Não Me Abandone

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- Meu Deus, o que está acontecendo aqui? - a coordenadora entrou no banheiro e olhou chocada para o braço de Bianca. - Meu Deus, menina! O que aconteceu com o seu braço?

- Ela me atacou... - Bianca respondeu, começando a chorar. - Eu só fui conversar com ela e aí ela me empurrou e cortou meu braço...

- É mentira! - eu me manifestei. - Eu não fiz nada! Foi ela que se cortou!

- Por que eu cortaria meu próprio braço? - Bianca perguntou, olhando para coordenadora com os olhos brilhantes. - Por favor, me ajuda, eu estou com medo...

- Vem - a coordenadora começou a guiar Bianca para fora do banheiro e olhou severamente para mim. - E você pode ir pra diretoria.

- Tá de brincadeira! - falei. - Eu não fiz nada disso!

- Não grita comigo - a coordenadora disse, séria. - Pode ir pra sala do diretor agora!

As duas saíram do banheiro enquanto algumas gotas do sangue de Bianca se destacavam no piso branco. Eu passei as mãos pelo cabelo e fechei os olhos por alguns segundos.

Por que tudo isso estava acontecendo comigo?

Em seguida, tentei me recompor, tirei o rímel do chão, limpei a maquiagem borrada do meu rosto, peguei minha mochila, a ajeitei no ombro e tomei coragem para sair do banheiro.

Eu precisava encontrar um jeito de não ir para a diretoria. Aquilo não foi nem um pouco justo e eu não podia ser punida indevidamente.

Comecei a caminhar pelo corredor e enfrentei alguns olhares julgadores na minha direção. Provavelmente aquelas pessoas que estavam me encarando já estavam por dentro do braço ensanguentado de Bianca.

Tentei ignorar aqueles olhares quando um braço envolveu minha cintura por trás, as minhas costas se encostando em um corpo quente.

- Oi, Lisa - Teo apareceu na minha frente e logo deu um beijo nos meus lábios. - Eu estava... - ele se interrompeu quando me encarou atentamente. - O que foi? Por que você está com essa cara?

Droga.

- Ah... nada - respondi.

- O que foi isso no seu pescoço?

Eu levei as mãos ao pescoço rapidamente. Os dedos de Bianca deviam ter deixado marcas no meu pescoço e eu nem percebi.

- Não é nada - falei, rapidamente. - Deve ser alguma alergia, sei lá...

Teo me encarou.

- Tem certeza? Isso parece...

- Não é nada, é sério - eu o abracei, tentando tranquilizá-lo. - Eu só... tô estressada com a chegada das provas.

Eu não ia contar para Teo sobre a briga que tive com Bianca no banheiro. Eu não estava a fim de relembrar toda aquela merda.

- Tudo bem - Teo disse, parando de me abraçar. - Só relaxa, ok?

Eu assenti e logo começamos a caminhar na direção da sala de aula com a apreensão crescendo cada vez mais dentro de mim.

A primeira aula do dia era de Geografia e enquanto eu ouvia as explicações do professor na frente da sala, a porta se abriu e a coordenadora colocou a cabeça para dentro.

Meu corpo todo gelou nesse momento.

- Com licença - ela disse e seus olhos pararam no meu rosto. - Elisa, o diretor está te esperando na sala dele.

Meu coração disparou ainda mais. Eu não tinha feito nada!

- O que aconteceu? - o professor quis saber.