Rasguei o envelope e tirei a pequena folha que tinha dentro do mesmo, era um pequeno texto e tinha a letra cursiva de meu pai, engoli em seco.

"Acredito que a essa hora eu já deva estar longe, me desculpe as duras palavras que falei no hospital, eu não estava bem e não consigo nem mesmo olhar na sua cara, vou ficar um tempo fora e por favor não tente me encontrar, preciso ficar um pouco sozinho.
Deixei uma boa quantia em sua conta bancária para que possa ficar bem, tome conta da casa e não faça besteiras.
Eu te amo, até".

Quando terminei de ler apenas segurei aquele maldito nó em minha garganta e forcei um sorriso de lado, guardei a carta novamente e percebi que minhas mãos tremiam, por favor agora não.

-- Ele... Vai ficar um tempo fora. - falei tentando parecer o mais tranquila possível.

Estava tão cansada de ter que sempre me livrar de tudo sozinha, não ter uma mãe e nem um pai presente sempre foi algo tão comum pra mim que nem tive tempo de me sentir assim tão vazia como naquele momento.

Vinnie passou seus braços delicadamente por meus ombros em um abraço apertado, o calor de seu corpo fez o nó em minha garganta se desatar e lágrimas rolavam soltas por meu rosto.

-- Você sabe que eu sempre estive aqui pra você e sempre vou estar né. - falou em um tom baixo.

Apertei o garoto com força contra meu corpo e ele se sentou ao meu lado me puxando para deitar a cabeça em seu ombro, estava angustiada e sentia que estava no meu limite.

Meu pai tinha desgosto de mim, Vinnie sentia pena e Oliver parecia não querer se envolver, para completar eu tinha uma dor horrível no meio de minhas pernas.

Automaticamente me repreendi internamente por estar me deixando levar por algo como aquilo, não podia me entregar assim tão facilmente, além de não querer que ninguém me veja naquele estado.

Sequei aquelas lágrimas quentes que desciam por meu rosto e tentei me acalmar enquanto o loiro continuava acariciando meus cabelos.

-- Não se reprima tanto Cassie, eu tô aqui e você pode se abrir comigo. - falou com a voz calma em meu ouvido e eu apenas balancei a cabeça assentindo.

-- Eu tô bem V, só preciso descansar um pouco. - respondi pois ainda estava extremamente cansada.

Tirei aquele casaco de moletom que eu usava e soltei meu cabelo daquele rabo de cavalo mal feito, o garoto assentiu e se deitou ao meu lado, sabia que ele também estava cansado pois as olheiras eram evidentes em seu rosto.

O sol estava fraco do lado de fora e parecia que choveria em breve, peguei o pequeno controle que ficava na mesinha ao lado de minha cama e apertei no botão para que pudesse abaixar a persiana.

-- Você... Não quer mesmo conversar sobre o que aconteceu? - perguntou inquieto, não queria tocar no assunto mas sabia que ele estava se remoendo por dentro.

-- Não tem muito o que dizer. - respondi me virando de costas para ele e ficando virada de lado tentando achar uma posição confortável para que minha perna não doesse.

Ele ficou em completo silêncio e apenas pude ouvir um suspiro de sua parte, seu braço passou por minha cintura e sua mão acariciou levemente o local.

-- Sabe... Eu iria amar ter um filho com você. - falou com a voz calma em meu ouvido e me arrepiei por completo.

Só de pensar na idéia eu já podia sentir calafrios, não queria engravidar na adolescência de jeito nenhum e não sabia se queria mesmo ter um filho algum dia.

-- Não está falando sério. - falei baixo sentindo minhas pernas tremerem.

-- Acredite, eu sou louco pra ser pai dos seus filhos. - respondeu e em seguida soltou uma risadinha baixa, apoiou suas mãos ao lado de minha cabeça e subiu por cima de meu corpo logo se deitando ao meu lado, dessa vez ficando de frente para mim.

I'm not the only one - Vinnie HackerWhere stories live. Discover now