Capítulo 28 - A cultura

Começar do início
                                    

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Na manhã seguinte, estava ansiosa para ver a Camila, desta vez eu esperei Kevin do lado de fora do quarto.

Entrei na sala dela e a abracei, ela ficou surpresa.

— Não. Não abrace a conselheira...

— Kevin, nos deixe sozinhas. – Camila disse e ele saiu. — Eu não costumo abraçar muito as pessoas.

— Porque ele não me olha?

— Ele está no começo de sua longa jornada a abstinência. É complicado conviver com uma mulher linda como você. – Eu corei violentamente e ela me indicou a cadeira. — Mais perguntas?

— Várias... quer ler o começo da nossa entrevista?

— Claro.

Assim... a manhã passou voando.


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À tarde, eu estava passando pelos canais de TV e ouvi batidas nas portas.

— É a Camila. Quer conhecer o templo dos deuses?

— Claro. Vou me trocar.

— Use azul. – Procurei um moletom azul em minha mala e coloquei uma calça jeans. Sai do quarto e ela sorriu.

— Você não está de azul.

— Sim.

— Mas não precisa usar azul?

— Não Só acho que azul fica lindo em você. – Revirei os olhos, mas acabei rindo depois.

Entramos em um salão, onde todos estavam com a manta vermelha e de cabeça baixa. Um silêncio total, dava medo de caminhar e fazer muito barulho. Quando de repente, alguém salta um gemido gutural e a sala grita algo ao mesmo tempo.

— Ele atingiu a plenitude. Chegou ao ponto máximo de concentração e se desligou do mundo. Ele está inconsciente agora, podemos colocar um rock pesado aqui, a todo o volume e ele não vai notar.

— Todos aqui vão conseguir isso?

— Não. Poucas pessoas conseguem, agora ele vai se mudar para a outra sala e jejuará por dias para se purificar.

— Isso não se faz no começo?

— Toda troca de fases é um começo.

Nós entramos em um corredor escuro e logo estava em um salão iluminado.

— Aqui está o templo. Nossa parte não fotografada.

— São oito imagens...

— Cada uma tem um significado diferente.

— Pode começar. – Eu disse e ela sorriu.

— Tudo bem... a flor de lótus branca nascida na lama Ela representa nossa habilidade de superar dificuldades e não deixar o ambiente corromper. O guarda-sol é um símbolo de proteção. Ele nos lembra do dever de proteger os outros do mal, como o guarda-sol protege o corpo do calor e da chuva.

— Isso é lindo, Camz. Esse é lindo.

— Esse é o esse desenho representa a união da sabedoria e da compaixão. Representa a ligação entre todos os seres humanos. Essa é a concha, ela nos estimula a acordarmos do torpor e ignorância materialistas. Esse é o peixe, nós comparamos a vida como um oceano de sofrimento, os peixes não tem medo de água e nós não podemos ter medo da vida. Esse é o vaso do tesouro e ele está cheio de riqueza e sabedoria infinita. E este é o estandarte da vitória representa a vitória sobre os obstáculos na vida, incluindo a ignorância e a morte.

— Esse eu sei. – Eu disse e me coloquei ao lado do símbolo. — É a roda do Dharma, o símbolo mais sagrado de todos os oito. Ela representa o movimento e a mudança a transformação espiritual.

— Muito bom. Sinto que essa entrevista está sendo produtiva pra você. Ela também é o sinônimo dos ensinamentos de Buda. Quando um discípulo pede conhecimento espiritual ao guru, pede que o sábio “gire a roda do Dharma”.

— Essa cultura é incrível, Camila.

— É sim. Sabia que podemos seguir outras religiões aqui?

— Sério?

— Sim. Ninguém é julgado por suas crenças.

— Eu gostaria de meditar com você novamente.

— Podemos fazer uma cerimônia do chá.

— O que é isso?

— Você vai aprender sobre os princípios fundamentais do budismo.

— Uau... na sua sala?

— Não. Vou pedir para o Kevin organizar o jardim para nós.

— Tudo bem.

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