"Bella, vamos brincar!" ouvi Noah gritar para mim e dei um último beijo em meu pai.
"Filha, não vá muito longe e fique sempre com o seu irmão, não quero os dois separados está bem? Não me desobedeça" ele pediu carinhoso e logo eu tratei de assentir, ele deixou-me um beijo na testa e sai correndo com Noah.
"O que vamos brincar?" eu disse assim que alcancei Noah no pequeno parquinho da rua.
"De pique-esconde?" ele sugeriu e eu assenti animada.
"Pode ser, conta primeiro?" eu pedi e ele logo assentiu, Noah adorava procurar e eu me esconder.
"Bella, não vá muito longe" ele pediu enquanto deixava um beijo na minha testa. Noah é um pouco mais velho que eu, ele tem 9 anos e eu 7 anos, e mesmo assim ele sempre cuida de mim.
"Ta bom" ele foi até uma parede vazia e encostou seu braço na parede e seus olhos contra o braço, ele começou a contar e eu rapidamente tentei procurar um espaço entre os brinquedos, olhei em volta e vi uma pequena parede perto de um viela, meu irmão nunca iria procurar lá.
Corri apressadamente até lá e me sentei no chão, ouvi Noah gritar que já estava indo e sorri colocando a mão sobre a minha boca para abafar o minha respiração acelerada.
"Bella, aonde está você" ele disse rindo e vi uma sombra se aproximar, droga! Ele já me achou? Me levantei sorrateiramente e olhei para o outro lado da viela e corri um pouco mais para o meio dela ficando parada.
"Bella? Aonde você está?" ouvi o meu irmão perguntar com um tom de voz mais preocupado e eu comecei a me aproximar mais.
Senti uma mão tocar o meu ombro e eu me virei com um susto, era um homem de pele branca e cabelos castanhos, ele tinha os olhos negros e um belo sorriso.
"Olá pequena, o que faz aqui sozinha?" ele me perguntou com um belo sorriso enquanto se abaixava e ficava próximo de mim.
"Estou brincando com o meu irmão de pique-esconde" eu sorri para ele, ele pegou em uma mexa do meu cabelo curto e loiro e colocou atrás da minha orelha.
"Aqui é perigoso meu amor, melhor sair daqui" ele olhou-me nos olhos.
"Por que aqui é perigoso?" eu tropecei um pouco nas palavras mas mesmo assim ele me respondeu.
"Tudo que dá para dois lados da avenida é perigoso, do lado esquerdo tem um parquinho, mas do lado direito tem umas pessoas muito más, então garotinhas pequenas que nem você não podem ficar aqui, para não serem machucadas" ele brincou com mais uma mexa minha e eu não entendi.
"O que tem do outro lado?" eu perguntei baixamente e ele riu.
"Princesinha, deixa a curiosidade para lá, nada do outro lado é bom, está bem? E nem aqui nessa viela, volta para o seu irmão" ele passou a mão sobre a minha bochecha e eu corei enquanto ele deixava um beijo na minha bochecha.
"Está bem, moço. Obrigada" eu sorri-lhe e ele voltou a se levantar.
"Richard! Quem é essa?" ouvi uma voz mais grave no final, do lado direito.
"Apenas uma criança curiosa" ele respondeu enquanto se virava, o outro homem tinha a pele morena e os olhos claros, os cabelos eram escuros mas ele era magro e alto.
"Ainda temos uma dívida, você não devia estar aqui" o homem cuspiu enquanto se aproximava, vi ele tirar algo debaixo da sua blusa e apontar para o homem, era preto, não sei bem o que era.
"Não faça isso, não na frente dessa criança" senti o moço pegar na minha mão e fazer eu me agarrar nas suas pernas, como se quisesse me proteger de algo.
"Eu quero que se foda" ouvi um disparo alto e um silêncio reinou por estantes, o homem gentil que me estava a frente caiu sem vida no chão e eu senti a minha respiração acelerar, as costas dele estavam encharcadas de sangue como o chão e senti os meus olhos a brotarem lágrimas.
"Moço" eu mexi no seu corpo enquanto sentia uma lágrima descer pelo o meu olho.
"E você garota" o homem alto se aproximou de mim com aquele cano negro na minha direção. "Se você falar alguma coisa, eu volto e te mato, mesmo quando for grande" senti o cano ser pressionado sobre a minha cabeça e senti uma dor grande sobre o meu rosto, ele havia me batido e saiu andando de modo duro, senti as minhas curtas pernas caírem no chão e eu comecei a chorar. Eu não posso falar nada, nunca sobre esse homem, ele me prometeu, e ele parece ser mau, muito mal.
"Bella! O que aconteceu?" ouvi o meu irmão perguntar enquanto eu corri de volta para o parquinho, ele parecia preocupada enquanto eu apenas fiquei em silêncio, como eu prometerá. "Bella" ele me chamou.
"Vamos para a casa" eu pedi baixo e logo ele fez o que eu pedirá, seguimos para a casa e entramos, logo meu pai reparou em mim e veio falar comigo.
"O que aconteceu, querida?" meu pai falou mas eu não o respondi.
"Ela se escondeu, e eu não vi para onde ela falou, então ela voltou chorando, ela ficou um pouco longe de mim eu acho" eu temi com as palavras de Noah e vi o meu pai mudar o seu semblante de carinho para raivoso.
"O que eu disse, Arabella? Que você não deveria ficar perto de seu irmão?" ele gritou comigo e eu me encolhi enquanto fazia uma cara de choro, senti Noah me apertar mais.
"Pai, a culpa não é dela, estávamos brincando" Noah tentou arrumar o que falará mas já era tarde, meu pai pegou o meu braço e me puxou para o sofá, ele se sentou e me pegou colocando a minha barriga em suas pernas e levantou o meu vestido florido, senti a palma da sua mão bater fortemente contra a minha bunda e eu chorei mais ainda. Se ele realmente soubesse o motivo de eu não o contar ele não me bateria, mas eu prometi que não contaria.
Acordei rapidamente com um pulo e senti os meus cabelos grudarem na testa, a minha garganta estava seca e os meus olhos deixavam cair lágrimas até a minha bochecha e colo, respirei profundamente e mordi o meu lábio. É um eventro traumático, e principalmente os anos depois, quando o meu pai mandou Noah para uma escola Militar pelo os seus maus modos em casa.
Nos anos seguintes ele passou a me bater mais, ele me deixava com incontáveis roxos no corpo, ele costumava ser o meu amigo e eu a sua preciosa e obediente filha, mas depois daquele dia ele nunca mais foi o mesmo, parece que a minha desobediência funcionou como um gatilho para soltar a sua parte agressiva.
Eu parei de falar conforme o tempo enquanto reparava no meu pai chegar em casa bêbado e bater em minha mãe, ou até as vezes a viola-lá, sentia ele me bater e me deixar com vários roxos, ou cicatrizes que tenho até hoje.
Limpei as minhas lágrimas e ouvi duas batidas na porta.
"Ouvi você gritar" olhei para o meu irmão e eu baixei o meu olhar.
"Vai embora" eu pedi baixamente e ele negou enquanto entrava dentro do quarto.
"Bella, por favor, desde que eu voltei ainda quando pequeno daquele reformatório você tem esses ataques quando dorme, o que você sonha?" ele se sentou na minha cama enquanto se aproximava de mim, ele me puxou para um abraço e eu chorei mais.
"Eu só tenho medo" eu funguei e ele acariciou os meus cabelos.
"Shiu, eu estou aqui. Sempre estive" ele beijou os meus cabelos e eu o apertei. Nos meus piores momentos Noah não esteve comigo, mas eu não o culpo, meu pai é um monstro.
"Me desculpe" eu pedi ele apenas me apertou.
"Tudo bem, quer que eu te traga comida?" ele falou e eu assenti, eu ainda estava com fome.
"Sim, por favor" eu pedi e Noah se levantou.
Noah saiu do meu quarto e eu me levantei da cama indo até o meu guarda-roupa e tirando uma blusa de frio, fui até o banheiro e passei um pouco de água sobre o meu rosto, o meu espelho estava coberto com um pano em frente para eu nunca me olhar e com raiva eu o puxei e sequei o meu rosto enquanto me obrigava a o olhar.
Eu tinha grandes círculos roxeados debaixo dos meus olhos e a pele branca como a neve, os olhos azuis cristais pareciam mais escuros e sem vida conforme os anos, e os cabelos loiros cada vez maior.
"Aqui, Bella" ouvi Noah entrar no meu quarto de novo e eu agradeci. Ele saiu do meu quarto e eu logo tratei de comer toda a comida, comi em silêncio e rápido, fui até o banheiro e escovei os dentes. Olhei para o relógio que marcava sete horas da noite e peguei no prato e desci as escadas, deixei tudo na cozinha e saí da mesma indo até a sala de estar e paralisei.
O moreno estava sentando no sofá vendo jogo com o meu irmão e meu pai, todos me olharam e senti o meu estômago se aquecer e borbulhar, me curvei contra os joelhos e senti toda a comida do meu estômago ser botada a fora enquanto eu vomitava mesmo a frente deles, Noah veio a correr até mim e pegou em meus cabelos.
"Puta que pariu, Arabella" ouvi o meu pai resmungar enquanto se passava por mim.
"D-desculpa" eu sussurrei e ele apenas me ignorou. Zayn estava parado me olhando enquanto Noah voltava a me ajudar.
"Vamos aqui no banheiro" ele me puxou para o pequeno banheiro que tinha na parta debaixo da minha casa e eu senti vergonha de mim mesma por tido essa reação. Lavei a minha boca e Noah fechou a porta ficando comigo dentro.
"Obrigada"
"O que foi? O que está acontecendo? A tempo que você não tem mais esses ataques" ele cruzou os braços.
"E por que ele está aqui? Começou a morar aqui de uma hora para outra? Ele nunca foi de vir aqui" eu disse brava e ele riu.
"Já expliquei, Zayn brigou com o tio dele e vai ficar aqui por um tempo. E o que isso tem haver?"
"Não gosto dele" eu resmunguei.
"Ele nunca te fez nada para não gostar dele" ele pegou em meus ombros e eu me afastei.
"Não toca em mim!" eu rosnei e bati em seu ombro enquanto saí do banheiro.
"Arabella!" ele me chamou e eu ignorei, fui até a sala novamente e vi minha mãe limpando enquanto Zayn ajudava. Subi para o meu quarto e tranquei a minha porta respirando fundo e me afundando na minha cama.
XX
OOOOI AMOOORES! Eu demorei eu sei, era para ter publicado na sexta mas não consegui :( me perdoem! ESPERO QUE TENHAM GOSTADO DO CAPITULO, GOSTARAM? ESPERO QUE SIM ELE FOI GRANDE!!! Obrigada por tudo, principalmente pelo os 191K de lidos!! nem sei como agradecer.
ATUALIZADA EM: 26/02/2019