Capítulo 35 - Medinho

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Camila Cabello  |  Point of View






Os meses cumprindo as atividades no mosteiro foram rápidos... claro que a saudade de Lauren era enorme e o fato
dela ter parado de me enviar cartas, depois de ser menos afetuosa na última que me enviou e ter reclamado que eu estava demorando muito pra voltar, isso está me deixando preocupada.

— Olhos tristes... esperando correspondência? Ela não vai chegar mais cedo se você esperar perto da caixa.

— Não... é só uma coincidência.

— Vamos, olhos tristes. Você anda ansiosa nesses últimos dias. Quer voltar pra casa?

— Não. Eu só estou preocupada com a falta de respostas.

— As vezes é melhor não ter respostas a ter uma resposta decepcionante.

— O senhor está certo. Eu esperei essa mulher por anos, se ela desistir por causa de uns meses...

— Exato. Vamos meditar.

Caminhamos pra dentro do templo, mas Khan me achou no meio caminho e tive que ir ao quarto de dois novatos. Ele não me disse o problema, pois os mestres costumam sentir algumas coisas. Os dois rapazes estavam conversando.

— Conselheira K. – Ele se curvaram.

— Oi Dario. Oi Frank.

— Algum problema?

— O mestre Khan sentiu que sim. Querem me contar algo? – Eles se entreolharam e Dario negou rápido.

— Nada, conselheira K.

— Falem comigo, meninos. Se um dos mestres entrar aqui... vai sentir essa tensão sexual. – Eles arregalaram os olhos.

— Como vocês conseguem isso?

— O poder da mente é impressionante. Vocês não tem ideia de toda a mágica que podem fazer se conseguirem controlar ela. Me contem o que aconteceu.

— Bom... nós estávamos falando da falta que sentíamos de transar... poxa... ele é muito gostoso. Acabou rolando.

— Vocês profanaram o templo? – Eles assentiram. — Isso é imperdoável. Vocês não podiam...

— Conselheira K... não nos entregue. Foi um deslize.

— Mas foi no templo.

— Conselheira K... não vai se repetir.

— Você promete? – Eles se olharam... Obviamente a noite pegou eles de jeito.

— Não posso prometer... posso prometer que não faremos no templo.

— Porque vocês não desistem e vão curtir o romance. Vocês não podem ficar se pegando por aí.

— Não sabemos se é pra valer.

— Estão no lugar errado. Vou omitir os fatos reais do Khan e vocês... purifiquem esse quarto. Vou deixar o Kevin com vocês pra não rolar uma recaída. E... se vocês acham que isso vai pra frente... não percam tempo. A vida precisa ser vivida intensamente e se encontrarmos a pessoa certa... não podemos deixá-la ir. Oportunidades passam a cavalo uma vez...

— Obrigado, conselheira K.

Sai do quarto, me permiti rir, pois eles não perderam tempo. Mestre Khan estava a minha espera.

— Como foi?

— O mesmo de sempre... hormônios e energia. – Ele riu. — Vamos mandar o Kevin com os incensos e fazer com que ele explique como funciona a purificação do cômodo.

— Perfeito. Vamos perdê-los?

— Sim. Não dou dois dias.

— Imaginei.

Fomos ao templo e purifiquei minha alma dessa omissão. Não acho que ela seja tóxica e os meninos não merecem punição, pois creio que eles estão descobrindo sentimentos.

— Correspondência, conselheira K. – Ele deixou o jornal sobre a mesa.

— Ajude os meninos novos a purificar o quarto.

— Sim. Já vou.

Abri o jornal... tinha uma revista também.

“Oi, Camz...

Desculpe a demora, mas eu estava escrevendo a matéria sobre a K. meu chefe gostou tanto que colocou nos dois meios de comunicação. Espero que você goste também...

Estou morrendo de saudade. Não sei... se você for demorar, me avise, pois eu viajo para aí. Só preciso te ver.

Te amo. Beijos nessa boca linda.”

A matéria era a capa... não tinha muitas fotos.

“Como entrevistas precisam ser descritas em diálogo, foi deixar minha opinião sobre tudo isso aqui... antes do prato principal. Ler o livro “Do inferno ao Paraíso” já nos glorifica. A escritora... sim, para quem confundiu como eu, ela é uma mulher. Uma bela latina, na qual nem as roupas de monge escondiam a beleza. Tão sábia... tem a minha idade e já conhece muito da vida. Eu achei que, por essa obra, ela teria algumas rugas... mas ela só viveu intensamente.

Queria ter mais tempo, uma semana me agraciou sobre muitas coisas. Naquele templo... é como uma faculdade, todos os dias foram repletos de ensinamentos, mas com histórias reais... conheci muitas pessoas, umas que fugiam, umas que erraram e outras que só queriam se encontrar.

A história do livro, baseada em fatos reais, aconteceu mesmo. Não é balela pra vender livro. Como eu tenho certeza? K... não é só uma escritora, ela foi minha primeira namorada e o livro foi baseado na nossa história.

Cada vírgula estava certa... mas não foi com o final esperado. K é incrível e o budismo é uma cultura fascinante. No próximo parágrafo, contarei os detalhes de suas crenças e rituais, mas eu sei pouco... acho que terei a honra de uma professora particular daqui há algum tempo... e pretendo seguir ela também. Amei ela de verdade.”

Ela continuou um texto enorme sobre toda a nossa cultura... ela é incrível mesmo. Escreve muito bem... perfeitamente bem. Pontuou muito bem todos os pontos de nossa cultura. E fez cada análise... ficou divino. Não mudaria uma linha.

Quando terminei, comecei a tradução da entrevista, eu teria que partir dali e era melhor deixar eles cientes do meu
motivo... e quem sabe isso os encorajá-los a seguirem seus caminhos... caso achassem necessário.



Lauren Jauregui  |  Point of View



Depois desses meses... amar Camila ficou doloroso. A saudade gostosa... virou uma ausência desconfortável. As cartas dela, sempre fofas e cheias de declarações, estavam se tornando depressivas... eu não queria mais lê-las, pois a saudade aumentava.

Como se não bastasse, Lucy e eu estamos em uma guerra... são trocas de farpas o tempo todo. E agora anunciou que vai viajar para a China para uma reportagem... mas eu confio na Camila, só espero que ela não tente nada contra minha Camz.

— Pensativa... com medinho da minha viagem? – Ela me sugou para a realidade.

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