Confinada

Capítulo 44 - O cordeiro se tornou um lobo.

Arquejo com a dor, mas me mantenho firme, focando nos obstáculos a minha frente, no que posso usar como abrigo, no que pode me ser buril de alguma forma. Enquanto corro posso ouvi-los me gritar, animados, eufóricos pela diversão da caça,  mas mantenho a calma, com um objetivo em mente,  me livrar logo deles e voltar para Miguel.

Olho para trás, varrendo a área, procurando os bastardos, mas não vejo nada, só os ouço. Agradecida por estar de calça, afundo mais a arma no cos não querendo correr o risco de perde-la e procuro uma arvore boa, forte e segura para subir rapidamente. Quando encontro uma perfeita, me esgueiro para a parte traseira e subo o mais rápido que posso, rasgando minha mão em alguns pedaços de casca.

— Onde diabos ela foi? — ouço um dos caras falar assim que me escondo entre as folhagens da arvore.

— Não sei, ela não deveria ser rápida assim, não acabou de sair do hospital?

—  Não esquenta, ela esta por perto, não pode ter ido tão longe, ela ainda esta machucada. 

— Certo! Va pela esquerda que eu vou pela direita.

Assim que eles se separam, pulo para a arvore mais próxima, seguindo os passos do que penso ser o mais idiota dos dois. Fico observando, ele dar voltas e voltas entre a mesma área de arvores e voltar para mesmo ponto. Provavelmente com medo de se perder. Quando ele para perto de uma arvore e começa a desabotoar as calças eu vejo minha oportunidade. Desço vagarosamente pela arvore, tentando não fazer qualquer barulho ao ir em sua direção, ele se preparar para fazer xixi e eu para o ataque. Estou a menos de um metro dele, quando ele se vira, seus olhos se arregalam, ele esta prestar a fazer algo, mas é tarde de mais. Acerto com tudo a coronha da arma em sua cabeça e ele desmaia. Empurro seu corpo meio nu para uma moita em frente, a mesma que ele estava se aliviando, rindo com quão irônico é isso.

De repente ouço o barulho de folhas sendo esmagadas, me viro rapidamente e subo em uma das arvores, essa é bem mais difícil de subir quanto a outra, mas com muita persistência e alguns cortes e farpas consigo subir.

— Eu sei que você esta em algum lugar por aqui, eu posso sentir o seu medo, mas não precisa ser assim, você esta ferida ainda eu sei disso, então por que não desiste, vem ate aqui e passamos um tempo juntos. O chefe não precisa saber, eu não vou contar, você vai? — Ele ri, mas para e vai direto para onde o amigo esta desmaiado. Merda, deixei um dos pés pra fora, também, um peso do caramba, não foi fácil arrastar o pouco que seja que consegui.

— Droga cara, não acredito que deixou aquela menininha te nocautear. Azar o seu, sorte a minha.

— Vamos la, saia de onde estiver, eu não quero machucar você.

Aaaah! Mas eu quero machucar você.

Ele anda olhando para todos os lugares ao redor, sabendo que eu não poderia estar muito longe. Assim que seu corpo passa por baixo de mim, me jogo, relaxando todo o meu corpo para não sentir muito o impacto da queda, mas merda, dói da mesma forma. Inferno!

Pego ele desprevenida e aproveito isso ao meu favor, quando ele tenta se levantar, jogo todo meu corpo em uma chave de braço em seu pescoço, afundando todo meu peso em seu tórax, ele luta, tenta nos virar, mas mantenho firme meu aperto em seu pescoço. Ele arranha meus braços e me acerta um golpe me fazendo urrar de dor. Aproveitando a brecha ele nos roda e sobe sobre mim com um sorrisinho vitorioso, Idiota! 

Aproveito suas pernas abertas ao meu redor e chuto com toda a força entre elas, fazendo-o cair de lado gemendo de dor. Sem pensar duas vezes, retiro a arma das costas e acerto sua cabeça, assim que ele desmaia me viro e corro o mais rápido que posso de volta para o restaurante, quando ouço um tiro.