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Elisa

Depois de eu ter limpado o meu vômito e de ter trocado de roupa, caminhei na direção do estacionamento, onde meus pais deviam estar me esperando, quando avistei a família de Teo à minha frente.

O pai dele estava com a mão no maxilar enquanto Rosana falava alguma coisa com ele. Alana, por outro lado, apenas observava ao redor, sua expressão preocupada.

Conforme eu me aproximava, falei na direção de Alana:

— Oi. Você viu o Teo?

Alana olhou para mim e só de ver sua expressão, eu desconfiei de que algo não estava bem.

— Oi, que bom te ver — ela me puxou para a sua direita, nos afastando um pouco de seus pais. — Você tem que conversar com o Teo. Ele está arrasado.

— O quê? — perguntei, surpresa. — Por quê? O que aconteceu?

— É melhor você falar direto com ele, Elisa.

— Por quê?

— Vai falar com ele. Rápido. Ele acabou de ir pro estacionamento.

Alana me empurrou um pouco para frente e eu cambaleei, olhando para trás.

Ela me incentivou com o olhar e eu virei o rosto, seguindo em passos firmes na direção do estacionamento.

Segundos depois, me deparei com Teo perto de seu carro, procurando alguma coisa dentro da mochila.

— Teo.

Ele olhou para trás e mesmo na pouca iluminação, eu percebi a agonia em seu rosto.

— O que aconteceu? — cortei a pequena distância entre nós e peguei em seu rosto. — Sua irmã me disse que você não tá bem.

— Não mesmo — ele tirou minhas mãos de seu rosto e voltou a fuçar dentro da mochila. — Tá tudo uma merda, Elisa.

Eu engoli em seco com o peso de suas palavras.

— Você não vai me contar o que aconteceu?

— Eu só preciso encontrar a chave do meu carro.

— Deixa que eu te ajudo.

Tirei a mochila de sua mão, notando seus músculos tensos. Abri o pequeno bolso da parte da frente da mochila e toquei em algo pequeno e frio.

Logo, peguei a chave e dei para ele.

— Valeu — Teo abriu a porta do motorista e eu dei meia volta no veículo, me sentando no banco do carona.

Uma vez acomodados dentro do carro, eu falei:

— Agora me fala o que aconteceu. Por favor...

E então, sem olhar para mim, Teo disse:

— Eu não sou mais o capitão — seus olhos encontraram os meus por breves segundos. — E eu saí do time.

— Tá brincando...

Teo me encarou dessa vez, sem um pingo de divertimento no olhar. Era a primeira vez que eu o vi tão cabisbaixo.

— Como assim? — perguntei. — Você...

— Eu fui proibido de voltar pro jogo porque saí da quadra — ele explicou. — Praticamente todo mundo votou contra mim e é isso. Tudo o que eu fiz por todos esses anos foi pra nada. Se eu soubesse que ia dar toda essa merda, eu nem teria tentado...

— Não fala isso — peguei em sua mão. — Você é o melhor jogador do time.

— Não mais — seus olhos ficaram lacrimejados. — Eu dei mais um motivo para o meu pai me humilhar enquanto aquele filho da puta do Pedro conseguiu tudo de mão beijada! Ele tirou tudo de mim, Elisa! — as lágrimas rolaram por sua bochecha e rapidamente eu o abracei.

Não Me Abandone Where stories live. Discover now