Capitulo 33

46.2K 3.7K 2K
                                    

Posso ver os dois garotos à minha frente brigarem, eu odeio brigas e me sinto exausta, o meu corpo dói com as recentes marcas que o meu pai me deixou no corpo, Noah tem as suas mãos no colarinho de Zayn e o vai levando até a parede.

"Parem!" eu grito o máximo que posso e minha voz fraqueja, começo a tossir um pouco e me encolho.

"Eu não gosto dela desse jeito, eu apenas me preocupei, Noah, eu já disse desde a primeira vez que eu não quero nada da sua irmã!" Zayn grita, e eu me encolho mais, a sua voz grave fica ecoando na minha cabeça e eu tenho vontade de me encolher de vergonha, eu realmente pensei que ele gostasse de mim.

"Você não se preocupa nem com a sua família, quem dirá com a minha!" Noah o empurra contra a parede.

"Porra, Noah! Eu fiquei com dó dela, eu fiquei com pena de ouvir os gritos dela de socorro, eu tive que a ajudar, então acho que isso faz com que eu goste, do mesmo jeito que eu gosto de você!" ele continua gritando e eu me arrasto até o banheiro, fecho a porta e deslizo pela a porta.

Afundo meus dedos entre os meus cabelos e respiro fundo. Justo o garoto que me salvou daquele sofrimento está me colocando em outro. Não quero que sintam dó de mim, não quero que sintam pena de mim, eu vivo o que eu vivo, e acredito que isso tudo seja consequência de algo que eu fiz ou eu possa vir a fazer, não posso mudar isso, então ter pena não irá adiantar.

O quarto fica em silêncio e eu estico as minhas pernas para frente, as minhas coxas tem marcas avermelhadas e roxas, posso ver a marca da cinta e da palma da sua mão, eu sinto desgosto de mim mesma por me permitir viver esse inferno. Encaro os meus braços cheio de marcas, algumas velhas, outras recentes, eu tento descobrir do porquê viver isso.

Todos esses anos, eu tentei buscar a perfeição em mim mesma, tentei fazer com que as pessoas me aceitassem, mudei para que gostassem, mas a verdade é que eu não consigo realmente mostrar todo o meu potencial, eu não mostrei tudo o que eu poderia ser, eu fiz totalmente ao contrário, eu cresci sozinha e para mim mesma e me isolei do mundo, me exclui da sociedade e me deixei ser tratada como um nada, um ninguém, eu deixei que me controlassem, e fizessem o que quisessem comigo, deixei isso acontecer até ao ponto de ser inocente a tudo que a vida pode lhe oferecer.

Eu tentei buscar tanto a perfeição em mim, busquei desesperadamente a aprovação das pessoas, mas de nada adiantou, eu nunca fui exatamente normal, isso me custou minha vida, me custou a sanidade da mente. Eu enlouqueci tentando buscar a perfeição, quando na verdade alguns defeitos são importantes.

"Arabella" ouço uma pequena batida na porta e mantenho o meu voto de silêncio "Por favor, me deixa entrar." Noah volta a falar.

"Vá embora, por favor." eu peço com a voz fraca e desencosto da porta, me levanto e pego na minha toalha que tem pendurada, cubro o espelho e então enfim me curvo sobre a pia, lavo o meu rosto e sinto o cansaço bater em meu corpo.

Sinto o cansaço do hospital, sinto fortes dores de cabeça e enjôo, a minha pressão caí levemente e eu seco o meu rosto. Não tenho coragem de encarar a minha imagem repugnante, então simplesmente abro a porta do banheiro e me deparo com o meu quarto vazio. Caminho até perto das janelas e as fecho, apago as luzes do quarto e corro até a cama, me cubro e relaxo a minha cabeça, deixo a escuridão guiar o meu sono. Quando as luzes do quarto se apagam, a única coisa que sobra sou só eu e meus medos.

Fecho os olhos na tentativa de tentar dormir, e isso é em vão, a cada vez que fecho os olhos consigo ver o meu pai me batendo no chão, consigo visualizar corretamente o homem batendo com brutalidade contra o meu corpo frágil. Agarro o meu travesseiro e fecho os olhos com força, eu só preciso descansar sem que nada me atormente.

arabella [zm]Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora