arabella [zm]

By agtpro

3.4M 270K 151K

Arabella Ward é uma doce garota que sofre de um distúrbio psicológico chamado Mutismo Seletivo. Com seus cabe... More

VERSÃO 2020
Nota e direitos da autora
Prólogo
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
Capitulo 33
Capitulo 34
Capitulo 35
Capitulo 36
Capitulo 37
Capitulo 38
Capitulo 39
Capitulo 40
Capitulo 41
Capitulo 42
Capitulo 43
Capitulo 44
Capitulo 45
Capitulo 46
Capitulo 47
Capitulo 48
Capitulo 49
Capitulo 50
Capitulo 51
Capitulo 52
Capitulo 53
Capitulo 54
Capitulo 55
Capitulo 56
Capitulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capitulo 61
Capitulo 62
Capitulo 63
Capitulo 64
Capitulo 65
Capitulo 66
Capitulo 67
Capitulo 68
Capitulo 69
Capitulo 70
Epílogo
Agradecimentos + Objetivo da fanfic
✿ Aviso ✿
3 years later

01

106K 5.2K 3K
By agtpro

Nova York, 27 de Fevereiro de 2015. 

"Se importa?"

A voz da Doutora Solther soou pela a enorme sala revestida com tons de branco e marrom. Balancei a cabeça negativamente e a pude ver suspirar. Sim, isso também é difícil para mim.

"Então Arabella, será que pode me dizer qual o seu nome inteiro e sua idade?" Ela me questionou, como sempre fizera nas consultas.

E, como todas as vezes, eu nunca respondia. Eu não gostava de falar com ela, na verdade, não gostava e não conseguia falar com ninguém. 

"Vamos, eu sei que você consegue."

Ela me encorajou mais uma vez e eu engoli em seco, minha cabeça permanecia baixa e meus olhos estavam postos em minhas pernas, enquanto brincava com os meus próprios dedos nervosamente. 

"Meu.." Parei de falar assim que vi um pequeno gravador preto em cima da mesa branca. Eu não queria ser gravada, não queria que minha mãe ouvisse as tais palavras que gostaria de dizer mas não consigo.

"Algo te incomoda, Arabella?" Perguntou-me.

Assenti e apontei para o gravador.

"Você não quer ser gravada?"

Neguei, vendo ela respirar fundo e pegar no gravador. Doutora Solther desligou e colocou dentro do bolso do seu jaleco branco.

"Meu.. meu nome é Arabella Ward e tenho dezesseis anos, quase dezessete." Murmurei, ainda com a cabeça baixa.

"Quando você faz aniversário Arabella?"

Eu sabia que ela estava tentando socializar comigo novamente, mas sei que em algum momento, ela vai tocar no mesmo assunto e eu vou me fechar, me calar novamente.

"Faço 27 de março." Resmunguei em baixo tom, ao lembrar que faltava exatamente um mês para o meu aniversário de 17 anos.

"Arabella, você gosta de festas?" Ela perguntou e eu ri levemente.

"Preciso que me olhe diretamente nos olhos, Arabella." Afirmou.

Eu simplesmente neguei, não consigo fazer contato visual com uma pessoa por muito tempo, é intrigante o fato dos olhos mostrarem a alma das pessoas, o mundo dentro delas. Eu não gosto de olhar diretamente nos olhos das pessoas, é como se eu estivesse invadindo a privacidade dos pensamentos de alguém. 

"Não, eu não gosto. Não consigo ficar em lugares lotados ou com muitos ruídos."

Eu disse suavemente e ouvi seus saltos pretos embaterem contra o chão e o assento ao meu lado afundar. Recuei até a ponta com um contato muito próximo e ela chegou mais perto, me encurralando.

"Arabella, por favor, me olhe. Eu quero mostrar algo."

Ela tocou no meu braço e eu segurei a minha respiração, enquanto fechava os olhos. Senti ela tocar meu queixo e puxar a minha cabeça na sua direção.

"Agora, abra os olhos" Pediu-me e eu neguei.

"Vamos, você consegue" Ela afirmou, acariciando a minha bochecha e eu respirei fundo. 

Abri os meus olhos lentamente e pude ver a mulher de seus cinquenta anos de idade, cabelos com fios loiros puxados para o branco, perfeitamente arrumados. Os olhos negros e grandes e o seu rosto tinha algum vestígio de maquiagem clara.

"Vê, não é nada demais." Ela disse, me encarando.

Logo, afastou-se de mim e assim pude relaxar. Continuei a olhar o seu rosto, prestando atenção em alguns detalhes e ela parecia feliz com isso.

"Estamos progredindo." Falou-me, com um sorriso radiante em seu rosto. Permaneci sem expressão. Sempre foi difícil conseguir sorrir perto das pessoas. 

"Sim."

"Me fale de você. O que você acha da sua aparência?"

Ela me questionou, fazendo-me parar para pensar um pouco. Eu não costumava me vestir muito bem, ou passar algum cosmético. Nunca reparava no meu rosto, não fazia contato visual comigo mesma, o que me fez esquecer sobre minha aparência física.

"Não sei muito sobre." Sussurrei, depois de um período de silêncio. "Não costumo olhar-me muito ao espelho, não faço contato visual comigo mesma e não escolho muito bem as minhas roupas. Mal lembro-me da cor dos meus olhos, para ser sincera."

Prossegui, vendo um vestígio de alegria em seus olhos pelo desenvolvimento de fala.

"Não olha-se ao espelho por quê?"

Ajeitou-se melhor ao sofá e voltou a me olhar.

"Como eu disse, não gosto de fazer contato visual comigo mesma"

Dei de ombros, fazendo-a rir.

"Venha comigo, Arabella." Chamou-me ao se levantar.

Eu a segui e vi-a abrir uma porta que ia até um banheiro. Parei na porta, vendo-a voltar a direcionar seu olhar sobre mim.

"Entre." Ela pediu, fazendo-me negar. "Oh, vamos lá!" Pegou delicadamente em minha mão e me puxou para dentro do cômodo.

Rapidamente, fechei os olhos num movimento brusco.

"Arabella, abra seus olhos e veja quão bonita você é."

Ela afagou meus cabelos e eu me arrepiei levemente, podia sentir as minhas mãos soarem, eu estava me sentindo sobre pressão. 

"Eu não consigo." Sussurrei, enquanto e quando tentei abaixar a cabeça, ela me impediu.

"Vamos, abra os olhos." Ela deu-me um pequeno empurrão e eu abri os olhos ligeiramente.

Inicialmente, meus olhos foram até minhas calças acinzentadas jeans, um pouco rasgadas, que combinavam com o tênis branco que eu tinha calçado. Depois, uma simples blusa preta de mangas compridas e larga. Os meus cabelos loiros e longos, até finalmente chegar em os meus olhos azuis. Minha pele era clara, combinava comigo.

"Por pouco, não me lembrava do meu aspecto." Afirmei para mim mesma, aproximando-me um pouco mais do espelho e olhando profundamente o mar que havia em minhas íris azuladas.

"Você é linda, Arabella." Ela disse, atrás de mim.

"Se em todas as minhas consultas você fosse assim, eu seria capaz de me abrir mais consigo." Virei-me para ela e andei para o lado, saindo um pouco de frente do espelho.

"O que você quer dizer?" Questionou.

Ela sabe o quanto eu tenho problemas em expressar os meus sentimentos, simplesmente não consigo, sou uma grande incógnita.

"Não gosto quando toca em alguns assuntos. Me afeta." Falei, saindo da sala e olhando o meu relógio de pulso. "A minha consulta acabou"

Fui em direção ao cabideiro.

"Se quiser, pode ficar mais um pouco. O próximo paciente é apenas daqui a meia hora."

Disse, vindo até mim e eu neguei rapidamente, agarrando na minha jaqueta de couro preta e colocando no meu corpo. Peguei a minha touca igualmente preta e coloquei sobre os meus cabelos loiros.

"Obrigada, minha mãe já deve estar lá embaixo, não quero mais atrapalhar. Adeus, doutora Solther."

Acenei e ela me deu um sorriso de lado. Sai de dentro da sala e caminhei pelo extenso corredor que tanto conhecia. Cheguei até o final do mesmo e vi uma pequena sala de espera. De relance, observei a minha mãe sentada junto a uma mulher e elas pareciam conversar animadamente. Despediu-se assim que me viu e tudo o que fiz foi abaixar a cabeça, para não encarar.

"Como você está, querida?"

Perguntou, passando o seu braço em volta dos meus ombros e me puxando para ela de forma que me aquecesse.

"Como sempre."

Afirmei e vi sua expressão triste. Nenhuma mãe deveria ir buscar a sua filha em um psicólogo, isso deve ser desanimador, não sei bem. Mas uma parcela de tudo o que eu passo é culpa dos meus pais, é claro que eu nunca os falei isso, cada um tem consciência de seus atos.

Como qualquer outra viagem de carro feita entre mim e minha mãe, ficamos ambas em silêncio. Eu olhava para a janela e vi as ruas de Manhattan sendo cobertas pela a fina camada de neve que caia. Em pouco tempo, já estava em frente à minha morada. Não era grande nem pequena, havia espaço o suficiente para quatro pessoas morarem.

Rapidamente, sai do carro e fui até a porta da frente. Tirei o pouco de neve que ficara em mim e limpei os tênis, entrando dentro de casa. A lareira estava acesa, como todo final de tarde. Eu podia sentir o aroma de comida caseira pelo ar. Tirei o meu casaco e a minha touca, colocando ambos no armário. Saí andando pela casa e comecei a subir as escadas. No final das mesmas, pude ouvir um som agudo de Rock invadir os meus canais auditivos. Minha cabeça estava latejando e eu simplesmente comecei a gritar. Não suportava barulhos altos, ou ruídos, com certeza era o meu irmão, em poucos segundos a música foi desligada e ouvi um estalo de porta a ser aberta e fechada bruscamente. Encolhi-me em um canto da parede enquanto apertava a minha cabeça, podia sentir as lágrimas molharem meu rosto. 

"Arabella?" A suave e preocupada voz do meu irmão se fez soar no final do corredor, onde era seu quarto.

Ouvi os seus passos apressados até mim.

"Desculpe, não sabia que já estava em casa. Zayn é um retardado." Ele envolveu o meu corpo e me puxou para o seu peito.

"O que ele faz aqui?" Choraminguei.

Apenas vi Zayn duas vezes em toda a minha vida. Ele e Noah são amigos a seis anos, mesmo não sabendo que eu era irmã de Noah, até porquê nunca pedi que meu irmão falasse para ninguém que eu era a irmã dele. Não queria as pessoas se aproximando de mim por causa de ser irmã do Noah Ward Sullen.

"Ainda somos amigos, lembra?" Ele me perturbou, carregando-me até o meu quarto.

"Mas ele não sabe que somos irmãos, e ele quase nunca vem cá em casa." Sussurrei para ele e o mesmo me olhou.

"Eu sei, e eu nem quero que um dia ele descubra que eu tenho uma irmã." Beijou-me a testa.

Sempre que os amigos de Noah vinham cá em casa, eu ia para a sala de piano ou pintura e ficava lá, eram as coisas que mais me distraíam, e eu não me sentia tão diferente das outras pessoas. 

"Me desculpe por isso." Colocou-me em minha cama e puxou as cobertas até meu pé, deixando-me aquecida e totalmente confortável.

"Não faz mal, apenas fale para ele não ouvir músicas em tão alto volume."

Falei e ele assentiu, sentando-se na minha cama e me observando.

"Como foi a consulta?"

Perguntou, depois de ficarmos um pouco a nos encararmos. A única pessoa que eu fazia contato visual era Noah. Os olhos dele eram lindos, um tom caramelo e verde, os cabelos curtos e castanhos escuros. Realmente, meu irmão era lindo.

"Doutora Solther fez-me olhar no espelho, para observar meu estado físico, essas coisas." Resmunguei baixinho e pude vê-lo sorrir.

"Então você viu o quanto você é linda?" ele perguntou-me e eu ri.

"É, tanto faz."

Eu dei de ombros e ouvi sua risada suave.

"Melhor você ir, antes que Zayn venha te procurar. Quando ele for embora, venha aqui." Eu deixei um vasto beijo em sua bochecha e o pude ver amuar-se.

"Zayn vai dormir aqui hoje, ele brigou com o tio dele." Ele disse, ainda um pouco chateado com tal situação.

"Oh, tudo bem, amanhã nos falamos." Tentei sorrir forçadamente, mas acabou não dando certo. Noah me conhecia muito bem para saber quando eu estava sendo verdadeira ou não.

Já era noite, não ia descer para jantar e também não estava com nem um pouco de fome. O meu dia tinha sido um pouco estressante, começando pelo o colégio e depois a minha consulta psicóloga. Ouvi dois leves toques na minha porta e me levantei dando de cara com o meu pai, baixei o olhar rapidamente e pude o sentir ficar mais rígido no lugar, nunca fui de falar muito com o meu pai, ele não fazia questão e muito menos eu.

"Sua mãe mandou você comer ao menos um lanche. Não queremos mais problemas do que já temos."

A sua voz rude e já desgastada pela a idade soou pelo lugar e eu apenas assenti, agarrando na bandeja e entrando no meu quarto. Fechei a porta, suspirei e fui até a minha cama, peguei no controle da TV e liguei o mais baixo possível, um canal dava um filme qualquer. Comi metade do lanche e um pouco do suco de laranja, fui até o banheiro e escovei os dentes. Assim que voltei ao meu quarto, fui até o meu armário e tirei o meu conjunto preto de short e regata para dormir. Ele podia ser pequeno mas eu me sentia já muito apertada nos meus sonhos para dormir com um pijama de malha. 

Prendi os meus cabelos loiros em um rabo de cavalo e fui até a frente do espelho com os olhos fechados, respirei fundo e logo os abri, encarando todo o meu corpo pequeno, branco e magro coberto por uma roupa pequena, justa e preta.

Talvez estivesse um pouco abaixo do peso necessário para a minha idade, mas isso não fazia tanta diferença, já que meu tamanho coincidia com meu peso.

Sai da frente do espelho e peguei no meu celular vendo as horas. Era já um pouco tarde. Provavelmente, meus pais já se encontravam deitados e meu irmão, no seu quarto com Zayn, fazendo qualquer besteira. Sai silenciosamente com a bandeja em minhas mãos e desci as escadas, andando de fininho até a cozinha. O chão estava gelado, e eu me arrependi profundamente de estar descalça. Coloquei as coisas na pia e logo saí da cozinha. Senti o meu corpo embater sobre algo forte e alto me fazendo cair no chão. Rapidamente, me encolhi e me encostei sobre a parede gélida, sentindo o meu corpo começar a tremer.

"Mas que porra?" Uma voz rude e grave se fez soar com um xingamento baixo.

Eu permaneci em silêncio e pude ver as luzes da sala serem acesas.

"Quem é você?" A voz soou novamente e logo só pude lembrar de um única pessoa. 

Zayn.

XX

love all, agah 

ATUALIZADA EM: 24/02/2019

Continue Reading

You'll Also Like

187K 11.7K 132
invenções loucas da minha mente
47.8K 105 18
Pequenos contos eróticos com temas sociais.
232 76 9
[HISTÓRIA EM ANDAMENTO] Série: 🚫 AMORES PROIBIDOS 🚫 "CONTRATO INESPERADO: MUITO MAIS DO QUE UM ACORDO!" Maya Sanchez investiu incansavelmente em...
My Luna By Malu

Fanfiction

239K 20.8K 27
Ela: A nerd ômega considerada frágil e fraca Ele: Um Alfa lúpus, além de ser o valentão mais gato e cobiçado da escola Ele sempre fez bullying com el...