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Acordei com um barulho na porta do quarto.

Abri os olhos na pouca escuridão do cômodo, esperando ver minha mãe ou meu pai, mas a figura que se projetou perto da porta não era nenhum dos dois.

Sentei na cama e pisquei algumas vezes, acostumando meus olhos à escuridão acinzentada e quando reconheci a tal figura, fiquei boquiaberta.

Caminhando na minha direção com o uniforme do colégio, o celular na mão e a minha foto nua se destacando na tela, Bianca me fitou, com olheiras profundas se destacando em seu rosto. Em seguida, ela esboçou um sorriso sádico e disse:

— Agora todos vão saber quem você é.

— Como você entrou aqui?

— Não te interessa. O que importa é que todos vão saber quem você é.

— Não! Você não pode fazer isso comigo!

— É tarde demais, Elisa.

Eu tentei tirar as cobertas de cima de mim, mas eu não consegui mover um músculo. Era como se minhas mãos e minhas pernas estivessem paralisadas e duras, incapazes de sair do lugar.

— O que está acontecendo? — gritei em pânico. — O que você fez comigo?

Bianca começou a rir da minha situação, sua risada ecoando pelas paredes do quarto.

— Me ajuda!

E sua risada ficou tão alta que meus ouvidos até doeram. Fechei os olhos com força e meu corpo deu um pulo na cama.

Quando abri os olhos, me vi deitada na minha cama, com o coração disparado e nenhum sinal de Bianca no meu quarto.

Olhei ao redor e só então me dei conta de que era tudo um sonho. Ou melhor, um pesadelo.

Respirei aliviada e o alarme do meu celular começou a tocar, marcando 7 horas da manhã.

Assim que o meu pai me deixou no portão do colégio, eu caminhei entre os alunos parecendo uma morta-viva. O acidente de Bianca, os nudes no celular dela, a acusação de Guilherme e para piorar, aquele sonho macabro, não saíam da minha cabeça.

Entrei na sala de aula e sentei no meu lugar de costume, esquecendo de cumprimentar minhas amigas, pois Marcela perguntou:

— Sabia que é falta de educação não cumprimentar as pessoas?

— Desculpa. — Comecei a tirar o caderno da mochila. — Bom dia.

— O que está acontecendo, Lisa? — Ruth perguntou. — Você parece tão distante.

Eu estava prestes a inventar uma desculpa esfarrapada quando a voz de Teo salvou o dia:

— Bom dia, ladies. — Ele se inclinou na minha direção e deu um beijo na minha bochecha antes de encostar suas pernas compridas na minha mesa. — Qual é a boa?

— A sua namorada está estranha — Marcela respondeu.

Teo me lançou uma olhada rápida e disse:

— Ela está com cólica. — E eu fiquei surpresa com a mentira que saiu da sua boca.

Marcela riu e comentou:

— Que bonitinho você falando essas coisas de mulher.

Teo revirou os olhos.

— Eu tenho uma mãe e uma irmã, se você não sabe, Barbie.

— Eu sei, mas achei que você fosse bem bocó com essas coisas.

— E eu achei que você fosse mal loira burra... Ah, não, espera. Você é mesmo.

Não Me Abandone Where stories live. Discover now