Confinada

Por mryanoficial

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Ariela nunca conheceu o lado bom da vida, desde que nasceu sua vida vida foi banhada em trevas, medo, escurid... Más

Bem vindo ao meu Romance trevoso \o/
Prologo
Capitulo 1 | O começo
Capitulo 2 | Luz e escuridão
Capitulo 3 | Como seria a sensação de liberdade?
Capitulo 4 | Perdas e ganhos
Capitulo 5 | Um buraco negro
Capitulo 6 | Um novo começo
Capitulo 7 | A despedida
Capitulo 7.1 | A despedida
Capitulo 8 | Perdida
Capitulo 9 | Um caminho sem volta?
Capitulo 10 | Quando tudo vem abaixo
Capitulo 11 | Qual o preço da liberdade?
Capitulo 12 - Sem rumo
Capitulo 13 - Um erro e tudo pode vir abaixo
Capitulo 14 - Escolhas difíceis
Capitulo 15 - Instintos nunca falham
Capitulo 16 - O ultimo adeus
Capítulo 17 - O longo caminho até aqui
Capítulo 18 - Sempre alerta!
Capítulo 18 - Sempre alerta! - continuação -
Capitulo 19 - Era bom demais para ser verdade
Capítulo 20 - Uma virada inesperada
Capítulo 21 - No limite
Capítulo 21 - No limite (cont...)
Capitulo 22 - Você de novo?
Capítulo 23 - Uma surpresa nada agradavel
Capítulo 24 - Um bom plano mas não o melhor.
Capítulo 24 - Um bom plano mas não o melhor (cont...)
Capítulo 25 | Maldita língua
Capítulo 26 - Talvez seja o destino
Capítulo 26 - Talvez seja o destino (cont...)
Capítulo 27 - Uma hora as coisas saem do planejado
Capítulo 27 - Uma hora as coisas saem do planejado (Cont...)
Capítulo 28 - Águas profundas
Capítulo 28 - Águas profundas (cont...)
Capítulo 29 - Um sorriso talvez?
Capítulo 29 - Um sorriso talvez? (cont...)
Capítulo 30 - Afogando (cont...)
Capítulo 31 - Cair e se levantar
Capítulo 31 - Cair e se levantar (cont...)
Capítulo 32 - Partilhar
Capítulo 32 - Partilhar (cont...)
Capítulo 33 - Que os jogos comecem
Capítulo 33 - Que os jogos comecem (cont...)
Capítulo 33 - Que os jogos comecem (cont... 2)
Capítulo 34 - Preparativos
Capítulo 34 - Preparativos (cont...)
Capítulo 35 - Nervos a flor da pele
Capítulo 35 - Nervos a flor da pele (cont... )
Capítulo 36 - Inesperado
- Capítulo 36 (cont... ) -
Capítulo 37 - O grande dia
Capítulo 37 - O grande dia (cont... )
Capítulo 38 - Ora ora!
Capítulo 38 - Ora ora! (cont... )
Capítulo 38 - Ora ora! (continuação part 2)
Capítulo 39 - Alucinação ou realidade
Capítulo 39 - Alucinação ou realidade... cont 1
Capítulo 40 - Passado, Presente... futuro?
Capítulo 40 - Passado, Presente... futuro? (cont... )
Capítulo 41 - Colocando os pingos nos is
Capítulo 41 - Colocando os pingos nos is (cont... )
Capítulo 42 - Apos a tempestade vem...
Capítulo 42 - Apos a tempestade vem... (cont...)
Capítulo 43 - Novos lados
Capítulo 43 - Novos lados - cont...
Capítulo 44 - O cordeiro se tornou um lobo.
Capítulo 44 - O cordeiro se tornou um lobo - cont...
Capítulo 45 - Novos ventos?
Capítulo 45 - Novos ventos - cont...
Capítulo 46 - sensações
Capítulo 46 - Sensações cont...
Capítulo 47 - Amor, paz, diversão e algo mais
Capítulo 47 - Amor, paz, diversão e algo mais - continuação
Capítulo 48 - Laços
Capítulo 48 - Laços cont...
Capítulo 49 - Que diabos esta acontecendo?
Capítulo 49 - Que diabos esta acontecendo? Cont...
Capítulo 50 - Te peguei!
Capítulo 50 - Te peguei! - Cont...
Capítulo 51- O que eu também não entendo
Capítulo 52 - ultimato
Capítulo 52 - Ultimato - cont...
Capítulo 53 - Os próximos passos
Capítulo 54 - O que vem a seguir?
Capítulo 54 - O que vem a seguir - cont...
Capítulo 55
Capítulo 56 -
Capítulo 57
Capítulo 58

Capítulo 30 - Afogando

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Por mryanoficial


Eu ainda não acreditava no que Miguel havia feito, tudo estava tão lindo e o quadro da mamãe no meu quarto... Meu Deus... Era a chave de ouro, o ponto alto de toda a surpresa. Ele podia não ter feito nada, não ter mudado uma coisinha se quer, só de ter trago o quadro eu já seria eternamente grata. 

Era impossível não olhar para esse apartamento e me emocionar a cada vez que abria a porta, meu coração estava transbordando, quentinho e feliz toda vez que estava em casa, ali se tornou meu porto seguro e eu devia tudo isso a Miguel. Não havia palavras suficiente para agradecer o que fez por mim ou melhor tudo que fez por mim.

 Ja fazia uma semana desde a  grande surpresa e eu não conseguia deixar de admirar cada pequeno detalhe, o idiota morria de rir quando me pegava parada, encantada admirando toda aquela mudança. Ele era um bastardo, engraçadinho, pé no saco, mas eu ja não conseguia me ver sem o maldito e por mais que eu não queira admitir ele era uma das coisas que me ajudava a me sentir segura... em casa, independente de onde fosse, com ele eu sabia que estava segura de alguma forma mesmo que tudo gritasse que tal coisa nunca existiria, não para mim.


Havia dias que estávamos esperando a chegada de seu amigo Erik, confesso que estava animada em termos mais alguém confiável e extremamente habilidoso ao nosso redor, afinal quanto mais cedo pegássemos o filho da mãe que estava por trás de todo esses ataques melhor, seria um problema a menos para me preocupar.


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Para a minha completa felicidade a semana se passou tranquilamente e morar com Miguel se tornava cada vez mais fácil, já não havia mais aquela estranha sensação de constrangimento pairando pelo ar, tudo agora parecia mais... natural. Com o tempo acabamos criamos uma rotina agradável, onde podíamos muito bem fazer algo juntos como um lanche, uma noite de filmes ou simplesmente ficarmos na sala apreciando a companhia um do outro enquanto cada um cuidava de seus respectivos trabalhos ou no meu caso estudos.

 Era impressionante como as coisas estavam tão fáceis e simples entre nos, era estranho pensar que semanas atras tudo que queria era manda-lo para bem longe e nunca mais ter de olhar suas fuças e agora para minha total surpresa não consigo me ver sem suas palhaças, seu carinho, preocupação, sua presença reconfortante e a total segurança que me transmitia. 

Infelizmente nem todos os dias eram bons, haviam dias que nem suas palhaçadas conseguiam afastar todo aquele medo e insegurança, nesses dias o peso de todos aqueles anos, de todas as decisões que tomei recaiam sobre mim, me fazendo  questionar tudo, pensar e repensar milhões de vezes se realmente era seguro continuar aqui, coloca-los em risco desse jeito e esse era um desses dias.

 Eu estava inquieta, como se algo fosse acontecer e o pior de tudo era que eu não poderia fazer nada. Não sabia o que estava acontecendo ou iria acontecer, era só essa maldita sensação ruim queimando em minha pele, me alertando... me enlouquecendo. 

 Eu havia perdido a festa da fraternidade mas não me preocupei muito com isso afinal sempre haveria outra, parecia que as coisas só funcionavam através dessa pequena barganha, como se cada festa fosse uma recompensa por se dedicarem o mínimo possível aos estudos durante o mês, então sempre haveria  uma comemoração ou algum um motivo banal para que eles pudessem dar uma e beber até não lembrarem mais seus nomes ou que merda haviam feito. 

Miguel não estava nada feliz com meu súbito interesse nas comemorações pela cidade, ele suspeitava de algo claro, afinal nunca demonstrei qualquer interesse em festas, barzinhos ou qualquer coisa muvucada e movida a álcool que os jovens gostem. Eu preferia evitar tais coisas não seguir em sua direção mas dessa vez não tinha outra forma, precisava me arriscar e ver se o maldito realmente se aproveitava dessas pequenas comemorações para atacar e eu tinha certeza que Miguel sabia que esse era o real motivo por trás de tudo, sua expressão serie e fechada sempre que tocava no assunto com Olivia não me deixava qualquer duvida.


Ando de um lado ao outro do apartamento, ficando cada vez mais agoniada, não conseguia ficar parada, alguma coisa ruim estava para acontecer, todos os meus instintos gritavam mas...  com quem? onde? quando? 

Eu estava em casa, não poderia ser nada comigo, poderia? Saio andando pelo apartamento, abrindo todas as cortinas que Miguel havia colocado, afinal se algo fosse acontecer ali só poderia vir através das janelas ou porta de entrada. Decidida sigo ate a entrada, porta devidamente trancada, me direciono as janelas e assim que abro uma das cortinas da sala um grito irrompe de mim, quase caio, tropeçando, tentando me afastar da janela, tentando me afastar do que havia ali, colado, bem grande, para que eu não perdesse cada detalhe.

A porta se aberta em um rompante, fazendo um enorme estrondo ao bater na parede. Miguel entra correndo me chamando,  mas não me viro, não consigo me mexer, não consigo fazer nada, alem de ficar ali, olhando aquela imagem, meu pior pesadelo...

Nem os mortos são perdoados. Tumulo é depredado em cemitério, corpo continua desaparecido. Policia não possui quaisquer suspeitas sobre o criminoso.  

Logo abaixo da enorme manchete a foto dos túmulos de mamãe e meu pai em foco, em frente a lapide que eu havia depredado com enorme prazer jazia um enorme buraco e uma tampa de caixão quebrada jogada ao lado. Se isso já não me assustasse o bastante ainda tinha um pequeno detalhe, que com certeza passou desapercebido por todos, o pequeno inscrito preto na lapide imaculada de mamãe "Minha".

Eu não conseguia respirar, meus pulmões haviam esquecido como se trabalhar, meu corpo inteiro tremia, tudo estava começando a ficar negro nas bordas de minha visão. Senti Miguel ao meu lado, seus braços me rodeando, seu rosto tão próximo ao meu, eu queria gritar, queria falar, mas nada saia, nada.

_ Bela! Por Deus mulher, o que houve? 

_ Migue...  olha a janela. - uma voz profunda diz bem atras de nós, provavelmente seu amigo Erik que havia chegado.

_ Você pode... 

_ Ja estou nisso! - Ouço passos pela casa e uma porta se fechando. No mesmo instante Miguel me pega no colo, correndo comigo para algum lugar, eu não sabia o que fazer, meu corpo parecia ficar mole a cada minuto e o ar não vinha, por mais que o puxasse.

_ Só se acalma princesa, respira bem devagar. - diz calmo mas posso sentir seu corpo tremendo tanto quanto o meu. De repente uma água gelada cai sobre nós, tento me afastar de todas as formas possíveis mas seu aperto é firme ao meu redor.

_Eu sei o quanto é horrível, mas preciso que confie em mim - sussurra carinhosamente, como se qualquer elevar de suas palavras pudesse piorar tudo - Você esta começando um ataque da pânico Bela, seu coração esta disparado e a água gelada vai ajudar a acalmar e regularizar seus batimentos cardíacos. Só tenta respirar bem devagar. Eu to aqui com você, você ta segura. Eu prometo! - Miguel diz suavemente me embalando em seus braços embaixo do chuveiro gelado. Fecho meus olhos e me agarro a seu corpo, sentindo todo o meu corpo tremer, protestar. Ele permanece ali comigo, me apertando firmemente contra ele, a todo momento tentando me tranquilizar, mas aquela imagem, aquela mensagem... não saiam de minha mente.


Minha respiração finalmente começava a se acalmar, mas eu não conseguia me desgrudar de Miguel, ele estava começando a tremer tanto quanto eu, nos precisávamos sair dali e de preferencia tomar um banho quente ou um chá talvez, não podíamos nos dar o prazer de adoecer nesse momento. Não agora. 

_Melhor? - Miguel pergunta preocupado.

_ Si... sim! - digo tremendo - Ja... ja podemos sair. - Ele desliga o chuveiro, tomando cuidado para não me derrubar. Tento sair do seu colo mas ele me segura. - Nada disso! Fica quietinha ai. - Decido obedecer dessa vez, verdade seja dita não sabia se poderia confiar em minhas próprias pernas. Ele sai delicadamente de dentro da banheira, me colocando sentada sob o vaso sanitário. Abrindo o pequeno movel ele pega duas toalhas, abre uma imediatamente e enrola ao meu redor, tento pegar e me enxugar eu mesma mas ele me olha irritado, então fico ali, sentindo as malditas borboletas novamente em meu estômago. Fecho os olhos tentando controlar toda a confusão de sentimentos dentro de mim. Lembranças de mamãe fazendo o mesmo comigo enchem minha mente e de repente sinto uma lagrima escapulir dos meus olhos. Era bom ser cuidada por alguém novamente, sentir o carinho, a preocupação de alguém, não que Ana, Pedro e até Olivia não mostrassem isso, por que mostravam e muito, mas com Miguel era diferente. Essa sensação família, quentinha, agradável, era um bálsamo as vezes, era como se as pequenas luzinhas de mamãe que tanto achei terem se apagado em mim reconhecessem nele um semelhante, um igual. Era lindo e aterrorizaste ao mesmo tempo.

_Ei! Por que ta chorando? - perguntando limpando meu rosto delicadamente.

_ Eu só... Deixa pra lá!

_ Me conta, por que ta assim? O que houve?

_ Melhor a gente se trocar primeiro, não quero ninguém ficando doente. Ja tivemos nossa cota de hospital anual atingida esse ano.- tento soar divertida.

_ Bom ponto! - diz se levantando - Você esta realmente bem para ficar sozinha? Não quer que te ajude... 

_ Estou bem - digo revirando os olhos 

_ Certo, então vou te deixar se trocar - diz saindo, me olhando preocupado, porem antes que se afaste demais pego sua mão e ele para, me olhando confuso.

_Muito obrigado Miguel! Eu... eu nunca te agradeci direito por tudo que fez e faz por mim. Obrigado.

_ Bela...  o que esta acontecendo? - Miguel se aproxima vagarosamente se ajoelhando em minha frente. Pego a toalha que ele havia deixado em cima da bancada e coloco sobre seus ombros.

_ Não é nada!

_ Achei que já éramos amigos - diz chateado - será que todo esse tempo juntos eu não consegui provar que você pode confiar em mim? Que posso te ajudar?  Te proteger?

_ Não faz isso... - digo olhando para o chão - Você sabe que não é assim. Eu só não consigo...  pelo menos não ainda.

_ Tudo bem - solta um suspiro frustado. - Eu vou estar lá na sala te esperando. Tome seu tempo. Vou fazer um chá bem quente para nos dois. Mas Bela... você precisa me contar sobre aquele artigo colado na janela, você precisa me dizer se estiver recebendo coisas estranhas assim.

_ Aquele artigo não tem nada haver com o cara que estamos atras - digo ainda sem olha-lo nos olhos.

_ Como sabe disso?

_ Por que... isso vem acontecendo a muito tempo. Bem antes que eu sequer morasse aqui.

_ E como você tem tanta certeza disso? Olha pra mim Bela, por que você não quer olhar pra mim? O que você não quer me deixar ver?

_ Eu... - engulo seco levantando meus rosto em direção ao seu - Eu não quero ver a decepção e pena no seus olhos - digo o encarando tristemente - Eu não quero ver isso - aponto seu rosto - Essa pena, como se eu fosse uma criancinha indefesa...  alguém fraco, inferior.

_ Mas de onde você tirou essa besteira? Eu não estou olhando com pena ou qualquer merda semelhante, eu estou puto, chateado, frustrado e não com você...  comigo. Por não ter visto antes o que acontecia com você, por não saber como te ajudar sem que você me expulse daqui aos berros. Eu me sinto tão impotente ao seu lado princesa. Eu queria tanto que você me deixasse entrar, me deixasse ajuda-la, eu daria o mundo para você se você pedisse... - diz chateado me olhando no fundo dos olhos.

_ Miguel? - Alguém chama da sala.

_ Ja vou! - ele grita em resposta, soltando um longo suspiro e se levantando. - Não fique muito tempo assim com essas roupas molhadas. Talvez fosse melhor tomar um banho quente agora que esta mais calma e depois um chá, vou deixar um preparado na cozinha pra você - dito isso se vira e vai embora, me deixando ali sozinha.

_ Miguel... - chamo mas ele não volta.

Deixo minha cabeça cair sobre minhas mãos, cansada, eu estava tão perdida, tão assustada. Que diabos aquilo queria dizer? Será que o corpo de papai nunca esteve ali ou realmente roubaram seu corpo? Só que essa não era a pergunta chave, o que me incomodava era não saber se ele realmente estava vivo ou não. O corpo seria realmente dele? Como eu saberia se era ou não? Eu precisava dar um jeito de descobrir, de ter certeza. Ele não podia estar vivo, eu lembro do desespero de mamãe, da luta que tive com ele, das agressões e depois um enorme branco, quando ele me nocauteou batendo minha cabeça na parede, após isso só lembro do fogo e de tentar fugir o mais rápido dali com mamãe e depois tropeçar em algo, um corpo, sangrento, machucado, quase irreconhecível, mas eu sabia que era ele, tinha que ser ele!

Abro o chuveiro, deixando a agua quente encher a banheira, eu precisava pensar, eram tantas coisas acontecendo. Coisas boas, ruins, mas as ruins sempre pareciam prevalecer é impressionante. Sempre que eu acreditava estar finalmenteme deixando me abrir um pouco que seja, vinha algo e me jogava esse enorme balde de agua fria.


Tiro as roupas molhadas deixando-as no canto, mais tarde veria o que fazer com elas, agora eu só precisava tentar por a mente no lugar. Eu estava indo bem, não podia deixar isso me desestabilizar. Miguel estava certo eu não podia continuar tomando atitudes sempre pensando no que quem quer que esteja atras de mim faria, eu precisava tomar as decisões por mim mesma e eu sabia que ja havia decidido ficar. Ja havia passado semanas desde toda aquela confusão e eu ainda estava aqui, eu sabia o que queria só estava com medo das consequências. Por mais forte que tentasse ser no fundo eu ainda era uma covarde.

Eu precisava contar algo para eles, algumas coisas talvez ajudassem eles a se manterem seguros, mas como dizer pequenas coisas sem ter que contar tudo? Será que aceitariam? Será que me olhariam de forma diferente? Será que ao não contar tudo eles ainda confiariam em mim? Continuariam gostando de mim ou tudo mudaria?

Saio dos meus devaneios ao sentir a agua se tornar cada vez mais gelada ao meu redor, me levanto, me seco e sigo para o meu quarto. Já vestida ando de um lado ao outro do quarto, criando coragem, decidindo se iria ou não tomar o tal chá... encarar Miguel. 

Eu estava com medo, triste por saber que Miguel estava chateado comigo, nos nunca havíamos brigado, não que nossa relação fosse longa o suficiente para ocorrer tais coisas, mas... ele nunca me olhou daquela forma, tão decepcionado, magoado...  ferido. Eu precisava que ele entendesse o quão difícil é para mim me abrir, contar tudo me faria reviver cada segundo de tudo que vivi, cada dor, cada perda e eu não podia suportar tudo aquilo de novo. De certa forma esconder tudo, fugir, fingir, me fazia esquecer aquilo em algum lugar da minha mente, como se eu encaixotasse tudo e enfiasse em uma grande sala, deixando para resolver toda a bagunça em um futuro proximo, ou  nunca. Mas as coisas não funcionavam assim, as vezes a sala estava tão cheia que alguma bagunça escapava, ou o peso se tornava demais para mim e aquilo me comia por dentro. Eu sabia que um dia teria que encarar tudo, mas eu ja perdi tanto, senti tanto... por que acabar com o resto que me sobra?

Respiro fundo, criando coragem, precisava dizer isso a ele, precisava faze-lo entender, eu confiava nele de olhos fechados, mesmo nos conhecendo tão pouco eu sabia no fundo do meu ser, da minha alma, que eu poderia dar minha vida a ele que ele faria o possível e impossível para me manter segura.

Talvez fosse esse pensamento que me fazia recuar, ter medo de enfrentar esses sentimentos confusos, inquietantes e empolgantes que ele me proporcionava. Eu não queria alguém que daria sua vida por mim por que isso me faria perde-los, me deixaria sozinha novamente, sem nada, sem ninguém. Eu quero alguém que lute ao meu lado, que faça tudo para ficar comigo, não para me ver bem ao custo de sua vida. Eu não aguento mais ser responsável pela morte de alguém, não aguento mais essa culpa me corroendo por dentro, me matando lentamente. 

Me viro para a porta decidida, respiro fundo e solto lentamente, abrindo a porta caminho decidida até a cozinha, mas assim que piso na sala sei que Miguel não esta ali. Ele havia ido embora. Uma dor brota em meu peito, pressiono a palma da mão sobre ele, tentando aliviar de certa forma aquele aperto, mas não funciona. Ando até a cozinha, vou até a pequena lavanderia aos fundos mas nada dele. Volto e vejo o copo de chá ainda quente me esperando, mas meu estômago se revira agoniado. Corro até a sala abrindo o armário com o coração na mão, ele não teria ido embora assim, teria? Sem se despedir, sem dizer nada? Talvez, afinal as pessoas tinha certa tendencia a me abandonar.

Quando vejo suas coisas ainda ali, organizadas, cheirando aquele cheiro que só ele tinha, caio de joelho, a dor no meu peito se esvaindo, alivio me tomando. Ele precisava de tempo, era só isso... 

Pego seu travesseiro e lençol e me deito no sofá, eu precisava conversar com ele, ele iria entender, ele sempre me deu espaço, me deixou ter meu tempo... não mudaria agora, eu não havia feito nada para que mudasse, havia?

Com todas as minhas inseguranças me comendo viva, me deito no sofá, repassando tudo que havia acontecido, cada nano segundo, cada palavra, cada movimento, tudo. Em algum momento devo ter caído no sono, pois acordo assustada com a luz se acendendo em meu rosto.

_Bela? Por que ta dormindo na sofá? - pergunta confuso, cansado.

_ Miguel... - eu apenas me levanto e fico ali olhando para ele, soltando um pequeno suspiro de alivio. Ele me olha confuso, mas meu alivio não passa desapercebido por ele. Quando ele abre a boca para dizer algo corro para o quarto.

_ Bela! - ele chama mas ignoro e fecho a porta atras de mim rapidamente. Meu coração acelerado, meus malditos olhos úmidos, por que eu estava assim? Eu odiava ficar assim, eu não era essa pessoa frágil, chorosa, insegura. Ou sempre fui, só fingir não ser?

_ Bela! Fala comigo -  ouço Miguel do outro lado - O que foi isso? Por que você ta assim? Abre a porta.

_ Não é nada, boa noite Miguel - digo tentando manda-lo embora, mas posso ouvir seus passos de um lado ao outro no corredor. Me sento encostada a porta, abraçando meus joelhos. Por que tudo para mim tinha que ser tão difícil?

_ Não faz isso Bela! Merda! Para com isso! Me deixe entrar, me deixa te ver, eu preciso... por favor. - sua voz sai mais baixa e isso me parte ao meio. Por que eu sempre tenho que machucar quem gosto? Uma lagrima teimosa escorre em meu rosto mas eu a limpo rapidamente me negando a deixar sentir essa auto piedade de mim mesma.

_ Eu to bem Miguel, só vai dormir. Você esta cansado e eu também.

_ Por que você não conversa comigo? Por que você não confia em mim? - diz e a dor dói em mim, como um golpe certeiro em meu peito.

_ Eu... eu só não consigo! Me desculpa! - cubro um soluço que escapa de mim. Por que eu sempre complicava tudo. Eu estava tão cansada... 

_ Não chora princesa, por favor, abre a porta! Fala comigo! - Implora- Eu... eu só preciso te ver Bela, por favor... eu não consigo mais ver você sofrendo assim. Isso ta me matando.- sua dor me quebra.

_ Me... me desculpa - não consigo conter as lagrimas.

_ Eu sei o que você pensou, mas Bela... Eu nunca iria embora amor, não assim - suas palavras me quebram e eu afundo a cabeça entre as pernas tentando abafar minha dor. Eu era uma confusão de sentimentos, queria tanto ser diferente, ter coragem para contar tudo, mas a vergonha e o medo me tomavam. Eu não queria perde-los mas sabia que contando ou não contando iria acabar perdendo.

_ Boa noite princesa - diz exausto e ouço seus passos se afastando lentamente até que restasse somente o silencio e nada mais.


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Hello trevosinhos!

Como estão meus amorecos?

E ai, o que acharam do capitulo de hoje? 

Ta bem grande, espero que não queiram me matar por isso rs.

Curtu? Gostou? Odiou? Me contaaaaaaaaa \o/

E Oh, Não esquece de deixar seu votinho e chamar seus amigos, colegas, povo do Whats, do Face, do Insta, do TikTok, cachorro, piriquito, papagaio, chama todo mundooooo para ler hein! \o/

Conto com sua ajudinha!

Bora chegar nas 3 Mil leituras pessoal! Prometo que posto capitulo duplo 😉

Bora espalhar confinada por esse Brazil \o/

Nos vemos em breve.

Beijoooos

Não me abandoneeeem!

s2

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