Capítulo 42 - Como andar de bicicleta

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Camila Cabello  |  Point of View






Olhando-me no espelho, percebi que essa manhã, muito mais se refletia... tudo que passei, todas as provas e toda a experiência que acumulei. Agora, meu pai arruma minha camisa branca, enquanto me diz como será a vida depois deste dia.

— E a casa de vocês?

— O pai de Lauren tem um tipo de tradição de família, já tem uma casa pra ela há muito tempo.

— Se sente confortável?

— Ela vai casar comigo... aceito morar sob o viaduto. Eu espero fazer Lauren feliz.

— Ela é uma mulher de muita sorte, Camila. Eu nunca aprendi tanto na minha vida, como estou aprendendo com você nesses últimos meses. Ela é uma pessoa boa... vocês vão se entender.

— Sabe... faz muito tempo que eu não transo. – Eu cocei minha nuca. — Eu tenho medo de não saber o que fazer... eu evitava até de pensar nisso.

— Olha... acho que deve ser como andar de bicicleta. Mas você conseguiu se aguentar, mesmo namorando a Lauren? Eu via como você ficava quando estavam no sofá.

— Foi difícil, mas a promessa que fiz e não pude quebrá-la. E não me arrependo, foi meu último teste sobre a minha doença. Estou curada. – Eu disse e ergui as mãos.

Eu estava com uma calça branca solta e ela estava dobrada até minha panturrilha. Uma camisa branca e meus cabelos estavam soltos. Meu sapato era branco também.

— Está perfeita. Agora vamos, ou Lauren nos esperará.

— Vamos.

Chegamos ao campo. As flores estavam divinas e o a imagem de Buda estava ali, eu deveria ficar esperando atrás dele e nenhum dos convidados poderia usar preto. Cumprimentei os convidados, Vero estava muito melhor, tinha algumas recaídas, mas Collins a ajuda bastante. Lauren fez questão de convidar Lucy e a colocou na primeira fileira, bem a frente do pequeno altar improvisado. Ao lado direito, ficariam meus padrinhos, Shawn e Vero. Lauren optou por Tyler e Normani, confesso que não converso com ela ainda... e também não olho para Lucy... eu devia controlar, mas há coisas que meu coração não aceita... e eu admito isso, pois sei que sou falha e tenho muito a aprender.

— Camila? – Virei e Beth estava ali. Eu estranhei e ela me abraçou. — Lauren me convidou pra provar pra você que está tudo perdoado. – Eu retribuí o abraço.

— Você está ótima.

— Você também. Então... vai amarrar a Jauregui?

— Vou. Não vou perder tempo desta vez.

— Eu a procurei na época, pra dizer que não estávamos nos vendo há tempos.

— Tudo bem... ela estava cega de raiva. Mas como ela disse... está tudo no passado. Vem... vou arrumar um lugar legal aqui pra você... ou você já tem lugar?

— Já. Vou sentar ali. Foi bom rever você.

— Foi ótimo. – Eu disse e se afastou.

Fiquei ao lado de meus padrinhos e esperava ansiosa para ver Lauren. Senti os olhares de Lucy me constrangendo, então Vero sentou ao lado dela e sussurrou várias coisas no ouvido dela e ela saiu bufando.

Olhei para o fim do corredor e Lauren estava descendo do carro. Como estava linda, o vestido branco e um sorriso enorme. Cabelos soltos e ondulados, uma tiara com as flores que estavam ao nosso redor. Linda! Magnífica, o vestido era perfeito. Nossa... maravilhosa.

Caminhei até ela, pois deveríamos entrar juntas... era pra ser em um templo, mas não tinha templos em Miami.

— Lauren... você está magnífica.

— Você está mais.

— Não. Eu... linda. Você está radiante.

— Acho que é por estar no dia em que me casarei com o amor da minha vida. – Não me contive e selei nossos lábios. Depois estendi o braço pra ela e caminhamos até o altar. Estávamos com nossos votos prontos, o livro que o Mestre me mandou e eu era qualificada para fazer os chás que devíamos beber. Claro, por Lauren não fazer parte do budismo, um juiz assumiria após os rituais e assinaríamos em presença dele.

Organizei as xícaras e entreguei a Lauren...

— Acho que você deve explicar a eles o que estamos bebendo.

— Sério? – Ela assentiu. — Cada xícara tem um significado: o pinheiro, sempre verde em todas as estações, é a juventude, a força, a vida; o bambu, flexível, se dobra, mas não se quebra; a flor da ameixeira, a primeira a desabrochar, mesmo com neve, representa a beleza e a coragem. Nós temos que beber três goles nela, pois o ritual lembra as três jóias do budismo: Buda (o desperto); Dharma, (o caminho do entendimento e do amor), e Sangha (a comunidade que vive de forma consciente e harmônica). – Nós bebemos e começamos os votos.

— Camz... eu costumo ser ótima escrevendo, mas isso me pegou. Falar do quanto amo você é clichê, mas eu a amo. Eu sei que pareci frustrada esses meses, mas eu só passei a admirar você mais, pois você respeita sua crença e não se abala. Você é forte e tão sábia... eu amo você pra sempre e é esse o tempo que pretendo passar ao seu lado. Obrigada por não desistir de nós, mesmo que tudo conspirasse contra. Me aceita como esposa?

— Claro que aceito. Eu também fiquei selecionando as várias juras e frases de efeito que usaria aqui, mas tudo programado se torna superficial. Eu não desistiria de nós nem em mil anos... eu me guardei pra você e esperei o tempo pra tudo amadurecer em nossas cabeças... eu não tenho controle do futuro, mas no presente luto pra te fazer feliz e essa é minha promessa a você hoje... meu amor e minha vontade de fazê-la feliz... amo você, Lauren... como nunca amei ninguém... e vou amá-la até o fim de nossos dias... me aceita como esposa/marida? – Todos riram e ela assentiu.

— Claro que sim. É tudo que mais quero.

— Enfim... – Ela disse...

— Esposa e Esposa? – Eu perguntei e ela beijou minha bochecha.

— Acho que sim. – Ela disse e selamos nossos lábios. Assinamos os livros e logo estávamos sendo felicidades com muitos parabéns dos convidados.

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