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Minha mãe bateu na porta do meu quarto pela segunda vez e dessa vez, eu soltei um suspiro frustrado e decidi me manifestar:

- Eu não vou pra escola hoje! - gritei da cama.

- Por que não? - sua voz soou do outro lado da porta.

- Porque eu não quero - respondi.

- Abre essa porta, Elisa.

- Mãe, não adianta. Eu não vou.

- Abre a porta - ela ordenou com a voz firme.

Eu bufei e me esforcei para sair da cama, calçando meus chinelos de má vontade.

Abri a porta para a minha mãe e voltei para cama, me enfiando embaixo da coberta.

- Posso saber por que você não quer ir  hoje? - ela perguntou, já pronta para trabalhar usando roupas formais e sapatos de salto alto.

- Eu já disse.

- Eu quero um motivo - ela me encarou, de pé ao meu lado.

Soltei mais um suspiro.

- Eu não quero ver a cara de ninguém daquele colégio.

- E por que não? Eles fizeram alguma coisa com você?

- Fizeram sim - falei, impaciente. - Fizeram questão de mostrar que eu não sou bem-vinda por lá.

- O que aconteceu?

- Aconteceu que eu não tenho amigos, mãe. Eles só andam comigo porque são um bando de interesseiros ridículos!

- Ei - meu pai entrou no quarto de repente. - Por que essa revolta toda?

Minha mãe olhou para ele e disse:

- Estão excluindo ela na escola.

- Como assim estão te excluindo? - meu pai olhou para mim, intrigado. - E seus amigos?

Não acredito que eu teria que explicar tudo de novo.

- Não tenho amigos - falei sem o menor ânimo.

- Como não? E a Victória, a Marcela...

- Pai, nem me fale da Marcela - eu o interrompi. - Ela é uma cobra.

- Uma cobra? - ele repetiu. - Ela é sua amiga.

- Não! Não é! Ela fez de tudo pra me humilhar na frente de todo mundo! - meus olhos começaram a ficar marejados. - Por isso eu não quero ir pra escola!

- E por que ela fez isso com você? - ele quis saber.

- Você deveria perguntar por que ela ficou tão má. Ela até me bateu na Educação Física.

- A gente vai ter que conversar com o Samuel e a Aurora - minha mãe disse para o meu pai.

- Primeiro a gente precisa conversar com a Marcela - meu pai disse, pensativo.

- Agora que vocês entenderam o que aconteceu, eu posso voltar a dormir? - perguntei.

- Tudo bem, você pode faltar - meu pai disse. - Mas se alguém mexer com você de novo, pode me chamar que eu resolvo.

Eu assenti. Logo, minha mãe me abraçou e disse:

- Não fica assim, Lisa. Eu tenho certeza que você vai fazer amigos verdadeiros.

Eu fiz que sim com a cabeça e assim que meus pais sairam do meu quarto, eu deitei a cabeça no travesseiro e fiquei pensativa sobre o que aconteceu comigo ontem.

Não Me Abandone Where stories live. Discover now