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Naquela mesma tarde, eu fiquei processando a informação que meu pai me contou sobre Pedro.

Além disso, a mensagem que ele me mandou estava matutando na minha cabeça. De repente, eu saí do meu quarto e em menos de cinco minutos, deixei o meu condomínio para trás.

Aproximadamente meia hora depois, toquei a campainha da casa de dois andares com paredes externas brancas e esperei.

Trinta segundos se passaram e nada.

Impaciente, toquei a campainha novamente e me escorei no batente da porta.

Vários instantes se passaram e ninguém veio me atender.

Olhei na direção da rua e como ninguém estava passando, girei a maçaneta da porta. E para a minha surpresa, a porta se abriu.

— Pedro? — chamei, escancarando ainda mais a porta e olhando na direção da sala. Não havia ninguém no cômodo.

A casa parecia não ter nenhuma alma humana.

Reuni o resto de coragem que me levou até ali e entrei, fechando a porta atrás de mim.

— Pedro — chamei mais uma vez. — Sou eu, a Elisa. Eu vim conversar.

Nenhuma resposta.

O local estava envolvido no mais completo silêncio. Provavelmente não deveria ter ninguém em casa.

Dei alguns passos até a escada, ouvindo apenas o barulho dos meus pés batendo no piso de madeira.

Olhei ao redor da casa. Todas as luzes estavam apagadas, mas a claridade da tarde que entrava pelas janelas iluminava todo o cômodo.

Comecei a subir os degraus da escada de um em um, deslizando a palma da mão no corrimão. Ao chegar no andar de cima, segui na direção de um dos quartos e me deparei com uma cama de casal de frente para a porta. Obviamente era o quarto dos pais de Pedro.

Saí do cômodo e caminhei até o próximo quarto. A porta estava entreaberta e eu a abri, me surpreendendo com o que estava em cima da cama.

Um conjunto de calça e camisa preta estava sobre o colchão, mas não era isso que chamou a minha atenção. Em cima desse conjunto estava a máscara do tão conhecido e temido palhaço.

Eu olhei para tudo aquilo com uma lâmpada se ascendendo sobre a minha cabeça e também com um sentimento de indignação.

Pedro estava por trás disso o tempo inteiro e só de eu concluir esse pensamento, chegava a ser ridículo de tão óbvio.

Mas a pergunta que não queria calar era: por quê? Por que Pedro fez tudo isso?

Avancei mais para dentro do quarto e tirei os olhos da fantasia de palhaço, observando algumas fotos impressas em cima da escrivaninha perto da cama.

Uma dessas impressões era uma foto que eu havia postado no meu Instagram no final do ano passado com todos os meus amigos: Victória, Marcela, Adam, Rafael, Teo e eu. Mas isso era o de menos, pois havia um grande X de canetão vermelho no rosto de Victória, de Adam, de Teo e no meu.

— Que merda é essa? — perguntei para eu mesma, pegando a foto.

Antes que eu pudesse refletir sobre todos aqueles X, mais uma foto chamou a minha atenção.

Era um dos nudes que enviei para aquele maldito.

— Nojento punheteiro! — Comecei a picotar a foto e joguei os pedacinhos no lixo ao lado da escrivaninha.

Em seguida, peguei meu celular no bolso da calça e tirei uma foto daquela foto bizarra marcada com vários X. Marcela e Adam precisavam saber disso. Quem sabe eles me ajudariam a descobrir o que Pedro estava aprontando.

Depois disso, girei nos calcanhares e me deparei com o armário. Sem pensar duas vezes, comecei a abrir as portas e encontrei várias camisetas penduradas no cabide. No instante seguinte, abri as gavetas e encontrei várias camisinhas, meias e cuecas, mas não havia mais nada que pudesse incriminá-lo.

Fechei as gavetas e bastou isso para o meu celular vibrar no bolso. Peguei o aparelho e deslizei o dedo na tela para visualizar a nova mensagem:

Marcela: A Camile está aqui comigo. Pq você não vem pra gente conversar? Eu nem te vi na escola hj.

Eu estava prestes a responder que eu estava fazendo uma investigação muito importante na casa de Pedro quando ouvi um barulho vindo do andar de baixo.

Merda, merda, merda!

Será que era ele?

Guardei o celular no bolso e varri os olhos pelo quarto, procurando uma saída. A janela estava aberta, mas eu não seria louca de pular do segundo andar. Não se eu não quisesse acabar pior do que Bianca.

Sem tempo para pensar em um esconderijo decente, me ajoelhei e me enfiei embaixo da cama de Pedro. Quase soltei um grito ao ver um palhaço horrendo me encarando, mas logo me dei de conta de que era mais uma máscara.

Tentei acalmar a minha respiração e ouvi alguns passos ressoando pelo piso. Pouco depois, um par de tênis apareceu no meu campo de visão e meu coração disparou.

Cobri a boca com a mão, evitando qualquer som que eu pudesse evocar enquanto os pés de Pedro se aproximavam da cama. De repente, ele se sentou sobre o colchão, seus pés bem à minha frente.

E agora? Como eu iria sair dali?

Então, como se fosse uma resposta para as minhas perguntas, ele ficou de pé e se aproximou da escrivaninha.

Mas certamente a sorte não estava do meu lado, pois meu celular vibrou de novo e eu desejei desaparecer dali.

Pedro voltou os pés na direção da cama e eu prendi a respiração dessa vez.

Ele ficou parado e só depois de alguns segundos que pareceram longos minutos, ele seguiu na direção da porta, saindo do quarto.

Eu soltei a respiração e esperei mais alguns instantes embaixo da cama. Quando eu tive quase certeza de que Pedro não ia voltar tão cedo para o quarto, saí de baixo da sua cama.

Querendo vazar dali o mais rápido possível, eu caminhei em passos rápidos e silenciosos até a porta e antes de sair do quarto olhei para os dois lados do corredor com o coração prestes a sair pela boca.

Assim que constatei que o corredor se encontrava vazio, deixei a adrenalina tomar conta de mim e deixei o quarto de Pedro para trás.

Eu estava chegando perto da escada quando uma forte pancada atrás da minha cabeça escureceu a minha visão, e tudo ficou em total silêncio.

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Ai, ai, essa Elisa 🤡





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