Não Me Abandone

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Depois que eu destruí a minha prova, decidi me refugiar no canto mais escondido e solitário da biblioteca. Peguei um livro e folheei algumas páginas, lendo um pouco enquanto eu esperava a hora passar.

Eu não ia voltar para as outras aulas.

Não ia mesmo.

Eu não queria ver a cara de ninguém, muito menos a de Pedro, de Marcela e de Teo.

A única coisa que eu queria era sumir daquele colégio e nunca mais voltar.

Eu poderia muito bem fazer isso agora, mas acontece que a minha mochila ainda estava na sala de aula e eu não ia voltar lá e encarar aquele bando de desgraçados.

Sendo assim, o que me restava era esperar.

Quando o sinal da saída tocou, eu saí da biblioteca me sentindo ainda mais destruída por dentro e como minha barriga estava roncando de fome, eu dei uma passada na cantina e comprei um lanche.

Como eu era a única pessoa comendo sozinha no refeitório, peguei meu celular e notei algumas notificações de mensagens no WhatsApp. Essas mensagens eram de Victória e de Adam.

Desliguei a tela do celular, ignorando as mensagens e soltei um suspiro frustrado.

Era impressionante como a minha vida virou de cabeça para baixo em menos de uma semana.

- Finalmente te encontrei.

De repente, Pedro apareceu na minha frente, se sentando do outro lado da mesa.

- Quem te chamou aqui? - eu retruquei.

- Eu só quero conversar, Elisa - Pedro disse, com uma expressão séria.

- Mas eu não. Agora sai da minha frente.

- Eu não vou sair. Você nem sequer me escutou, eu só quero me explicar.

- Isso não tem explicação, sabe por quê? - eu o encarei com raiva. - Porque você não passa de um filho da puta!

Eu fiquei de pé e comecei a lhe dar as costas, largando metade do meu lanche em cima de mesa.

Porém, quando eu dei um passo à frente, puxaram meu braço por trás.

- Isso ainda não acabou - Pedro disse atrás de mim.

Eu olhei para trás e fiz ele soltar o meu braço de forma brusca.

- É melhor você me deixar em paz, caso o contrário, eu não vou facilitar pra você - avisei.

Pedro riu e disse:

- E o que você vai fazer? Vai contar para o seu papai?

Ah, que desgraçado!

- Eu deveria mesmo - falei. - Pelo menos, tenho certeza de que ele ia quebrar a sua cara.

- Você é mesmo fútil e mimada, não é? - ele me encarou, o ódio estava explícito nos seus olhos. - Eu não queria acreditar, mas agora eu vejo a garota oca e frívola que você é. A Marcela consegue ser uma pessoa muito melhor que você. Pelo menos, ela não se acha superior a tudo e todos.

Depois de dizer isso, Pedro passou por mim e me deixou para trás com as suas palavras se impregnando na minha mente.

Eu fechei os olhos, bloqueando minhas lágrimas que estavam prestes a escapar e respirei fundo tentando esquecer o que acabei de ouvir, mas foi sem sucesso.

Logo, resolvi subir até a minha sala para pegar minha mochila e vazar daquela merda de escola com seus alunos de merda.

A porta da sala de aula estava fechada, o que significava que não tinha mais ninguém lá dentro.