Introdução

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Bradford, Inglaterra

Hoje começa a escola outra vez. Depois de umas férias de verão perfeitas, com os amigos, noutras cidades e países, com saídas à noite que duravam até de manhã, e dias inteiros fora de casa. Posso dizer que este verão, quase não estive com a minha família, mas como a escola começa hoje, vai voltar tudo a ser como antes. No fim das aulas estou um pouco com os meus amigos e depois volto para casa, para estudar ou para simplesmente estar com a minha família. Eu sou filha única, por isso tenho o carinho dos meus pais todo para mim, mas confesso que gostava de ter um irmão mais velho e uma irmã mais nova, para me fazerem companhia.

Eu vou para o 11º ano, mas fiquei numa turma em que não conheço ninguém, pois eles são todos novos na escola. A minha tia é a directora da escola, por isso eu sei tudo o que se passa, incluindo a entrada e saída de alunos naquela escola.

Estou pronta para sair de casa, só estou à espera que a minha mãe se despache para me levar à escola. Não a culpo por estar a demorar tanto tempo. Se eu estivesse no seu lugar também faria as coisas com muita mais lentidão. Chegar a casa muito tarde e ainda ter de tratar de vários assuntos dos quais eu não tenho interesse nenhum em saber, deixam qualquer um exausto e sem vontade de fazer nada nem sair da cama.

O meu pai já tinha saído de casa para ir trabalhar, e eu estava sentada nas escadas frias que dão entrada para a porta de minha casa. Apesar de uma brisa fresca me arrepiar de vez em quando, tinha de aproveitar o sol que aquecia lentamente o ambiente, afinal, não é todos os dias que o sol decide aparecer por aqui. 

O som da porta ser trancada foi ouvido e segundos depois um corpo passou ao meu lado. Levantei-me e segui essa mesma pessoa, que se dirigia para o carro preto estacionado à frente de casa. Abri a porta do mesmo assim que ele foi destrancado e entrei, sentando-me no confortável banco.

“Bom dia, mãe!” – Saudei-a com um beijo na bochecha, já que não tive tempo de o fazer antes.

“Bom dia, filha! Preparada para o primeiro dia de aulas?” – Perguntou com um sorriso irónico na sua face rosada. Era óbvio que ela sabia que eu não estava preparada, não descansei nada nas férias. Eu olhei para ela com os olhos semicerrados, e ela deu uma leve risada.

“É claro que não estás, mas eu avisei-te que tinhas de descansar para ficares pronta para as aulas!” – Repreendeu-me e eu revirei os olhos. Já estava farta de ouvir este tipo de sermões. É a mesma coisa todas as semanas, e todos os anos.

Ela arrancou com o carro e fomos em silêncio até à escola, a ouvir a rádio, que não estava a dar nada de jeito, e eu acabei por fechar os olhos.

Eu senti o carro a parar, por isso abri os olhos, certa que tínhamos chegado ao meu destino, e estava certa. Estava na frente da escola, que estava cheia de gente na entrada, e dentro dos portões a mesma coisa. Podia-se ver amigas a abraçar-se, provavelmente com saudades porque não se viram nas férias, casais a namorar, essas cenas do costume.

“Logo não te posso levar a casa, não te importas de ir a pé?” – Perguntou a minha mãe com a sua voz doce.

“Claro, mãe. Não te preocupes.” – Dei-lhe um sorriso sincero e sai do carro, dirigindo-me para o “spot”, que é o sítio onde o meu grupo se encontra nos intervalos para nos divertirmos. Eu faço parte do grupo mais popular da escola. Sou a rapariga mais conhecida da escola, mas também muito odiada pelas pessoas do segundo grupo mais popular da escola. Podíamos ser todos amigos, mas nesse grupo, as pessoas são todas falsas e hipócritas, e o meu grupo odeia gente assim. Temos muitas rivalidades ao longo do ano, e por vezes pregamos partidas uns aos outros, para ver se algum é suspenso, ou até mesmo expulso.

Cheguei ao “spot” e só lá estavam a Cece e a Bea, em pé, encostadas à parede. Quando elas me viram, dirigiram-se a mim, de braços abertos, pois já não as via há duas semanas. Ela foram de férias para França, e eu para Portugal, com a minha mãe, pois os meus avós vivem lá.

“Jennifer! Que saudades, princesa!” – Disse a Cece, com a sua voz estridente.

“Também tive saudades, minhas lindas! Como é que correram as férias?”

“Uma seca. Os nossos pais não nos deixaram sair de casa sem eles!” – Falou com uma voz desanimada. – “E as tuas?”
“Foram normais. Estive com os meus avós, mas pelo menos podia sair de casa sozinha.” – Dei uma risada alta, para gozar com elas, que me fuzilaram com o olhar.

“Olhem, depressa!” – Gritou, chamando a nossa atenção, e mandou-nos olhar para a entrada da escola com um gesto que fez com a mão. Eu olhei, tal como ela mandou, e arregalei os olhos com a visão que tinha. – “Eles são novos na escola, não são?” – Perguntou entusiasmada.

“São!” – Respondi. Eu conheço toda a gente, e como nunca os tinha visto, é claro que eles são novos na escola. 

You And I || z.mOnde as histórias ganham vida. Descobre agora