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As semanas passaram voando.

Desde o dia em que resgatamos Adam das garras do palhaço, ele parecia muito decidido em evitar Teo de todas as formas, desde contato visual até comunicação.

Era como se os dois nunca tivessem se conhecido.

E mesmo não tocando mais no assunto, eu sabia que Teo estava muito chateado com toda essa situação. Ele podia ser uma figura popular na escola, conversar com alguns colegas e tudo o mais, mas essas pessoas não chegavam nem perto em ser amigos de verdade, e a sua expressão desolada em alguns momentos confirmava isso.

Enquanto o novo professor de História, que por sinal, tinha uma didática monótona, estava ausente na aula por motivos desconhecidos, eu deixei Ruth e Marcela para trás e caminhei até o fundão.

Teo estava falando alguma coisa com Enzo, o traficante da sala, e quando me viu, ele interrompeu a conversa e ergueu o olhar.

— Atrapalho? — perguntei, sentando em cima da sua carteira.

— Não — Teo pousou a mão na minha coxa. — A gente só estava conversando sobre negócios.

— Sei... — Esbocei um meio sorriso, querendo não estender o assunto sobre drogas ilícitas. — Você sabe que o meu aniversário está chegando, não é?

— É claro que sei. — Ele cruzou meus dedos com os seus. — Dia 11 de setembro tá vindo aí.

— Isso. Finalmente vou poder pintar e bordar com você.

Teo riu, os olhos maliciosos.

— Eu mal posso esperar.

— Eu queria que todo mundo estivesse reunido no meu aniversário, sabe? A Vic... — Olhei ao redor da sala, percebendo Rafael batendo o maior papo com Pedro. — Até mesmo o Rafa.

— Esse aí já foi convertido pelo Pedroca. Sem chance, princesinha.

Suspirei e percorri os olhos pela sala novamente, notando a ausência de alguém.

— Cadê o Adam?

— Eu vi ele entrando na sala dos professores quando fui beber água.

— Vou falar com ele. — Saí de cima da carteira. — Já volto.

Deixei a sala de aula para trás e caminhei até o final do corredor, onde se encontrava a sala dos professores.

Primeiro pensei em bater na porta, mas logo percebi que não era necessário já que Adam estava ali. Sendo assim, girei a maçaneta dourada e abri a porta, me deparando com uma pessoa que eu nem imaginava encontrar justo ali, na sala dos professores.

Bianca estava de pé diante do monitor, os dedos sobre o teclado do computador e os olhos em alerta voltados na minha direção.

— O que você está fazendo aqui? — perguntei, entrando na sala e fechando a porta atrás de mim. — Veio roubar o gabarito da prova?

Ela respirou fundo e jogou os fios de cabelo ondulado para trás.

— Eu não preciso disso.

— Eu é que não preciso disso. — Comecei a me aproximar. — O que você está fazendo aí?

— Nada que seja da sua conta. Vaza logo daqui!

— É só o que você quer.

Conforme eu me aproximava, avistei uma foto um tanto familiar se destacando na tela do celular de Bianca. Comecei a suar frio ao perceber que a imagem era uma das fotos seminuas que eu enviei para Pedro naquele momento de burrice.

— Meu Deus! — Avancei na sua direção para agarrar o celular, mas Bianca foi mais rápida e o ergueu no ar. — Onde você conseguiu isso?

Bianca esboçou um sorriso lento e debochado antes de responder:

— Adivinha?

— Apaga logo isso ou eu...

— Ou o quê? — O sorriso dela se alargou enquanto ela deixava o celular longe de mim. — Eu não sabia que você dava pro Pedro. O Teo vai amar saber disso, não acha?

— Não fala o que não sabe, sua cretina!

— Cretina, não. É Bianca pra você. Essa sua cara de garota perfeita e imaculada não me engana! Agora eu tenho você na minha mão.

— Você é mesmo uma cobra, não é?!

Bianca me lançou um olhar superior e disse:

— Não fui eu que traí o meu namorado com outro cara. Aliás, se eu estivesse no seu lugar, eu nunca faria isso com o Teo.

Com a raiva à flor da pele, eu avancei na direção de Bianca na tentativa de pegar o celular, mas recebi um empurrão e caí contra a enorme mesa no meio da sala.

— Nem tente, Elisa. Agora o Teo vai ser meu e meu. Aceita.

— Vai nessa.

Eu me endireitei e me aproximei dela.

— Você vai me dar esse celular agora ou eu vou fazer da sua vida um inferno nessa escola!

Bianca desatou a rir, nem um pouco afetada com as minhas palavras.

— Está mais para o contrário, querida. — Ela guardou o celular prontamente no bolso de trás da calça do uniforme.

Eu a fulminei com o olhar e respirei fundo antes de agarrar o cabelo cheio de Bianca, tentando imobilizá-la para eu pegar o celular.

— Solta o meu cabelo, otária!

Eu a empurrei contra a parede e Bianca tentou tirar minhas mãos do seu cabelo, cravando suas unhas na minha pele sem piedade.

— Eu vou pegar esse celular nem que você arranque a minha pele!

— Me larga!

Ela começou a ir mais para o lado, tentando se desvencilhar de mim e quando eu estava prestes a tirar o celular do bolso da sua calça, Bianca se encostou no batente da janela aberta e jogou o corpo para trás, ficando fora do meu alcance.

Demorei alguns instantes para processar que ela tinha caído da janela.

Caído da janela do segundo andar.

Dei um passo para trás, soltando alguns fios de cabelo loiro que ficaram presos nos meus dedos e encarei a janela aberta com os olhos arregalados. As cortinas brancas balançavam com o vento, denunciando que Bianca estava na sala dos professores há poucos segundos atrás e agora não estava mais.

Merda.

Corri até a janela e meu estômago embrulhou no segundo em que pousei os olhos nas pernas de Bianca estiradas sobre os arbustos lá embaixo.

Merda, merda, merda.

Saí de perto da janela e girei nos calcanhares com as pernas bambas. Eu estava tão absorvida com o que tinha acabado de acontecer, que só percebi a figura parada na porta da sala depois de alguns segundos.

— Assassina — Guilherme disse, me fitando com os olhos arregalados.

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