Capítulo 56 - Sacrifício

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Camila Cabello  |  Point of View





Entrei no carro e por mais nervosa que eu estivesse, não podia apavorar mais Lauren. Ela abraçou meu braço forte e eu beijei a testa dela. Ela gritava de dor, obviamente, e aquilo me apertava o peito. Se tivesse um jeito dela não sofrer...

— Estamos chegando, amor... logo veremos nosso pequeno...

— Quanto tempo... o parto... AI MEU DEUS! – Ela começou a chorar e eu tive que me esforçar para não entrar em prantos junto dela.

— Chegamos... vou te ajudar. – Eu sai do carro e um enfermeiro nos esperava... a peguei como pude e a coloquei na cadeira.

— Você precisa dar entrada em uma papelada na recepção, depois vão te encaminhar a sala... você vai acompanhar o parto?

— Vou sim. – Ele assentiu.

— Vão te levar até a sala. – Ao entrar no hospital, beijei a testa suada de Lauren e ela apertou meus braços.

— Não demora... estou com medo. – olhei bem nos olhos dela.

— Eu sei que dói muito, mas vai ficar tudo bem, ok?

— Ok. Amo você.

— Também te amo... – Ela urrou de dor e eu fechei meus olhos. — Amo muito... logo teremos mais alguém para dividir nosso amor. Te vejo logo. – Eu disse e selei nossos lábios, logo o enfermeiro a levou para longe de mim. Assinei os papeis e liguei para meus pais...

— Oi minha filha.

— Pai... chegou a hora.

— Está nascendo?

— Sim... estamos no hospital... eu estou apavorada.

— É normal... mas Lauren precisa apertar a mão de alguém agora. E garanto a você... hoje vai ser um dia inesquecível para você. Arrisco a dizer que você nunca vai se sentir como hoje... a não ser que venha a ter mais filhos.

— Obrigada, papa. Me sinto melhor... avise aos meus sogros, por favor?

— Claro. Estamos indo até aí. Parabéns.

— Obrigada.

Uma moça me puxava pelo braço... eu estava um pouco anestesiada com a sensação que estava sentindo. Logo ela
me ajudou a colocar luvas, um jaleco... máscara... touca... ela novamente me puxou e logo estávamos na sala. Caminhei até Lauren e ela gritava... me alcançou sua mão rapidamente quando me enxergou...

— Você demorOOO... – Logo a viraram e enfiaram uma agulha enorme na coluna dela, ela apertou minha mão tão forte
que eu provavelmente não tenho ossos intactos nela.

— Chamei os avós... eles me capariam se eu não fizesse isso. – Ela estava chorando...

— Bom... mamãe. Agora é com você, temos um longo período e você vai começar os sacrifícios de toda mãe. – Lauren assentiu. — Curiosa para saber o que é? – Ela assentiu e logo soltou outro grito. — Qual intervalo? – Ele perguntou a um cara ao lado dele.

— Quatro minutos...

— Perfeito. Vamos lá. – Ele disse e se posicionou entre as pernas dela.

Bom... nesse sofrimento, Lauren berrava, chorava, fazia força e nada de sair... foram doze horas, eu não sentia meus ouvidos e nem meus pés... minha mão precisaria ser substituída depois, a dor é real... mas se está difícil para mim, imagina para essa guerreira aqui... a minha admiração por ela, que não era pouca, dobrou de tamanho... triplicou... quadruplicou... sei lá. Só sei que meu coração nem cabe no peito de tanto orgulho dessa mulher... minha mulher.

Quatorze horas e trinta e oito minutos... esse foi o tempo que demorou para o médico dizer.

— Agora, Lauren... está quase, preciso que use de toda sua força e logo veremos esse Cabello... vai... – Ele disse e Lauren se espremeu mais... — Perfeito! Mais uma vez... – E lá se foram mais vinte minutos de espreme e espreme... então... — Pronto! – Escutamos um chorinho e eu já comecei a chorar também. Lauren reposou o tronco sobre a cama e afrouxou um pouco o aperto em minha mão.

Logo a enfermeira pegou... aquele pequeno tão frágil... fez algumas coisa com ele e eu me debrucei, beijei a testa de Lauren que ofegava e tinha os olhos quase fechados.

— Eu amo você, minha deusa. Nunca vou me esquecer desse dia e do quanto tenho orgulho de você.

— Amo... você... – Ela respondeu e eu dei outro beijo ali... o médico chegou com uma trouxinha... tão pequeno e entregou para Lauren... os bracinhos se movimentaram...

— Parabéns... é uma garotinha. – Bom... não precisou de mais nada para a mãe babona que já sou se debulhar em lágrimas... era minha garotinha. Eu tenho uma filha agora.

— É uma garotinha, Camz...

— Sim... ela é linda... – Ela parou de chorar quando Lauren a pegou... Lauren me alcançou ela... era como se o mundo
estivesse nos meus braços... — Ela é linda, Lauren. Oi pequena... lembra de mim? É a papa. Você não tem noção do quanto eu amo você, pequena. – Beijei a testinha dela e a entreguei para Lauren.

— Bom... precisamos preparar essa pequena e Lauren precisa descansar. – Assenti.

— Amo você, Lo. Logo estarei no seu quarto. – Ela assentiu e fechou os olhos. Ela estava exausta. Quem não ficaria? – A levaram dali e eu sai da sala, na recepção, meus pais e meus sogros estavam esperando.

Eles caminharam até mim. Estavam apreensivos e eu tirei a máscara.

— Ela é linda... minha filha nasceu, Lauren está exausta e temos uma princesinha agora. Ela é linda. – Foi o que eu disse antes de começar a chorar de novo, logo meu corpo for abraçado, pensei ser por minha mãe, mas era Mike que estava me abraçando.

— Ele sempre quis uma neta. – Clara disse e estavam todos emocionados.

— Ela é perfeita... o bebê mais lindo. Sério... ela parece a Lauren. – Eu disse e eles sorriram.

— Ela é muito nova para parecer alguém, amor.

— Mas ela parece Lauren. – Eu disse e eles negaram. — Preciso ir ao banheiro... e depois preciso tomar água... depois necessito lembrar de como se dobram os joelhos.

— Viu... depois dizem que só as mulheres sofrem. – Mike disse e eu tive que discordar.

— Mas nem perto do que Lauren sofreu. Eu pensava em ter mais filhos, mas agora a escolha é toda dela, ficar mais de quinze horas se espremendo em uma mesa não é para qualquer um. A partir de hoje... venero mais minha esposa e você mãe... Clara... não é fácil.

— Vem aqui, minha norinha amada. Viu, Mike. É assim que se fala. – Clara disse me abraçando e com o aperto dela, lembrei que estava me mijando. Mas tive que esperar ela falar algumas coisas e saí quase correndo dali.

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