Capítulo 27 - Lição 1

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Camila Cabello  |  Point of View





Coloquei meu manto vermelho e sentei no tapete em meu quarto. Precisava meditar... colocar minhas ideias no lugar e nada melhor... que contar com uma ajuda superior.

— Grande mestre...

— Problemas, olhos tristes?

— Sim... Quando eu comecei aqui, o mestre me achou perdida e confusa, me ajudando a espairecer.

— Sim. Ele me contou sua historia. E eu li seu livro.

— Como comprovar a verdade para uma pessoa cega de raiva e com vários péssimos conselheiros?

— Essa comprovação é importante pra você?

— Muito. Eu queria que não ficasse nada de empecilho por conta do passado.

— Às vezes, precisamos abrir o coração de verdade. A maioria das vezes que nos desculpamos, apenas dizemos isso: “me desculpe, eu errei.” O certo é ser verdadeiramente honesta, desculpe, realmente comi sua torta e não comprei uma pra substituir.

— Não creio que isso ajude.

— Ai que vem a parte mais difícil, quando você abrir o coração... a pessoa tem que abrir o coração pra você. Tudo em uma relação... profissional, de amizade e amorosa, não importa o tipo, tudo vai das duas pessoas se abrirem.

— O senhor está certo. Não adianta só eu ceder.

— Exato.

— Obrigado, mestre. Posso meditar agora.

— Podemos, olhos tristes.



Lauren Jauregui  |  Point of View



Eu estou com a culpa já martelando em minha cabeça. Eu não acho que isso seja maduro... eu... talvez se eu... tola! Não se engane, você ama aquela mulher... sempre amou... porque a Lucy foi me mostrar aquelas mensagens? Justo após o melhor final de semana da minha vida? Disquei o número dela... ela demorou pra atender.

— Olaaaaaá... como está as coisas?

— Estão?

— É. Como estão as coisas? – Ela disse e gargalhou.

— Você está bêbada?

— Eu tomei um drinque ou seis... acredita que a Vero me deu um chute?

— Porque desta vez? – Perguntei desinteressada. É assim toda a semana.

— Só porque eu falei do seu encontro e ela começou a defender ela. Ela me disse que sou recalcada. Vê se pode isso.

— Porque recalcada?

— Ela me perguntou um dia, se eu sentia atração pela Camila.

— E você disse o que?

— O óbvio, dããaã. Todas as garotas queriam dar pra ela, porque eu seria diferente? – Então um estalo veio a minha cabeça.

— Você a desejava quando ela estava comigo? – Ela demorou um pouco.

— Preciso desligar, Laur. Minha cabeça dói. – Ela encerrou a chamada.

Ela... ela não faria isso... ou faria?

Me arrumei.

— Dez horas. – Kevin gritou na porta e logo estávamos na sala de Camila. — K pediu desculpas, mas ela está meditando há horas. Ela deve estar tentando tomar uma decisão. Ela me pediu para entregar esses livros sobre Buda e perguntou se isso ajudaria na sua entrevista. Depois me pediu para levá-la para um tour no templo das mulheres iniciadas a pouco. Isso ajudaria?

— Claro.

Depois de ler muito, fui conhecer as jovens que largaram tudo pela fé.



Camila Cabello  |  Point of View




Quando a noite chegou, caminhei até o quarto de Lauren e bati na porta.

— É a Camila.

— Já vou, Camila. Estou me vestindo. – Logo ela abriu a porta. Entrei em seu quarto.

— Conseguiu tirar proveito do dia?

— Claro. Conversei por horas com aquelas garotas.

— Que bom. Lauren... eu estava meditando e... eu amo você, mas não vou desrespeitar o lugar que me acolheu quando você me abandonou. Eu vou arrumar outro jeito de provar a você que a amo.

— Tudo bem, Camila. Eu pensei muito a respeito e acho que não quero isso também. Eu estava fazendo pelos motivos errados.

— Fico feliz que entenda. – Ela sentou na cama e bateu ao lado dela. — Não posso dividir a cama com uma mulher... só se me casar com ela.

— Sério?

— Sim. Eu teria que largar o monastério e me casar pra poder me deitar aí com você. – Eu disse e me sentei no tapete.

— Porque vejo alguns com manto vermelho e outros não?

— O manto vermelho é pra meditação. Você o vê em alguém que acabou de meditar, ou vai meditar.

— Camila... eu teria te perdoado. Se você me contasse tudo, por mais doloroso, eu teria te perdoado e ficaríamos juntas. Eu precisaria de um tempo, mas acabaria entendendo. Mas da forma que aconteceu, eu tinha acabado de me entregar por completo e recebo aqueles prints... foi um choque. Um trauma, eu olhava pra você e não conseguia pensar direito, pois eu amava quem devia odiar.

— Eu sei, Lo. – Eu limpei minhas lágrimas. — Eu me afastei porque sabia que estava errada. Eu tentei me desculpar e parei quando vi o quanto estava inconveniente. Mas eu juro pra você que foi o medo... eu não estava pronta pra contar algo, que na época, era vergonhosa pra mim. Ser ninfomaníaca tão nova é quase humilhante. E contar sobre uma traição... não envolvia só a mim, Bethe também estava em um relacionamento... eu quase enlouqueci.

Ficamos em silêncio por um tempo.

— E se eu pedisse um conselho a você... um conselho da conselheira K. Como você o faria sem ser imparcial? – Coloquei o edredom da cama no chão.

— Quer meditar um pouco? – Ela sentou-se a minha frente, ficando na mesma posição que eu. — Coloque suas mãos sobre as minhas. – Ela fez. — Feche seus olhos e pensa na questão que você está precisando responder. – Ela assentiu. — Agora se imagine fazendo o que mais te relaxa, eu imagino, que seja dançando. – Ela sorriu e assentiu. — Agora se imagine sendo aplaudida pela dança e na saída do palco, faça uma fila nos dois lados do corredor. Com as pessoas envolvidas, de um lado, coloque as que estão pesando a favor e do outro, as que estão pesando contra.

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