''They could never understand the pain of a lost soul.''
Foi tão difícil dormir naquela noite – naquela cama fria e naquele quarto silencioso. Se sentiu vazia, sentiu como se houvesse um grande buraco negro dentro de si, e que não tinha como tirar isso. Não queria se sentir assim, mas sentiu e lidou com isso, ou tentou pelo menos. Seus cabelos loiros estavam esparramados pela cama, a sua cabeça ia de um lado para o outro indicando que não estava tendo um sonho bom. Em seu lábios cerrados murmurava sons que não tinha como identificar.
E de repente seus olhos abriram e levantou-se da cama atordoada, aquele sentimento de angústia estava de volta e ainda mais forte. Era aquele sentimento, aquele sentimento que indicava que algo estava acontecendo, algo muito mal. Lágrimas começaram a descer daqueles olhos esmeralda, e foi até a porta para chamar o seu pai, porém estranhou ao ver que o homem já estava no corredor indo direto para o seu quarto.
"Nora, querida..." Respirou fundo. "Stiles sumiu."
E foi assim que o desespero começou.
Ela estava tão destruída quanto ele, mesmo ela não estando ao seu lado para ver o que se passava ela ainda podia sentir o que ele sentia. Podia sentir vibrar as inúmeras moléculas de seu corpo, e aquilo não era bom . Ela odiava de sentir assim. Odiava ser uma Admonere, pois só era capaz de sentir o que o outro sentia. Quando ela se ligava com alguém do mesmo bando era capaz de sentir todas as dores e emoções que o mesmo sentia. Nora não sabia o motivo, não sabia em como esse seu poder sobrenatural iria ajudar seus amigos em Beacon Hills.
Como ela seria capaz de ajudar Stiles? Sentia-se tão incapaz, tão... insegura. Sem ele ao seu lado sentia-se vazia, assim como o espírito nogitsune.
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Em outros momentos ela pensou em como estaria o pai de Stiles, o quão devastado ele deveria estar. Nora pensou em ligar para Scott e ver se tinha algum progresso em sua busca, mas estava estampado que tinha medo da resposta que iria sair dos lábios daquele menino. Ela estava tão apavorada, e não tinha muita certeza do que fazer.
A menina sentou em sua cama e respirou fundo enquanto pensava em seu próximo passo. Ela precisava recompor-se e parar de lamentar, precisava desesperadamente levantar e agir. Encontrar Stiles não era uma opção, ela tinha o dever de achá-lo e levá-lo em segurança para casa.
Casa, pensou. Abriu os olhos e sorriu para si mesma; ela iria para a casa de Stiles. Desceu e viu que Eric ainda estava apreensivo, preocupada com a filha e também com Stiles, mas a saúde mental de Nora estava cada vez mais sendo afetada e aos poucos se tornando em cinza – ele podia sentir.
Não demorou muito para que chegasse em frente à casa do namorado, e não esperou para que o pai de Stiles abrisse a porta pois sabia que o homem não se encontrava ali. Deu os primeiros passos na escada quando ouviu as vozes – palavras pequenas, sussurros – soube de cara que era Scott e o resto do bando. E foi então que apressou os passos ao encontro dos amigos no quarto de Stiles, e viu apenas Scott, Aiden, Isaac e Lydia.
"Nora?" Scott surpreendeu-se ao olhar a amiga. De primeira se assustou ao ver a menina: toda descabelada, com os ombros nus a mostra devido à camisa estar desarrumada, seus olhos vermelhos e gotas de lágrimas e suor em seu rosto.
"Jesus, o que aconteceu com você?" Lydia brincou ao encarar a amiga, mas era evidentemente que Nora não estava para isso.
Ela não falou com eles de início, apenas fixou seus olhos na cama de Stiles – onde podia ver as lãs vermelhas apontadas para o centro da cama.
"Ele usa vermelho para casos não resolvidos." Diz a loira.
"Talvez pense ser parte de um desses casos?" Comentou Aiden.
"Ou talvez ele esteja em um deles." Murmura Isaac. Isso fez com que Nora respirasse fundo, e que pensasse na esperança de ainda encontrá-lo.
A garota franze a testa e vira para os amigos. "Espere. Ele ainda está por aí? Não sabe onde ele está?" Ela riu surpresa.
Scott olhou com pena e culpa para a menina. "Disse que está no porão de alguma indústria."
Nora pôs a mão em sua boca para conter os soluços, e respirou fundo mais uma vez. "Tudo bem. O que mais ele disse?"
Scott a encarou. "Nora..."
"Conta agora, Scott! Apenas me conte." Ela não queria que todos avissem daquele jeito: acabada, devastada, como se fosse desabar a qualquer segundo. Estava tão quebrada, aquele sentimento parecia nunca ir embora.
"Que a perna está sangrando. E ele está congelando." Exclamou para a menina. Ele sabia que não era fácil para ela também lidar com isso, mas Nora tinha que ser forte. E ficou feliz por ver que ela realmente se preocupava com ele – que ela o amava profundamente.
"Hoje é noite mais fria do ano. Pode chegar a -6 graus Celsius." Comentou Aiden.
Lydia nesse momento estava abraçando Nora, e encarou os amigos. "O que o pai dele disse?"
"Nós ainda não ligamos para ele." Murmurou Scott.
Droga, essa havia sido a gota d'Água para Nora.
A menina saiu rapidamente dos braços de Nora e se aproximou de Scott com a fúria estampada em seu rosto. "Ele está sangrando e congelando e não ligaram para o pai dele? Que porra, Scott?"
O menino realmente pareceu mais culpado ainda, mas de fato não era sua culpa. "Ele me fez prometer não ligar. Podemos encontrá-lo pelo olfato. Se ele estava sonâmbulo, não pode ter ido longe." Esclareceu.
"Não notou que o jipe sumiu, não é?" Disse Aiden.
A essa hora Lydia só olhava para Nora que metia sua mão no bolso de trás do jeans para pescar seu celular. "Você prometeu que não ligaria para o pai dele, eu não."
"Nora, espere. Eu posso conseguir mais ajuda. Posso ligar para Derek, Allison." Disse tentando amenizar a tensão que havia no quarto.
Nora riu encarando o menino. "Todos exceto a polícia. Ótima ideia." Exclamou levando as mãos para o alto. No entanto, sabia que tinha que se acalmar, e logo respirou fundo novamente para encarar Scott. "Eu só quero encontrá-lo, Scott."
O garoto apenas a olhou silenciosamente. "Não precisa ligar para o pai dele. A delegacia fica a cinco minutos."
Os três seguiram, apenas Aiden e Lydia ficaram para averiguar mais afundo o quarto de Stiles, por mais que Nora quisesse ficar ela sabia que Lydia tinha capacidade de descobrir tudo aquilo sozinha. E Nora queria muito ser a primeira a dar a noticia para o xerife.
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Tudo parecia ir em câmera lenta a partir do momento que Nora havia dado a notícia. O homem, já exausto, encarava a sua mesa e tudo ao seu redor parecia calmamente silencioso. Ele estava pensando, pensando nas possibilidades, pensando no que poderia ocorrer, pensando em como iria tirar Stiles dessas. Em como iria salvá-lo. Era o filho dele, o ser humano em que ele mais amava em toda a face da terra.
"Vamos lá." Respirou fundo ao encarar os três jovens. "Se o jipe sumiu, é por onde começamos. Parrish, emita um alerta para um Jipe CJ-5, 1980, azul. Cordova, quero uma lista de qualquer porão industrial ou subsolo de qualquer prédio que ele possa entrar enquanto sonâmbulo." Disse para seus policiais. "É à noite mais fria do ano até agora. Se ele estiver descalço e só de camiseta, já pode estar hipotérmico. Vamos agir rápido. Vocês três, venham comigo."
Claramente xerife parecia estar lidando bem com isso, mas por fora tinha que manter a sua postura profissional.
"Tem alguma coisa que precisam me dizer que eu não possa contar a ninguém?" Perguntou.
"Lydia sabe dele." Disse Nora.
O homem se virou para a menina. "Ela pode ajudar?"
"Ela está tentando." Disse Isaac. Eles não tinham tempo, estavam correndo contra todo segundo e cada informação era preciosa naquele momento.
Todos ouviram um som na janela e se viraram para ver Parrish entrando.
"Encontramos senhor. Achamos o jipe."
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