Capítulo 29 - Entregue

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Lauren Jauregui  |  Point of View





O lugar era um paraíso, tão lindo e calmo. A natureza era viva... o verde era verde mesmo, parecia um desenho.

— Sente-se aqui. – Assim o fiz... — Analise cada canto deste espaço. Observe a natureza e tente só pensar nisso aqui. – Assim fiquei por uns minutos. — Agora feche os olhos e se concentre em todos os barulhos que farei. Use apenas a audição, mas como você não é uma de nós, pode abrir o olho pra ver o que estou fazendo às vezes. Mas a experiência fica melhor quando desperta o nosso sentido.

— Tudo bem.



Camila Cabello  |  Point of View




Ela fechou os olhos e logo eu acendi o fogareiro e deixei a água esquentando. Comecei a bater as ervas ela virou o rosto para escutar melhor. Ela ficou mais linda ainda... acho que estamos progredindo.

Logo a água ferveu e eu coloquei no chawan com as ervas. Coloquei perto do nariz dela e ela sorriu.

— Cheiro é bom.

— Vai gostar do chá. Vai te deixar um pouco sonolenta, mas vai gostar. Fico aproveitando o aroma até esfriar um pouco.

— Posso segurar? – Ela perguntou e aí da não tinha aberto os olhos.

— Claro. – Entreguei pra ela e nossas mãos se tocaram. Ficamos nos encarando por um tempo e logo ela pegou a tigela. Fechou os olhos e depois de um tempo levou até a boca. — Fique com ele na boca por um tempo... o saboreie até apreciar toda a essência.

— Acho que esse é o melhor chá que já provei.

— Pode abrir os olhos.

— Mas não aprendi os princípios.

— Aprendeu sobre harmonia, você está bem equilibrado não só consigo mesmo, mas o seu redor e com a natureza. Aprendeu sobre respeito. Você deve respeitar o mundo ao seu redor. O ritual da cerimônia do chá ajuda a pessoa a ser consciente de cada ação. Aprendeu sobre pureza, trata-se de limpar-se de tudo, usando seus cinco sentidos: audição, visão, tato, olfato e paladar. Aprendeu sobre tranquilidade, todos esses princípios ajudaram a alcançar um nível mais elevado de paz ou tranquilidade.

— Isso é fascinante... pensei que apenas tinha bebido um chá.

Ficamos ali até tarde, enquanto ela anotava sobre tudo que tínhamos feito.


×××


Eu estava no meu quarto e lendo um livro indicado por meu guru. Logo escutei batidas fracas na porta. A abri e era Lauren.

— Oi. Entra. – Eu disse e fechei a porta quando ela o fez. — Tudo bem?

— Sim. Você dorme aqui?

— Ao lado. – Eu disse e abri a porta do meu quarto. — Entra, vou pegar um chá pra nós. – Ela assentiu. Peguei a garrafa térmica e os sabores e logo estava no quarto com ela. Fechei a porta para ninguém entrar e pensar bobagens por estar com a estrangeira em meu quarto. — Pode sentar em minha cama.

— Mas aí você não vai poder sentar.

— Vou infringir essa regra hoje. Amanhã me purifico jejuando.

— Não precisa...

— Senta logo. – Eu disse rindo e ela revirou os olhos. — Canela? – Ela assentiu e depois entreguei a xícara a ela.



Lauren Jauregui  |  Point of View




Camila estava com os cabelos soltos e com um manto cobrindo o corpo. Ela está tão diferente, mas é só olhar nos olhos castanhos dela e vejo a mesma Camz do colégio.

— Algum problema?

— Não. Só queria conversar um pouco antes de dormir.

— Eu fico feliz que esteja me vendo como uma pessoa legal agora, Lauren.

— Passou, Camz. Vamos só olhar pra frente agora. – Ela assentiu. — Como foi ficar... todo esse tempo sem sexo?

— Foi normal. Eu não pensei muito nisso.

— Ouvi falar que depois de um período como esse, as pessoas que saem da abstinência nem ligam pra quem dormem. Só fazem para aliviar.

— Isso é mentira. Abstinência não é desespero. Não é porque me guardei por tanto tempo que vou me entregar pra
primeira que passar.

— Mas nada... nem sozinha?

— Não. E você? Ficou com alguém?

— Sim. – Eu disse e pude ver a decepção nos olhos dela. — Eu saia com um colega de faculdade, mas não deu certo. Depois bebi demais em uma festa e acordei na cama com o Tyler, mas decidimos sermos só amigos e nunca mais fazer aquilo. – Ela ficou em silêncio e depois tomou o chá.

— Entendo.

— Está bem?

— Sim. Eu só tinha a esperança tola de que no fundo, você seria só minha.

— Eu sou só tua, Camila. Eu nunca me entreguei a ninguém, como me entreguei pra você. – Eu disse e ela me fitou...
Aproximou-se de mim e logo nossos lábios se encostaram, mas me afastei quando meu celular tocou. Pra ajudar, era Tyler.

— Oi, Tyler.

— Laur, você já colocou o plano em prática?

— Não. Nem vou. – Eu disse olhando a Camila emburrada em minha frente.

— Ótimo. Sabe... eu odiava a Camila naquela época e nunca faria nada para ajudá-la, mas teve uma vez, depois das mensagens, nos encontramos no banheiro. Trocamos as famosas farpas... – Coloquei no viva voz. — Eu disse que faria algo pra separar vocês duas, mas ela era tão ridícula que não precisou de ajuda. Ela virou as costas e eu falei, tanto esforço pra nada, nem transou com ela. Ela se virou e me pegou pelo colarinho e disse: “Olha como fala... conviver com Lauren não é sacrifício, devo me sentir honrada dela querer passar aquele tempo comigo”. Então... fiquei em choque, eu sabia que vocês tinham transado e ela não se vangloriou pra mim. Foi ali que eu percebi que ela havia mudado. – Tirei do viva voz.

— Meio tarde pra me contar, não acha?

— Eu sei, mas se vocês se reencontraram... não seja uma Lucy 2.0. Lucy é ressentida, acho que ela era apaixonada por Camila. O jeito que ela olhava vocês quando estavam juntas... só sei que fiquei comovido com o reencontro de vocês e queria fazer alguma coisa boa.

— Obrigado, Tyler. Você ajudou muito, vou desligar agora.

— Tchau Laur. Boa sorte.

Eu coloquei o celular sobre a cama.



Camila Cabello  |  Point of View




Nem cinquenta mantras pra acalmar o meu ciúme agora... eu era tão evoluída.

— Camz... fala alguma coisa.

— Falar o quê?

— Você está irritada?

— Eu não estou. - Ela sorriu.

— Está com ciúmes...

— Não estou. – Eu disse e ela se aproximou.

— Que pena, se você estivesse com ciúmes, eu teria que te compensar de algum jeito. – Ela se aproximou mais.

— Eu estou com ciúmes, Lauren. Principalmente agora. – Não acredito que ela se entregou pra ele. Eu imaginei, mas a confirmação foi um soco.

Ela não disse apenas aproximou o rosto do meu e logo seus lábios se juntaram aos meus, mas ela se afastou rapidamente.

— Você pode beijar?

— Só posso se eu entregar meu coração.

— E você vai me entregar ele? – Ela tocou em meu peito e eu coloquei a minha sobre a dela.

— Já te entreguei, quando te dei aquela aliança, ele foi de brinde. – Seus olhos marejaram e ela me abraçou.

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