Não Me Abandone

29

Eram 8h00 da manhã quando eu adentrei o corredor do colégio e segui na direção do banheiro feminino.

Parei diante do espelho, abri minha mochila e peguei o rímel. Logo, comecei a passar algumas camadas nos cílios só para dar um pouco de destaque no meu rosto e disfarçar um pouco a minha cara de sono.

Eu estava quase terminando de passar o rímel quando algo bateu fortemente contra a minha mão, fazendo o rímel borrar e cair no chão.

Olhei imediatamente para o lado.

Bianca estava perto de mim, me olhando furiosa.

- O que é isso?! - perguntei, incrédula com o que ela tinha feito. - Qual é o seu problema, garota?!

- Eu quero que você faça o Teo voltar pra mim.

Eu a encarei e logo soltei uma risada sem humor.

- Mas é cada coisa que eu tenho que escutar logo de manhã - dito isso, eu me abaixei para pegar o rímel que tinha caído no chão.

Porém, antes de eu pegar o produto, Bianca agarrou o meu cabelo e deu um puxão, fazendo eu erguer a cabeça.

- Me solta! - tirei sua mão do meu cabelo e a empurrei. - Você perdeu a noção?!

- Agora você viu que estou falando sério? Fica longe do Teo!

- Vai se foder! - fiquei de pé. - Ele nunca gostou de você!

Bianca me encarou com raiva.

- Ele não vai ficar com você.

Dessa vez, eu me aproximei dela e a olhei nos olhos.

- Tarde demais.

E inesperadamente Bianca meteu um forte tapa na minha cara, fazendo o meu rosto virar para o lado.

Maldita!

Olhei para ela e isso foi o que bastou para Bianca agarrar o meu pescoço, tentando me enforcar.

- Eu não vou desperdiçar a minha chance - Bianca disse, apertando meu pescoço cada vez mais enquanto eu cravava minhas unhas com toda força em sua pele. - Desde que eu entrei nesse colégio, eu não tiro os olhos do Teo e não é você que vai tirar ele de mim!

- Sua... psicopata... - rosnei, quase sem ar.

Ela sorriu e com a outra mão, ergueu um objeto cortante e brilhante.

Era uma navalha.

Impulsionada pela raiva, eu tirei minhas mãos da sua e agarrei seu cabelo com força. Bianca soltou meu pescoço nesse momento e eu a empurrei, prestes a socar a cara dela quando seus gritos horrendos ecoaram pelo banheiro.

- Socorro! - ela gritou escandalosamente antes de eu ver um líquido vermelho pingando de seu braço e rapidamente ela se encostou na parede de azulejos perto da porta, deixando a navalha cair no chão. - Ela quer me matar! Alguém me ajuda!

Eu a encarei, horrorizada.

De repente, uma garota adentrou o banheiro e olhou com os olhos arregalados para o braço ensanguentado de Bianca. O sangue estava manchando a manga da camisa branca do uniforme cada vez mais.

- Me ajuda! - Bianca pediu, aflita.

A garota olhou para mim ainda mais amedrontada e saiu rapidamente do banheiro.

Bianca sorriu maliciosamente na minha direção e disse:

- Você vai se arrepender.

- Você é uma desgraçada! - disparei.