Capitulo 20

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Jennifer POV

Depois de um fim-de-semana inteiro fechada em casa, voltei para a escola. O que não seria melhor do que estes dois dias. Não podia andar com o Zayn porque tenho de me afastar dele, tal como das pessoas com quem ele anda. Não vou aproximar-me do Ash porque isso ia ser estranho e eu não estou preparada para voltar a ser amiga dele. A única solução é andar sozinha. Posso conhecer toda a gente que aqui anda, mas não ando com qualquer um.

Hoje pedi à minha mãe para me levar à escola, já que eu não queria que o Zayn o fizesse. E também lhe pedi para que me trouxesse mais tarde, para não ter se ficar sozinha muito tempo.

O carro da minha mãe parou na estrada à frente do portão da escola. Eu despedi-me dela com um beijo na bochecha e sai do carro, colocando uma alça da mochila no meu ombro direito. Passei pela portaria dando passos lentos. O que eu queria neste momento era que a campainha tocasse, anunciando a hora de entrar para as salas.

Involuntariamente, olhei para o lugar onde eu, o Zayn e os restantes membros do grupo nos encontrávamos e ficávamos reunidos na conversa e na palhaçada. Todos eles me olhavam atentamente. Admito que a minha vontade de ir para a beira deles era imensa, mas algo em mim me impedia de o fazer.

Não muito longe deste grupo, estava o Ash e os amigos deles, que me encaravam da mesma forma, sem nunca desviar o olhar. Era muito constrangedor estar nesta situação.

A campainha soou pelo pátio da escola. Da minha boca saiu um suspiro de alívio. No telemóvel que trazia na mão, vi o meu horário, para saber exatamente para que aula e sala tinha de ir. A primeira aula era de português, com o professor Morris. Nesta aula costumo ficar à beira do Zayn, mas hoje isso não vai acontecer.

No caminho para a sala, passei pelo meu cacifo, para trocar alguns livros pelos que tinha na mochila. Voltei a fechar o cacifo e fui para a sala. Abri a porta desta sem bater e entrei, sem a autorização do professor. O meu objectivo era ir para uma mesa num canto da sala, afastada de todos os que não queria por perto, e de preferência sem ser notada.

“Menina Smith!” O professor chamou o meu nome quando eu me preparava para me sentar. “O que é que você está a fazer aí? O seu lugar não é à beira do menino Malik?” Esta forma de ele fazer perguntas é a sua maneira de dar uma ordem aos alunos.

“Já não é.” Eu respondi. Ele olhou-me por cima dos seus óculos redondos, de forma ameaçadora.

“Faça o favor de se sentar à beira do rapaz.” Ele pediu sem paciência, abrindo o livro de português numa página qualquer. Eu fiquei imóvel perto da cadeira que tinha puxado para me sentar. Encarei pela primeira vez o Zayn, que me olhava de forma séria e magoada. Um brilho formou-se nos seus olhos, devido a umas lágrimas que ameaçavam escorrer. A minha vontade era correr até ele e abraçá-lo, beijá-lo e nunca mais o largar. Mas alguma coisa me voltava a impedir de o fazer.

“Está à espera de quê?” O professor voltou a insistir.

“Não me pressione.” Respondi nervosa. Algumas risadas suaves foram ouvidas. Eu olhava simultaneamente o professor e o Zayn, sem saber o que fazer. O Harry, o Louis, o Niall e o Liam não se mostravam admirados com a minha reacção.

“Eu vou com ela lá fora.” O Ashton disse, levantando-se do seu lugar e dirigindo-se a mim.

“Acho melhor. Não quero ficar a aula toda nisto.” O senhor Morris concordou.

“Não vens nada.” Recusei a ajuda dele. Caminhei num passo apressado até à porta e sai da sala, deixando o Ash especado a olhar para mim.

Não sabia o que se estava a passar comigo. E muito provavelmente as pessoas da minha turma ficaram a pensar que eu sou uma pessoa desequilibrada. Que não sabe o que quer nem o que deve fazer à vida.

Percorri os corredores da escola, sem rumo. Apenas queria ir para um lugar em que ninguém me encontrasse para poder organizar os meus pensamentos. A minha cabeça está uma confusão e eu não sei por que motivo não me consigo aproximar do Zayn.

Duas portas ao fundo do corredor chamaram a minha atenção. A da esquerda indicava a casa de banho masculina, e a da direita, a feminina. Entrei na porta da direita, fechando-a em seguida. Fui para a frente do espelho e pousei a minha mochila em cima do lavatório. Apoiei os meus braços no lavatório e fiquei a observar o meu reflexo no espelho por algum tempo.

Eu tinha de encontrar uma solução para isto. Eu não posso ficar afastada do Zayn, já não consigo viver sem o seu toque, sem a sua respiração perto do meu pescoço, sem os seus beijos calmos mas intensos. Eu não posso viver sem ele. Criei uma espécie de dependência por ele.

O Liam surgiu no meu pensamento. Ele é o único por quem eu não sinto esta repulsa. É o único que me pode ajudar.

Apressei-me a tirar o telemóvel do bolso das calças e a digitar algo como “Anda à casa de banho das raparigas, preciso de falar contigo urgentemente.” Enviei a mensagem e pousei o telemóvel sobre a mochila. Agora tinha de esperar que ele não demorasse muito a chegar.

Tinham passado cinco minutos desde que pedi ao Liam para vir ter comigo, mas ele ainda não tinha chegado. Provavelmente o professor não o tinha deixado sair da sala. Ou então está desiludido comigo por me ter afastado deles tão repentinamente, sem motivo nenhum.

Um grande estrondo veio da porta, que estava agora escancarada para trás. E uma figura alta e magra corria na minha direcção. Eu levantei-me rapidamente do chão, onde me tinha sentado à espera que ele chegasse, e abri os braços para o receber.

O seu abraço confortou-me muito. Não tem o mesmo poder dos abraços do Zayn, mas era muito bom saber que me conseguia aproximar de pelo menos um deles.

“Liam, o que é que se passa comigo?” Eu afastei um pouco os nossos troncos para que eu pudesse encarar a sua face. “Eu não me consigo aproximar do Zayn, nem de nenhum dos outros.” Acrescentei, quando ele fez uma cara de confusão.

A sua expressão facial mudou um pouco, embora eu não soubesse o que esta queria dizer.

“O que é que tu sentes em relação a isso?” Ele perguntou.

“Eu quero estar com ele, mas não me consigo aproximar.” Tentei dar uma explicação breve. A sua reacção não foi como eu esperava. Parecia que já sabia a resposta à sua pergunta. Sussurrei um “ajuda-me” e olhei para o chão. O Liam voltou a envolver-me nos seus braços, ficando com a minha cabeça enterrada no seu peito.

“Eu tenho uma solução, mas vais ter de ser forte.”

You And I || z.mOnde as histórias ganham vida. Descobre agora