Capítulo 21 - Todas as dores

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Camila Cabello  |  Point of View





Depois uns dias, eu já podia repousar na minha casa. Meu corpo tinha parado de doer um pouco, mas um tornozelo e braço estavam enfaixados. Estava andando com muletas.

E a cada segundo me lembrava do quanto eu amava Lauren e o que eu não daria pra ter ela comigo, essa era a dor maior.

— Amanhã você volta pra escola. – Minha mãe disse e eu neguei. — Você vai, filha. Se ela nem quis te ouvir, ela não merece você.

— Eu que nunca mereci uma garota daquelas. Fodi com a minha vida e com a dela.

— Todos cometemos erros, filha.

— Com ela eu não podia ter errado.

— Não importa, amanhã você vai pra escola e ponto final.

Eu bufei e ela saiu do quarto. Eu não sei nem como andar direito, imagina encarar Lauren e nem receber o meu sorriso de bom dia.


×××


Como fui de motorista, passei para pegar os meninos e irmos juntos.

— E Jason? – Eu perguntei.

— Ele foi suspenso.

— Ele nem merecia isso. Ele estava certo.

— Ele quase te matou por uma vagabunda. Ele não é santo.

— Ele só devia estar apaixonado por ela, eu faria o mesmo no lugar dele. – Eles se olharam. — O que?

— Antes de chegarmos, queríamos comentar a aproximação de Tyler e Lauren.

— Eles estão próximos? – Eles se olharam novamente.

— O pessoal está dizendo que eles voltaram. – Senti meu peito sendo aberto e meu coração ser esmagado.

— É melhor você mudar de turma.

— Lauren pode me odiar, mas ela não seria do tipo que vai insinuar isso. – Eu disse.

— Ela não, mas o Tyler está se sentindo o rei do colégio.

— Você está com Lucy?

— Não. Pelo visto não era comigo que ela queria ficar, ela só queria ferrar você.

— Acho que não foi assim. Foi só uma coincidência, Vero.

Quando chegamos a frente a escola, eu queria gritar, queria chorar, queria fazer qualquer coisa, menos sair daquele carro e encarar a realidade.

— Acho que devíamos matar aula. – Austin disse e eu pensei.

— Você vai ter que encarar isso de qualquer forma. Pode adiar um dia ou terminar logo com isso. – Frank, meu motorista, falou e todos o encaram.

— Ele está certo. – Vero disse e eles saíram do carro, me ajudando a levantar e me entregando a muleta.

Todos me olhavam e comentavam algo. Eu fui a enfermaria da escola para mostrar meu estado e a escola ter uma garantia de que a suspensão deles não foi injusta. Uma grande bobagem, pois continuo achando Jason inocente.

Entrei na sala e nem tinha coragem de encarar ninguém, meu corpo tremia, pois sabia que Lauren devia ter me visto. Meu corpo sabe que ficarei horas nesta sala de aula estúpida e nem poderei olhá-la direito.

Sentei atrás de Vero e, provavelmente, ela tinha arrumado uma cadeira ao meu lado para esticar minha perna.

Lauren estava com a bochecha recostada na mão fechada. Os cabelos estavam presos, o que fez uma lágrima cair na minha bochecha quando lembrei o quanto havia deixado minhas marcas ali. Eu não posso ficar sem ela... eu tentei levantar, mas Vero me segurou.

— Eu não vou deixar você se humilhar novamente. Em público não, quer conversar com ela faça isso quando ela estiver sozinha.

— Mas...

— Não, Camila. Você nem vai conseguir chegar perto dela.

— Vero...

— Vocês passavam o tempo todo juntas, não lembra um momento em que ela fique sozinha? – Claro... estúpida.

— Aula de dança.

— Bom... converse com ela na aula de dança.

O professor falava sobre... não consegui prestar atenção em nada. Tyler tocou o ombro de Lauren e ela se virou, ele falou algo e ela sorriu. Depois ele colocou o queixo dela entre os dedos e tocou a bochecha dela com o polegar. Porque você não me matou, Jason?

— Pare de olhar.

— É a minha garota, Vero.

— Se ela for sua mesmo... vocês se acertarão.

O sinal bateu e o grupinho de Lauren se juntou no fundo da aula. Tyler a abraçou, eu cheguei à conclusão que não podia mais ficar nesta sala.

— Me ajude aqui, Vero. – Eu disse e ela me ajudou a levantar.

Fui até a sala do diretor e ele me negou o direito de mudar de sala novamente, pois já havia acontecido várias vezes e nesta eu não recebi nenhuma reclamação.

— E agora?

— Eu não posso voltar naquela sala. – Professora Brooke atravessou o corredor.

— Eu também quero mudar.

— Acho que temos uma chance.

Eu caminhei o mais rápido que minha muleta deixou e logo Brooke parou.

— Professora Brooke?

— Oi Camila. Nossa... você ficou mal mesmo.

— Preciso de sua ajuda.

— Quer uma massagem? – Ela disse sugestiva.

— Quero que a senhora assine uma troca de turma pra Vero, Shawn e eu. Nos mude para a turma do Austin.

— Os professores me matariam, Camila.

— A senhora não viu o que aconteceu? – Ela me olhou. — Eu não consigo ver eles juntos e preciso dos meus amigos, Ally. Eu vou surtar se ver ele tocando nela de novo. Não vamos bagunçar, talvez uma conversa paralela ou outra, mas dou minha palavra que não terá problema. Me ajuda pelo amor de Deus.

— Tudo bem, Camila. Parece que é a primeira vez que sofre por amor, vou te ajudar, mas se comporte, pois isso compromete minha integridade aqui.

— A senhora é um anjo, professora, Brooke.

— Tenho aula na sua turma agora, pode pegar seu material e te entrego a permissão.

Assenti e avisei os meninos que seríamos colegas novamente.


×××


Antes de entrar na sala, Bethe me esperava na porta.

— Oi Camila.

— Desculpe, Bethe. Minha amiga foi inocentemente burra.

— Tudo bem.

— Ele não fez nada com você?

— Não. Só terminou comigo.

— Sensato.

— E como você está?

— Acredito... estou bem mais inteira por fora.

— Achei que era brincadeira, mas você gosta mesmo por ela.

— Se eu só gostasse dela, seria bem mais fácil.

— É só dar um tempo a ela. – Ela disse e ficamos em um silêncio desconfortável. — Tchau, Camila.

— Tchau. – Eu disse aliviada pela despedida.

Peguei meu material e coloquei na mochila da Vero. Logo estávamos na nossa sala nova.

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