eu disse bagunçando os cabelos dela e ela sorriu. — Eu estou muito longe desta plenitude, mas nunca almejei isto de fato, só queria controlar meus próprios impulsos.

— Conseguiu?

— Sim.

— Dinda Vero conseguiu a iluminação?

— Não. Ela só precisa controlar os impulsos também. Na verdade, eu nem era uma monge de verdade, só uma conselheira.

— Você queria ser monge?

— Não. Só queria me curar para encontrar sua mãe. – Eu disse pincelando o nariz dela e ela gargalhou encostando o rosto no meu braço.

— Ela foi seu primeiro amor, papi?

— Foi. Amor de casal... é meu único amor, filha... agora tenho meu amor de papi por você. – Beijei a testa dela.

— Tia Keana é o primeiro amor da dinda Vero? – Eu me virei para ela.

— Porque estamos falando tanto de amor? – Eu disse.

— A professora falou sobre amor na escolinha.

— Bom... tia Vero amou outra mulher quando era mais nova.

— Mas não se ama só uma vez? Foi o que minha professora falou.

Acho que existem tipos diferentes de amor, princesa. Eu também acredito em amar só uma vez, mas acho que se você perguntar para Vero, ela citara outro amor.

— Vou perguntar. – Eu assenti e ficamos em posição de meditação. Ela aprendeu a meditar e sempre que podemos, estamos elevando nossa espiritualidade.

Quando abri meus olhos, ela estava em minha frente e me encarando.

— Não conseguiu?

— Consegui sim, mas quero conversar com você. – A puxei e ela sentou na minha perna, abraçando meu pescoço.

— Conta o que te preocupa. – Ela pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos.

— Vai mudar o que agora?

— Mudar onde?

— Mudar na nossa casa com o bebê. – Rocei nossos narizes e ela sorriu, mas estava desconfortável.

— Não gosta da ideia?

— Não é isso. Eu sempre quis ter um irmãozinho, mas não sei como vai funcionar.

— Eu também não sei. Nunca tive irmãos, mas sempre senti falta de uma companhia. Lauren também nunca teve irmãos, então somos muito desinformadas sobre isso. Agora posso dizer que nesses meses precisamos cuidar muito da mama, afinal, ela está carregando outra renovação no ventre.

— E depois?

— Depois vamos cuidar dela ou dele. Ela vai ficar muito cansada e fraca depois que ele nascer, e como ele não vai saber fazer nada sozinho, precisamos cuidar dele.

— É difícil?

— Não. Eu cuidei de você sozinha, com sua ajuda vai ser muito mais fácil. – Ela estava pensativa.

— Eu vou ser sua única princesa, né? – Ela me perguntou apertando meu pescoço forte. — Se nascer outra garota você pode arrumar outro apelido para ela? – Eu fiquei emocionada com aquele pedido e beijei a testa dela demoradamente.

— Claro, minha princesa. Você será sempre minha única “plincesa”. – Ela sorriu e beijou minha bochecha.

— Que grude todo é esse? – Ouvimos Lauren e nos viramos para ela.

— Quero te pedir uma coisa, mama. – Bia disse e se levantou do meu colo. — Já pedi para papi e ela disse sim. – Ela revirou os olhos.

— E quando sua papi diz não para você? – Lauren disse e levantei para pegar as sacolas de suas mãos.

— Verdade. – Bia disse sorrindo e me abraçou de novo.

— Vou colocar a mesa enquanto vocês conversam. – Selei os lábios de Lauren e fui para cozinha do templo.



Lauren Jauregui  |  Point of View




Bia fez com que eu sentasse no tapete de Camila e sentou-se ao meu colo.

— Quanto suspense. – Ela sorriu.

— É que eu não sei como vai funcionar agora. Com o bebê. – Estranhei o argumento dela.

— Princesa, nós conversamos sobre o bebê e você disse que estava tudo bem.

— Está. Está tudo bem, mas eu não sei o que acontece agora.

— Até ele nascer, nada de diferente acontece, só minha barriga vai crescer. – Eu disse arrumando os cabelos dela.

— Eu pedi para papi, se vir uma garota, você podia não a chamar de princesa Principalmente você.

— Tudo bem, princesa. Não a chamaremos de princesa.

— Nem vamos mostrar Frozen para ela.

— Não! Isso sua papi e eu já combinamos faz tempo. Nada de Frozen. – Ela gargalhou.

— Acho que traumatizei vocês. – Eu a abracei forte.

— Talvez um pouco.

— É um bom filme.

— Deve ser, você assiste até hoje.

— Mas o primeiro. Os outros não são tão emocionantes.

— Depois sua papi diz que você tem minha personalidade, mas esse apego e sentimentalismo é tão dela. Eu amo você demais, princesa.

— Eu também amo você, mama.

Levantei com ela no colo e fomos até a cozinha encontrar Camz. Ela estava sentada perto da porta e parecia pensativa.

— Papi...

— Princesa... – A larguei no chão, ela puxou uma cadeira e sentou ao lado de Camz. Servi suco para elas e entreguei os copos.

Depois do café, Bia correu para o jardim do templo e nós a acompanhamos, mas de longe.

— No que tanto pensa? – Disse pegando o braço dela e o colocando em torno de meu pescoço. Ela beijou minha testa.

— Acho que ela não vai lidar bem com o bebê.

— Eu percebi isso, ela já está com ciúmes.

— Vamos ter que nos policiar ao máximo agora.

— Sim. Vamos levar elas a todas as consultas médicas e quem sabe ela vai se familiarizando.

— Tomara.

— Está com medo?

— Não quero uma filha rebelde em casa.

— Ela não vai ser rebelar. Vamos nos sair bem. – Eu disse e a abracei, torcendo para que estivesse certa sobre isso e não tivéssemos mesmo problemas com Bia.

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