Fogos

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18:57.

– Isso. Foi. Louco. -

Seulgi se abaixou para colocar as mãos sobre os joelhos após o terrível passeio de montanha-russa. Ela olhou para a pessoa à sua frente, espantada pelo passeio não ter afetado Irene nem um pouco. – Você tem certeza que é humana? Esse foi um passeio assustador. Eu quase vomitei. - Seulgi dizia.

– Eu disse que parque temático é o meu tipo de lugar. - Gabou-se Irene. Ela estava prestes a provocar mais quando notou algo pendurado no pescoço de Seulgi.

– Eu nunca vou considerar voltar aqui com você - Whoah! - Seulgi deu um pequeno passo para trás, pensando que Irene a estrangularia ou algo assim. Foi então que ela percebeu para onde Irene estava olhando.

– Você está usando isso? - Perguntou Irene, pegando o pingente de borboleta.

– Ahh, sim. - Seulgi desviou o olhar. – Eu apenas pensei que seria um desperdício não usá-lo desde que o compramos, certo? - Respondeu.

Irene continuou a mexer no pingente com a mão. – Eu apenas pensei que você não gostasse ... - Ela respondeu.

– Como eu não gostaria? É a única lembrança que tenho da nossa ... viagem ... - Seulgi parou, coçando a nuca. Era sua única lembrança delas estarem juntas, mesmo que fosse apenas um relacionamento falso.

Os olhos de Irene olharam para Seulgi por um segundo e voltaram para o pingente.

– V-você não quer que eu use? - Perguntou Seulgi, sem saber o que estava se passando pela mente de Irene.

– Não, não é isso. Estou me sentindo mal por não usar o meu. - Disse Irene, tocando sua clavícula.

– Oh ... - Seulgi respondeu.

– Vamos fazer um acordo. Vamos usar esses colares todos os dias, mesmo no escritório. O que você acha? - Irene perguntou.

– Você tem certeza disso? - Perguntou Seulgi. Ela sabia perfeitamente que Irene não queria que as pessoas no escritório soubessem muito sobre sua amizade especial. Usar esse colar poderia significar contar a todos sobre o que tinha, e pior, dar a eles a idéia errada.

– Claro. E não é um pedido, é uma ordem. - Irene disse seriamente.

Seulgi sentiu-se aliviada. – Ok, chefe. -

– Eu só espero que suas fangirls não notem ...- Disse Irene, imaginando como elas reagiriam se a vissem.

"Weeeeeee ... BOOM!"

Um repentino feixe de luz branca brilhando no céu chamou sua atenção. O som ecoado do foguete explodiu imediatamente. O primeiro lançado flutuou em uma brilhante chuva prateada, iluminando o céu com seu contorno.

Irene cobriu os ouvidos imediatamente, mas não pôde deixar de admirar a arte estampada no céu agora. – Wooooow ... Eles estão comemorando alguma coisa hoje? - Ela perguntou.

Seulgi, cujos olhos já estavam colados ao céu, puxou Irene para mais perto pela cintura. – Não, eles fazem isso nos fins de semana, as sete horas da noite. - Respondeu.

Outro reflexo da luz chamou a atenção de Irene, fazendo-a olhar de volta para o céu. – Isso é absolutamente incrível, Seulgi ... - Ela dizia.

– Eu sei. - Seulgi sorriu. – Vai durar apenas cinco minutos, então aproveite. - Ela respondeu calmamente.

"Pop! Pop! Pop!"

"Sssssssss!"

"ESTRONDO!"

"BOBOOOOM!"

– Olha, esse é tão legal! - Seulgi apontou algo à esquerda.

Dessa vez, foram alguns fogos de artifício que giraram em espiral antes de explodir, iluminando com uma variação de cores de vermelho, azul, verde e até amarelo. Alguns deles caíam como cachoeiras e outros se espalhavam em pequenas faíscas.

Irene não pôde deixar de encará-lo com admiração. Então ela começou a sentir algo no peito, algo quente e tonto. Ela colocou a mão em seu peito e sentiu a batida.

Ela olhou para baixo por um segundo e notou que muitas pessoas também estavam amontoadas para admirar a queima de fogos. Alguns estavam de pé nas cadeiras e nos andaimes para ter uma visão melhor. Algumas crianças estavam nos ombros dos pais. Alguns estavam segurando seus telefones e tablets para gravar. Alguns casais estavam abraçados enquanto contemplavam a cena.

Sua atenção foi trazida de volta para o braço que a segurava. Os olhos de Irene viajaram até o rosto de Seulgi e viram os olhos da última ainda grudados no show. Irene não se importava mais com as luzes bonitas. Não era todo dia que ela tinha a chance de olhar para Seulgi tão perto sem se preocupar em ser pega.

Irene não conseguia mais ouvir os fogos de artifício. Era como se elas estivessem isoladas daquele lugar. Tudo ficou em silêncio de repente. Ela estava olhando para Seulgi, cujo rosto estava completamente virado para o céu.

Os olhos dela...

O nariz dela...

Os lábios dela...

O rosto dela...

Ela estava começando a se perguntar agora por que sentia a necessidade de ver Seulgi toda hora. Se ela era burra demais para não perceber que realmente havia algo de especial na garota mais alta.

Houve outra explosão no céu e a cor da pele de Seulgi mudou de vermelho para branco, refletindo a luz dos fogos de artifício.

Tudo parecia tão perfeito para Irene agora. Tudo parecia tão ... mágico.

A consciência atingiu Irene depois de perceber que ela já estava olhando há muito tempo. Ela baixou o olhar e viu a mão de Seulgi dessa vez. Ela sentiu a súbita vontade de segurá-la. Ela nunca soube o quanto ansiava por isso até ter a chance de sentir seu calor novamente na noite passada no bar da KTV. Isso lhe dava consolo; um porto seguro onde ela poderia ser vulnerável sem se preocupar que alguém a machucasse ou julgasse.

Sem dizer nada, Irene lentamente deslizou a mão para baixo e a entrelaçou com a de Seulgi. Isso fez com que a última se voltasse para ela com um rosto um pouco surpreso.

– Ah? -

Irene sentiu-se envergonhada com o que fez, mas sabia que era tarde demais para voltar agora. Ela escondeu o rosto no ombro de Seulgi. – Ei, você disse que deveríamos apreciar os fogos de artifício enquanto durarem, certo? - Irene falou, tentando fazer com que Seulgi não a olhasse diretamente.

Seulgi riu quando percebeu o que a menor queria dizer com tais palavras. – Ah, sim. - Ela voltou os olhos ao show e apertou a mão de Irene com força.

Em vez de assistir ao show, Irene continuou a enterrar o rosto no ombro de Seulgi. Tudo o que ela podia esperar era que o show se prolongasse mais alguns minutos para que ela pudesse ficar assim um pouco mais de tempo.

FIM DO CAPÍTULO

Hershe - SeulreneOnde histórias criam vida. Descubra agora