Dom.
A primeira coisa que penso quando vejo-a descendo a rua indo embora daquele jeito é em ir atrás dela, pedir desculpas e até perdão se for preciso. Puxá-la para junto de mim e nunca mais soltá-la. Sempre tive o máximo de cuidado para nunca me apaixonar, eu sei muito bem das regras que tenho que seguir, mas não sei como essa baixinha de olhos azuis conseguiu quebrar todas as barreiras que pus em volta do meu coração e chegar até ele.
Talvez seja porque ela é diferente de todas as outras garotas que já conheci ou talvez seja por causa dessa inocência e ao mesmo tempo dessa bravura que vejo em seus olhos. A verdade é que estou completamente apaixonado por ela e tô me odiando por isso porque sei que nunca vamos poder ficar juntos de verdade. Não ela sendo uma Whitmore e eu um Blackwell. Não enquanto vivermos nessa droga de cidade.
Depois de observá-la até ela sumir de vista, volto para dentro do bar, pago a cerveja que bebi e me viro para ir embora quando esbarro na Zoe.
-Viu a Kim por aí? Não tô conseguindo encontrá-la.
-Foi embora. -respondo e sigo meu caminho para fora do bar.
Ela me segue e isso me deixa mais irritado do que eu já tô.
-O que você fez com ela? -Zoe me questiona, quando já estamos do lado de fora.
Passo a mão pelo cabelo, exasperado.
-Não é da sua conta! -esbravejo.
Ela me encara com a cabeça erguida, como se fôssemos iguais.
-É sim! Ela é minha amiga. Então é sim da minha conta tudo o que acontece com ela.
Apoio as mãos na cintura, pedindo aos céus muita paciência.
-Deixa de ser falsa, garota! Você odeia a família da Kim.. Até agora tô querendo entender por que você se aproximou dela.
Zoe tira os óculos e começa a olhar ao redor. Ela não precisa de óculos de grau para enxergar bem, mas usa para passar a imagem de uma garota tímida, nerd, estudiosa.
-Cuidado com o que fala, Blackwell! Se a Kim ficar sabendo sobre mim, ela também vai saber tudo sobre você, tá me ouvindo?
Cerro as mãos em punhos.
-Sai de perto de mim, vagabunda! Antes que eu perca a paciência e esqueça que você é mulher.
-Tá avisado. -ela põe os óculos de volta e sai pisando duro.
Preciso descobrir qual é a da Zoe, preciso proteger a Kim dela. Dois anos atrás ela chegou a essa cidade e logo me procurou dizendo que tinha uma proposta para me fazer e como recusei antes mesmo saber o que era, ela foi embora, mas seis meses depois voltou como estudante de história. Eu à questionei sobre o que ela fazia de volta em Havenwood Falls e ela me respondeu que tinha encontrado alguém resolveu aceitar a tal proposta que recusei. Tentei avisar a um dos membros da Lua Negra sobre o que a Zoe é, mas nenhum deles quiseram me receber, então deixei para lá, afinal não era da minha conta mesmo.
***
Kim
Enxugo as malditas lágrimas que embaçam a minha visão. Raiva é tudo o que sinto nesse momento
e eu não gosto disso. A última vez que senti esse tipo de raiva, uma garota acabou morrendo e a outra no hospital toda quebrada.
Me aproximo do carro que deixei estacionado ao lado da igreja. Me escoro nele por alguns segundos, fico de cabeça baixa respirando fundo. Não sei se agüento mais passar por esse tipo de situação, é humilhante, muito estressante e desgastante. Sou louca pelo o Dom, mas se coisas assim continuarem a acontecer, vou terminar com ele para sempre.
Enfio a mão no bolso da minha jaqueta jeans e tiro a chave do carro. Me viro de costas para abri-lo quando ouço passos atrás de mim.
Viro-me de frente e vejo um cara parado, me encarando.
Olho ao redor e a rua está deserta. Todos os prédios comerciais estão fechados e na praça não tem mais ninguém. Não imaginei que fosse tão tarde quando o filme terminou. Zoe e eu pegamos a sessão das nove e acho que o filme demorou mais ou menos duas horas para terminar. Não tenho muita certeza porque como eu disse, não prestei muita atenção no filme.
-Oi, delícia. Lembra de mim? -ele anda lentamente na minha direção.
Olho-o com mais atenção. Cabelo preto bagunçado, sobrancelhas grossas, barba por fazer, olhos escuros, lábios finos, nariz retilíneo. Suas feições não é estranha, algo dentro de mim, me diz que já vi antes. Puxo pela memória e então acabo lembrando. É o cara que tentou me agarrar a força na festa que o Dominic deu na fábrica abandonada. Na ocasião, o Dom me defendeu dele e o encheu de porrada.
Arregalo os olhos.
Ele sorri.
-Lembrou, não foi? E ai, cadê o seu segurança? -ele olha pros dois lados, como se estivesse procurando alguém. - Ele não esta aqui para te defender?
Levo minha a mão ao meu pescoço na procura do meu pendante, porém infelizmente o esqueci em casa.
-Não, por favor, me deixa ir embora. -peço com educação, sentindo meu coração acelerado.
Sem dizer nada o homem pula em cima de
mim e me prende contra o carro. Sinto sua barba arranhar meu pescoço.
-Você é uma gracinha, sabia? Agora entendo por que o Dom logo colocou os olhos em cima de você. -murmura tentando me beijar.
Dou um empurrão, mas ele é um muro de músculos e nem se move.
Começo a me debater de todas as maneiras possíveis pedindo que pare, mas ele me aperta ainda mais junto ao seu corpo. Esse tarado nojento cheira a álcool e a cigarro.
Um puxão pega nós dois de supresa e o cara é jogado para trás com violência. Com o impacto, eu caio para frente de quatro. Levanto a cabeça e vejo Conrado.
Ele estende a mão para mim.
-Você está bem? - pergunta me ajudando a levantar.
Estou ofegando e me sentindo enojada. Não acredito que esse porco pôs a boca na minha. Tenho vontade de vomitar.
-Não, mas vou ficar. -respondo, observando o cara ficar em pé novamente. Sem pensar, corro até ele e dou um belo de um chute em suas bolas. Ele arqueja e cai de joelhos e dou mais um chute.
-Nunca mais toque em mim. -berro, enquanto ele geme com as mãos entre as pernas.
Corro de volta pro Conrado e o abraço forte.
-Me tira daqui, por favor. -peço.
Ele põe seus braços ao meu redor protetoramente.
-Claro, mas antes vou dar uma lição nesse otário pra ele aprender nunca mais a pegar mulher a força. -Conrado o encara com os olhos em chamas.
-Não, acho que depois dos chutes, ele nunca mais vai chegar perto de mim de novo. Só quero ir pra casa.
Sem fazer nenhuma objeção, ele me leva até meu carro, abre a porta do passageiro e entro, depois dá a volta, senta no banco do motorista e dirige para mim.
Continua no próximo capítulo. Votem e comentem, por favor. Boa leitura, bjuss e Obrigada.